sábado, 31 de maio de 2025

O MESSIAS


"Nos últimos dias tem-se falado (ainda mais) das próximas eleições no Sport Lisboa e Benfica e, naturalmente, dos candidatos às mesmas. Este tópico parece ter atingido o seu pico após a capa do jornal A Bola que nomeia os potenciais (para já) 7 candidatos. As redes sociais incendiaram-se na defesa do candidato preferido de cada Benfiquista e no ataque ao(s) candidato(s) de menor agrado.
Estas atitudes preocupam-me enquanto sócio e Benfiquista, pois quer uma quer outra parecem-me convergir no reflexo daquilo que é uma mentalidade pertinente de abordar: a busca desesperada de um Messias para o Benfica. Alguém que só ele poderá salvar uma instituição centenária como o Sport Lisboa e Benfica. Tenho assistido ao endeusamento de (supostos) candidatos desconhecendo os atuais planos, visão e equipa executiva dos mesmos, apenas porque alguém que o acha o mais indicado para o cargo sente a necessidade de o colocar num patamar de omnipotente.
Esta mentalidade, não sei se Portuguesa se Benfiquista, tem que ser eliminada do clube. Há candidatos que serão mais ou menos capazes, com um currículo mais ou menos adaptado às exigências do futebol moderno (ou rodeado de quem o tenha), mas o que tenho sentido é um verdadeiro culto ao líder. Um seguimento messiânico cego que tantas vezes foi e é criticado aquando doutros líderes idos.
Não quero com isto dizer que estou contra os tão falados "timings" das apresentações das candidaturas (qualquer timing para mim é bem-vindo), tão pouco que se discutam candidatos e ideias. É vital para a instituição Benfica que haja este interesse quer dos candidatos pelo cargo quer dos sócios pelo assunto, e é mais importante ainda que se examinem as propostas de cada candidatura ao detalhe. O que me desagrada é o tom de evangelho com que o tema é discutido.
O Sport Lisboa e Benfica dará, espero, um bom exemplo de democracia em outubro (ou ainda antes), com um tremendo número de votantes e até de candidatos, só peço aos meus consócios que aprendamos com os “nossos” erros. Os últimos 30 anos mancham os pergaminhos do Incomparável, mas somos nós quem tem a capacidade e a obrigação de fechar este ciclo e inverter a tendência. Está nas nossas mãos, e não nas de alguma divindade. Saibamos escrutinar desinteressada e racionalmente os programas eleitorais e os consócios pretendentes ao cargo que qualquer um de nós sonhava ter o privilégio de exercer.

Quantos mais candidatos, projetos, ideias os sócios tiverem por onde escolher, mais hipóteses teremos do Benfica voltar aos patamares nos quais devia estar sempre. Mais candidaturas são motivo de orgulho e de maior responsabilidade na escolha, nunca motivo de medo, até porque pluralidade é Benfica, e o Benfica nunca pode ter medo de ser Benfica."

João Francisco, in Benfica Independente 

BENFICA GRITA, SPORTING CALA-SE E O DESPORTO PERDE

 


O comportamento violento de Matheus Reis sobre Andrea Belotti tem sido alvo das mais variadas análises e contestações. Hesitei em abordar o tema, normalmente tendo a escolher o menos óbvio, mas este artigo contraria exatamente essa tendência e, sim, vou falar do tema quente do momento.

Este artigo procura então compreender o comportamento de Matheus Reis (e reforço como tantas vezes tenho feito, compreender não é sinónimo de aceitar), bem como tudo o que tem acontecido desde então. O comportamento violento de Matheus Reis insere-se claramente no domínio da agressão hostil – aquela que é movida por uma intenção de causar dano físico imediato, desencadeada por uma resposta emocional intensa, neste caso, frustração.
No contexto de um jogo de elevada carga emocional como uma final, onde os atletas vivem num estado de constante ativação e onde a derrota representa mais do que apenas um resultado, mas também uma ferida no ego, os limites do autocontrolo ficam mais ténues. A equipa perdia, o tempo escasseava, e a perceção de injustiça provocada pelo antijogo levado a cabo pelos jogadores do Benfica aumentava a tensão emocional.
Segundo a teoria da frustração-agressão, quando um objetivo desejado (neste caso, a vitória) é continuamente bloqueado, o indivíduo acumula tensão, que pode transbordar em atos deliberados de violência e foi exatamente a isso que assistimos.
Apesar deste comportamento ser menos racional e mais impulsivo, e, como tal, dificilmente de ser prevenido apenas com punições ou medidas disciplinares tradicionais, isto não implica que deve passar em branco, muito pelo contrário. Quando comportamentos violentos são tolerados, minimizados ou até glorificados (como frequentemente acontece no desporto e já assistimos a outros momentos iguais no passado), os atletas percecionam uma margem de impunidade. Se um jogador observa que colegas ou adversários são violentos e pouco ou nada lhes acontece, pode incorporar esse comportamento como legítimo, sobretudo num momento de frustração.
Se o comportamento de Matheus Reis não for punido de forma exemplar e publicamente clara, o risco é que outros o imitem, legitimando um ciclo de violência por modelagem, o que não é uma novidade. Neste sentido a punição disciplinar deve ser exemplar não só para o atleta em si, mas como uma medida pedagógica mais ampla. Contudo, esta atuação rigorosa desejada não poderá cingir-se apenas a este caso por ter repercussões mediáticas, sobretudo por se tratar de uma final, não para servir de modelo, mas sim de alerta para futuros comportamentos igualmente violentos.
Adicionalmente, a frustração não é desculpa, mas é explicação. E, para prevenir estas situações, é necessário intervir a montante: educar para a regulação emocional e promover estratégias de coping eficazes em situações de alta pressão competitiva.
Na minha opinião, o Sporting já deveria ter vindo a público manifestar-se sobre a conduta de Matheus Reis, não apenas como forma de distanciamento institucional do ato violento em causa, mas sobretudo para reafirmar os valores que o clube diz defender. O silêncio neste tipo de situações é altamente prejudicial, pois pode ser interpretado como tolerância ou, pior ainda, como cumplicidade passiva.
Ao não se pronunciar, o clube perde uma oportunidade clara de educar os seus atletas, adeptos e a sociedade em geral, transmitindo a mensagem de que comportamentos antidesportivos e agressões não representam – nem nunca poderão representar – os princípios que devem nortear uma instituição com a sua história e responsabilidade social.
Por outro lado, o Benfica tem expressado de forma veemente a sua indignação e repúdio por este comportamento violento, atitude que, na minha perspetiva, tem sido comunicada de forma exagerada. Este tipo de reação pode ser interpretado de duas formas distintas. Por um lado, poderá tratar-se de uma manifestação reativa à frustração acumulada, onde os comunicados oficiais, queixas e sucessivas retaliações funcionam como válvula de escape emocional. Uma agressividade simbólica que reflete a tensão interna de uma época desportiva claramente abaixo das expectativas.
Por outro lado, esta postura poderá ser também lida como uma estratégia de comunicação muito bem delineada. Ao dramatizar e prolongar mediaticamente o incidente, transformando este episódio num catalisador de união emocional, o Benfica consegue mobilizar os seus adeptos e sócios em torno de um inimigo comum, criando um efeito de coesão interna que desvia atenções de temas potencialmente mais sensíveis. Entre eles, questões como a avaliação do desempenho da equipa ao longo da época, os insucessos nas competições, as futuras eleições ou ainda a continuidade do treinador Bruno Lage.
Este tipo de narrativa de confronto externo é frequentemente utilizado em contextos de crise para reorientar o discurso público e proteger a liderança, criando um campo discursivo onde a identidade e a emoção prevalecem sobre a análise racional do insucesso. Assim, aquilo que à superfície parece apenas indignação legítima, pode também traduzir uma operação calculada de gestão de danos e reposicionamento institucional.
Uma coisa é certa, se queremos que o desporto continue a ser um instrumento de formação ética e social, então, atos como este não podem passar impunes e não podemos manifestar a nossa indignação apenas quando a sua impunidade não nos beneficia a nós. Infelizmente este não é um ato isolado, é um sintoma de uma cultura desportiva que, em muitos momentos, continua a tolerar e até a valorizar a violência.
Liliana Pitacho, in a Bola

BENFICA PRECISA DE UM AMANHÃ PARA ONTEM

 


"Mil Novecentos e Porco:
A festa no Jamor é dos momentos, se não o momento, mais icónico do futebol português. Numa sociedade, num desporto e numa indústria em que tudo muda e as tradições vão se perdendo, uma resistiu, tal como a aldeia do Ásterix e do Óbelix, contra o Império Romano. A final da Taça de Portugal no Jamor. Resiste à natural degradação de um estádio antigo, para não chamar velho, às dificuldades de acessos e segurança dada a envolvência do campo e acima de tudo resistiu ao provincianismo de Pinto da Costa que muito lutou para tirar a final de Lisboa (de forma simbólica, porque como bem sabemos, aquilo nem em Lisboa é).
Foi a primeira vez que vivi algo que cresci a ver e invejar pela televisão. Acordar, ir para lá às 8h e tal da manhã, estacionar o carro já bem longe, andar meia-hora a pé e chegar ao lugar combinado. Um lugar combinado onde em grupos de whatsapp se combinou que comeríamos um porco e beberíamos cerveja. Muita cerveja. Éramos mais de 100 pessoas inscritas, com pulseiras para entrar e o mais incrível foi reparar que conhecia a grande maioria das pessoas (num grupo de 100). O Benfica, mas até numa vertente mais lata, o futebol, permite ser o pretexto para algo que vai muito além das suas fronteiras. Movidos por uma paixão comum, ali estivemos 8 horas até o jogo começar e mais umas horas depois do jogo acabar. Parecem muitas horas? Pois passam a voar. Fala-se de tudo e não se fala de nada. Fala-se do Benfica e fala-se da vida. Fala-se de coisas divertidas e dores profundas. Fala-se com amigos de longa data e amigos de curta data. Fala-se com caras novas e caras que vemos todos os dias. E diz-se asneiras, faz-se parvoíces e guardam-se memórias que serão faladas durante muito tempo. Abençoado futebol.
Mil Novecentos e Noventa e Dez:
Estava tudo a correr tão bem. Ou relativamente bem. Sem fazer uma super exibição, o Benfica foi claramente a melhor equipa em campo no Jamor. Dominou o jogo, criou ocasiões e não permitiu qualquer ocasião ao Sporting. A equipa leonina e a sua bancada pareciam resignadas ou cansadas dos festejos. Chegamos à vantagem, chegamos a dar um check-mate com o 2º golo, mas o VAR veio fazer respiração boca-a-boca ao leão e salvou-os do knockout. Durante os segundos daquele festejo vi o Otamendi a levantar a taça, a festa vermelha no Jamor e tudo estava mais ou menos bem. Na superfície, que na profundeza o Benfica continuaria a ser um clube profundamente doente. Mas seria uma tarde divertida, uma conquista há muito esperada, a que se juntaria a Taça da Liga, ainda com o Mundial por chegar e ficava só a tristeza do falhanço no campeonato.
Mas tinha que acontecer o karma do Benfica. Às vezes parece que há um argumentista portista ou sportinguista que insiste em punir os benfiquistas. Mesmo tão perto do fim, a ingenuidade e a burrice de sempre dos jogadores do Benfica. Tal como tinha sido com o Arouca. Ou com o Barcelona. Ou com o Kelvin. Que outro clube no mundo a vencer uma final aos 90 e muitos minutos sofre um golo de contra-ataque, quando vários jogadores tiveram a oportunidade de fazer falta e parar uma das últimas jogadas do adversário, antes do árbitro terminar o encontro? Seria de arrancar os cabelos, caso o cronista ainda os tivesse. Depois, no prolongamento foi a queda habitual de uma equipa, clube e estrutura que já provou "time and time again" que não tem estofo mental nem competitivo para encher um balão quando ele esvazia. Infelizmente, o Benfica dos últimos 30 anos não tem a capacidade nem de fazer muitas boas épocas, nem a capacidade de vencer troféus importantes em épocas menos boas. Há 30 anos que o Benfica é grande apenas no papel. Pode continuar a ser o maior, mas quase nunca é o melhor.
Mil Novecentos e Comunicado:
Foi chocante a arbitragem. O golo anulado, as decisões sempre a penderem para o mesmo lado, os 10 minutos de desconto e claro aquelas agressões bárbaras ao Belotti. É chocante como o árbitro não viu, mas passar também ao lado do VAR é inaceitável. É o escândalo do ano e tem que ter consequências muito, muito graves. Para o jogador e para o árbitro VAR. É um lance demasiado claro e demasiado decisivo para poder passar impune.
Agora...a reação do Benfica? Aquele comunicado? Perdoem o português mais rasca, mas não me lixem! Depois de meses a dizer aos sócios (em todas as Assembleias, por exemplo, quem lá esteve, sabe que é verdade) que não se pode ir contra a maré, que não se pode ir contra a maioria na auto-estrada, que o caminho é o dos consensos e das alianças, contra a revolta dos sócios e adeptos que diziam que esse é o caminho errado, que quem não sente, não é filho de boa gente, agora uma arbitragem, um lance faz aqueles senhores dirigentes dos bafientos gabinetes do Estádio da Luz em poucas horas virarem o bico ao prego e agora já dizem que são contra a centralização dos direitos televisivos, que a seleção nacional já não joga na Luz e que estão muito revoltados e chocados com a arbitragem, com a Liga e com a Federação? E dizem e fazem tudo isto só depois da época terminar? Agora? Para quê, Rui Costa? Há umas eleições a chegar e ficámos em pânico, não é, caro Maestro e quem te acompanha? O que leva ao próximo ponto.
Mil Novecentos e Quatro:
O mandato de Rui Costa é uma desgraça completa. Conseguiu ainda ser pior Presidente que Luís Filipe Vieira. O Benfica está pior financeiramente, está pior nas modalidades, está pior no seu peso nos círculos de influência, está pior no futebol. Vence apenas 3 troféus em 16 em disputa, apenas 1 campeonato em 4 anos de mandato. Zero Taças de Portugal. Como pode sequer pensar em se recandidatar? Com que argumentos, que não seja o de querer se propagar no poder? Ele e quem o acompanha, muitos há décadas e décadas agarrados aos mesmos lugares de sempre. Aliás, não devia até já ter convocado eleições antecipadas? Se não se recandidata, como vai preparar nova época? Porque lá está...ele vai-se recandidatar. Ou está a ser-lhe muito difícil admitir que não o devia fazer. Ou que pode perder as eleições e sair pela porta pequena. Ainda mais pequena que a que já irá sair.
Basta. Estamos fartos. Somos uma grande massa associativa e queremos apoiar o clube sempre. De forma talvez ingénua, queremos acreditar que iremos ser felizes, que é nossa obrigação não atirar a toalha ao chão antes dos objetivos falhados, mas agora chegou a altura de dizer (mais uma vez) e isto é para ti benfiquista que estás a ler, que não é aceitável andarmos com maus presidentes há 30 anos, andarmos sem conseguir ser de forma consistente os melhores em Portugal, de sermos geridos por merceeiros que todos os anos desfazem a equipa de futebol e infelizmente nalgumas situações, inclusive por pessoas que lesaram financeiramente o clube. Em outubro o Benfica tem que ter o seu 25 de Abril. Uma revolução. Uma página nova. Varrer aqueles bafientos gabinetes todos e entrar finalmente por ali sangue novo. Sangue benfiquista sem vícios e mais competência. Que quem vem com boas intenções se candidate e os sócios optem pela mudança. Esperemos para ver a equipa e o programa de João Diogo Manteigas, Noronha Lopes e mais candidatos que apareçam e votemos em consciência. Mas votemos pela mudança.
Derrotas como a de domingo têm que ser um abre-olhos, permitir ver além da espuma dos dias e tomar novamente consciência que o Benfica continua profundamente doente e precisa de um novo amanhã. Para ontem. Ou quantas mais estaladas são precisas?"

Filipe Inglês, in ZeroZero

sexta-feira, 30 de maio de 2025

QUANDO OS SANTOS DA CASA NÃO FAZEM MILAGRES

 


"Enquanto tivermos o nosso clube entregue aos Filipes, súbditos de Vieira nada pode ser diferente do que constatamos.
No Benfica cultiva-se o endeusamento do indivíduo, em particular de quem o lidera. O problema é cultural e existe não só na base como na respectiva estrutura que decide o destino do mesmo.
Neste momento, o Benfica é omisso de um líder forte que defenda o clube quando este se encontra em apuros ou está a ser vilmente atacado pelos seus adversários que o tratam desportivamente como se fosse para abater assim como na guerra que assistimos na Ucrânia Vs Rússia, qual “hipérbole”.
Qualquer ser humano e instituição não se podem comportar de forma benevolente e com parcimónia, quase afetuosa, hesitante e muda perante as agressões diárias de que é objecto por parte de quem a quer destruir.
Os adversários do Benfica sempre se comportaram como inimigos, portanto quando os máximos dirigentes do Benfica fazem declarações como que nós não estamos dispostos em ir em sentido contrário mesmo que isso prejudique o clube diz tudo em relação aos mesmos.
O que me leva ao seguinte as instituições que nos tratam como inimigos há muito tempo que se aperceberam que matar a galinha dos ovos de Ouro o Sport Lisboa e o Benfica os iria diminuir a curto prazo e provavelmente colocar a nu não só a sua insignificância e razão de existirem que é o ódio ao Benfica e não o Amor às suas respectivas instituições, portanto será sempre do seu interesse um SLB moribundo mas aparentemente vivo e de boa saúde.
Assim sendo é fulcral e importante que o Benfica fique cativo dos seus direito televisivos, a centralização tem apenas o objectivo de manter o Benfica manietado e instrumentalizado pelos seus opressores.
Vivemos numa era onde o medo da mudança foi incutido não só nas nossas vidas como em tudo em seu redor.
O que nos é transmitido pela comunicação social e os respetivos influenciadores da opinião pública é que o Benfica é uma instituição que tem que aguentar tudo e permanecer calada mesmo que isso signifique que lhe sejam retirados direitos de jogar com as mesmas regras que os seus ditos adversários, temos sido objecto de todas as patranhas e maldades possíveis dentro e fora dos recintos desportivos, por todos os quadrantes da nossa sociedade, desde as entidades para a regulação do desporto em Portugal, respectivas federações, as entidades para regulação da comunicação Social, CMVM, Anacom e poder Politico.
Tudo e todos maltratam o nosso clube porque quem o lidera não se dignifica a impor respeito à maior instituição desportiva do nosso país e da diáspora."

Ricardo Valério, in Benfica Independente

NA FINAL DA LIGA BETCLIC PELA QUARTA ÉPOCA CONSECUTIVA

 


Apesar do apertão, e susto, que sofreram da Ovarense após o intervalo, as águias apenas necessitaram de três partidas na semifinal para superar o conjunto de Ovar. Agora segue-se FC Porto ou Sporting.

Tricampeão nacional, o Benfica está na final da Liga Betclic pela quarta temporada consecutiva ao ter ido a Ovar, esta quinta-feira, bater a Ovarense no Jogo 3 da meia-final do play-off por 80-89 (8-22, 20-25, 35-14, 17-28), As águias, que se mantêm invictas na segunda fase depois de terem eliminado o V. Guimarães na ronda inaugural (2-0), terão agora espera do desfecho entre FC Porto e Sporting, que tem amanhã o Jogo 3 em Alvalade, com os nortenhos a liderarem a série por 2-0.

TEMPO DE RUTURA

 


Um dos artigos mais difíceis que escrevi. Aqui fica para quem não tem assinatura no Observador.


Tempo de Ruptura

"Há coisas que ultrapassam todos os limites", disse ontem Rui Costa aos jornalistas, depois da derrota na final da Taça de Portugal. Sim, ultrapassaram-se todos os limites. Mas não apenas no campo. Este domingo, o Benfica não perdeu apenas uma final. Perdeu-se, também, a última réstia de esperança numa presidência que chegou ao fim sem deixar obra feita. O que vimos foi a confirmação de um ciclo falhado, marcado pela ausência de liderança e de rumo.

É difícil escrever isto. Difícil porque, como qualquer benfiquista, habituei-me a ver Rui Costa como símbolo de talento, entrega e mística. Mas o respeito pelo passado não pode justificar a continuação de um presente sem direção. E exige-se, a quem ocupa esse lugar, muito mais do que esforço ou boas intenções. Nestes últimos quatro anos, em que lhe foram oferecidas condições únicas para governar, Rui Costa tornou-se, ele próprio, um fator de instabilidade. Ora vejamos: o clube passou a estar ainda mais dependente da venda de jogadores para alcançar a sustentabilidade financeira. Teve mais treinadores do que títulos. E mais administradores da SAD a sair do que conquistas alcançadas. Manteve-se refém de interesses externos e de circuitos que deveriam ter sido cortados. Não reteve muitos dos seus principais quadros internos. Não lançou uma única infraestrutura relevante.

Ao longo dos últimos anos, tentei contribuir de forma construtiva para o clube, com ideias, propostas e com o livro A Nossa Camisola, onde procurei pensar o Benfica de forma exigente e ambiciosa. Infelizmente, o modelo de clube estagnou. Os erros repetem-se. Os discursos sucedem-se. E o Benfica continua entregue à inércia.

Tal como defendi em A Nossa Camisola, o problema vai além do Benfica. É também do futebol português. Depois de uma das finais mais escandalosas da história das competições nacionais, o clube não protestou o jogo nem exigiu a erradicação do VAR, Tiago Martins. E, quando o maior clube português não age, o sistema agradece. Não podemos continuar a tapar os olhos.

O futebol em Portugal está capturado por vícios estruturais e poderes instalados que bloqueiam qualquer tentativa de modernização. Os regulamentos são aplicados de forma desigual. As decisões disciplinares carecem de critério. A arbitragem permanece opaca e sem responsabilização. A centralização dos direitos televisivos está parada. As instituições que regem a modalidade são geridas sem rumo, tornando-se meros espaços de acomodação, onde se protegem equilíbrios e se evitam conflitos.

Este sistema não serve o futebol. Muito menos serve o Benfica. O clube não pode continuar a competir em competições sem credibilidade. E tem de agir perante a erosão da verdade desportiva.

Faltam ideias. Faltam reformas. Falta coragem. E o Benfica, que deveria ser protagonista dessa mudança, tem sido cúmplice por omissão. Hoje, mais do que nunca, é claro: se não formos nós a liderar esta transformação, não será ninguém.

O que está em causa é uma ruptura. E essa ruptura exige coragem e visão. Não se trata de um gesto impulsivo, mas de uma exigência institucional. Se o Governo continuar ausente, se a Liga e a Federação persistirem na opacidade e na conivência com o imobilismo, então o departamento jurídico do Benfica terá de analisar todas as hipóteses, incluindo ponderar a continuidade do clube nas competições nacionais. Liderar também é saber dizer basta. Com firmeza, com clareza e com autoridade.

Chegou o tempo da coragem. E essa coragem começa por reconhecer aquilo em que se falhou. Não há tempo a perder com dirigentes da velha guarda nem com candidatos que têm medo de incomodar. A ruptura não se faz com conciliadores, nem com perfis de diplomata. Faz-se com quem está disposto a enfrentar interesses, a incomodar poderes instalados e a liderar com firmeza. Chegou o momento de romper com o que falhou e construir, com exigência, um novo ciclo.

Competência, ambição, coragem, exigência e respeito. São estas as cinco condições essenciais para voltar a vencer. Quando estão presentes, constroem-se equipas, instituições e campeonatos. Quando faltam, colecionam-se desculpas. Rui Costa teve tempo, teve legitimidade, teve meios. Faltou-lhe o essencial: visão estratégica e capacidade de ruptura. Quem ama o Benfica, como ele ama, terá sempre lugar no clube. Mas não é à frente dos seus destinos.

Neste momento, a melhor decisão que compete à atual direção é apenas uma: demitir-se em bloco e permitir que o clube avance, de imediato, para eleições. O Benfica já perdeu tempo demais.

Precisamos de um Benfica capaz de se modernizar por dentro e de transformar o futebol por fora. Um Benfica que lidera sem hesitar, que protege os seus interesses sem medo e que constrói o futuro com seriedade. Esse é o compromisso que hoje se exige — um compromisso à altura do amor à nossa camisola, que deve estar sempre acima de qualquer agenda pessoal ou ciclo dirigente.

O Benfica tem de estar sempre em primeiro.

Mauro Xavier, in o Observador

quinta-feira, 29 de maio de 2025

É INDIGNO BATER NUM HOMEM QUE JÁ ESTÁ CAÍDO



Não, Maxi Araújo, não é futebol, como disse a A BOLA. E não Matheus Reis, não me leve a mal que não acredite na tese do desequilíbrio e a lei da física a provocar o pisão na cabeça de Belotti como tentou justificar. Mesmo que aceitasse essa versão, porque não pediu desculpa na hora? Porquer até se brincou com isso nos festejos? Se só de ver até a mim me doeu...
O que se passou no Jamor foi quebrar de regras que vão muito além das do próprio jogo: o respeito por um camarada de profissão; a defesa da integridade física de uma pessoa; a lealdade até no confronto. É indigno bater num homem que está no chão. Diz-se no Brasil que «bom de briga é aquele que cai fora...» Mas mesmo nos casos em que lutar é não só inevitável como até obrigatório para que o «cair fora» não seja dar espaço à injustiça, não se agride um homem que não só não cometeu qualquer crime – estava a fazer o que todos fazem quando estão a vencer à tangente a poucos minutos do fim - como estava já no chão.
Este caso pode mesmo contaminar de forma significativa o futebol português. Isto porque o Benfica está por tudo, já se percebeu. Confesso que não me parece bluff. E o Benfica tem a força para fazer estragos. Desproporcional as medidas anunciadas? Claro que sim. Mas potencialmente demolidoras, bloqueando, por exemplo, o processo da centralização da venda dos direitos televisivos, já de si tão frágil e pouco prometedor.
Se o Benfica tivesse ganho 1-0 emitiria o mesmo comunicado? Claro que não. O Benfica está a ser irracional e desproporcional? Está sim. É uma resposta emocional e preocupante: não existe adversário mais perigoso do que aquele que está por tudo e acredita que não tem muito a perder.
É claro que também não há um adulto na sala que ponha termo a isto. Alguém me explica, como se eu tivesse seis anos, porque ainda ninguém veio explicar como foi possível o VAR não ter visto a agressão? Para mais o nosso melhor VAR, Tiago Martins, e um dos mais conceituados a nível europeu? As teorias conspirativas alimentam-se do silêncio e da falta de esclarecimentos. Há anos que muita gente critica a absurda política de silêncio em redor da arbitragem. Absurda. Este silêncio no mundo da arbitragem mata mais os árbitros e o futebol que todos os comunicados incendiários que os clubes possam emitir. Mesmo que não queiram que Tiago Martins fale – e tenho a certeza que até quereria falar – pelo menos o Conselho de Arbitragem tem mesmo de dar uma explicação. Tem. Ponto final.
Este caso pode abalar as relações entre Benfica e Sporting? Isto depois até do bonito gesto de Frederico Varandas ao elogiar o Benfica na homenagem da câmara e perante os assobios dos próprios adeptos? Pode. Depende do Sporting. Se eu fosse presidente dos leões emitiria um pedido de desculpas, implicitamente condenando a atitude de Matheus Reis. É na autocrítica e no castigo dos nossos que melhor se testa os princípios morais que apregoamos. O Sporting não pode fingir que não viu.
Questionam os sportinguistas: os jogadores do Benfica não fizeram já o mesmo? Então o Benfica já não se lembra, no passado mais recente para não ter recuar muito, do soco de Di María na cara de Pedro Gonçalves? Certo, mas estes exercícios têm como único resultado deixar tudo na mesma e deixar a porta aberta à fuga dos prevaricadores. Se o que me estão a tentar convencer é que vale a lei do dente por dente e olho por olho... em breve a sociedade será desdentada e cega... No dia em que um erro justificar outro erro, emigremos para outro planeta que será sempre mais respirável do que este.

Jorge Pessoa e Silva, in a Bola 

PASSO FRENTE RUMO À FINAL!

 


Óquei de Barcelos deu boa réplica na primeira parte, cedeu na segunda, mas encostou as águias às cordas até ao final da partida.

O Benfica entrou com o pé direito nas meias-finais do play-off da liga de hóquei em parins. As águias receberam e venceram o Óquei de Barcelos por 4-3, num jogo em que estiveram a golear, mas terminaram a sofrer.
Logo aos 4', Zé Miranda inaugurou o marcador para a turma de Edu Castro. O campeão europeu não desanimou e precisou apenas de três minutos para restabelecer o empate. Pol Manrubia aproveitou a pouca visibilidade de Pedro Henriques para marcar à antiga equipa.
Apesar da grande exibição rubricada por Conti Acevedo, o Benfica regressou à vantagem aos 19', graças a uma transição rápida finalizada por Diogo Rafael. Na segunda parte, os encarnados intensificaram o domínio e alargaram a vantagem aos 30'.
A toda a velocidade, Pau Bargalló demonstrou que é um jogador diferenciado e voltou a fazê-lo dois minutos depois ao bisar na partida. Mesmo a perder por 4-1, o Óquei de Barcelos não desistiu e ensaiou a reviravolta nos minutos finais.
Na marcação de um livre direto, Luís Querido ainda escorregou, mas bateu Pedro Henriques para o 2-4. Poucos segundos depois, Santi Chamberlla precipitou um silêncio sepulcral ao reduzir a vantagem encarnada para um golo, a três minutos do final.
Ainda assim, à boleia de Pedro Henriques, as águias seguraram a vantagem e selaram a primeira vitória nas meias-finais dos play-offs, decididas à melhor de cinco jogos. As duas equipas voltam a defrontar-se no domingo, dia 1 de junho, em Barcelos.




Campeonato Nacional (play-off) | Jogo 1 das meias-finais | 28/05/2025
Benfica-OC Barcelos
4-3
Pavilhão Fidelidade
Cinco inicial do Benfica
Pedro Henriques, Zé Miranda, Pau Bargalló, Nil Roca e João Rodrigues
Suplentes
Bernardo Mendes, Diogo Rafael, Lucas Ordoñez, Roberto Di Benedetto e Gonçalo Pinto
Treinador do Benfica
Edu Castro
Cinco inicial do OC Barcelos
Constantino Acevedo, Pol Manrubia, Luís Querido, Miguel Vieira e Miguel Rocha
Suplentes
Luís Barbosa, Santiago Sanchez, Pedro Silva, João Chave e Diogo Gonçalves
Ao intervalo 2-1
Golos
Benfica: Zé Miranda (4'), Diogo Rafael (19') e Pau Bargalló (30' e 32'); OC Barcelos: Pol Manrubia (7'), Luís Querido (47') e Santiago Sanchez (48'

MEIO CAMINHO ANDADO

 


Encarnados venceram o Torreense por 2-0 na primeira mão da final, com golos de Olívio Tomé e Jelani Trevisan,

O Benfica recebeu, esta quarta-feira, o Torreense e venceu por 2-0, na primeira mão da final da Taça Revelação. Os encarnados mostraram-se bem superiores ao atual campeão da Liga Revelação e estão em vantagem para o duelo decisivo.
Os golos foram marcados por Olívio Tomé aos 6’ e por Jelani Trevisan aos 37’. As águias ainda desperdiçaram uma grande penalidade aos 41 minutos, com Silas Bjerre a negar o golo a Gonçalo Moreira.
Os comandados de Vitor Vinha somaram a segunda vitória consecutiva. Já o Torreense voltou às derrotas, quatro jogos depois. Curiosamente o último desaire também tinha sido frente ao Benfica, só que em Torres Vedras (1-2).
A segunda mão está marcada para o próximo sábado em Torres Vedras. O Benfica, comandado por Vitor Vinha, procura fechar a eliminatória e vencer pela primeira vez um troféu no escalão de sub-23. Em contrapartida, o Torreense de Luís Tralhão irá tentar dar a volta ao resultado e completar a dobradinha inédita.

OS 10 MAIORES ERROS DO VAR (VÁRIOS ANOS DE RUI COSTA)

 


"Caro Presidente Rui Costa,
No passado domingo, no Jamor, assistimos a mais um final de época para esquecer. No rescaldo da derrota, ouvi-o multiplicar-se em declarações inflamadas, comunicados e entrevistas, a denunciar — com razão — erros de arbitragem. A sua indignação é compreensível, mas permito-me lembrar-lhe que, para muitos benfiquistas, o maior problema não está apenas nas equipas de arbitragem. Está dentro de casa. Chama-se VAR: Vários Anos de Rui Costa.
Quatro anos passaram desde que assumiu a presidência do Sport Lisboa e Benfica. Quatro anos marcados por promessas de renovação, competência e benfiquismo. Quatro anos que, infelizmente, nos deixam um rasto de desilusão. Por isso, tal como o senhor expressou a sua indignação, também eu — e tantos outros benfiquistas — sentimos a necessidade de fazer um balanço. Aqui ficam, senhor presidente, os 10 maiores erros do seu VAR:
1. Incapacidade de conquistar títulos no Futebol Profissional O futebol é o coração do clube. E esse coração está fraco. Em quatro anos, apenas um campeonato. Zero Taças de Portugal. Em 16 títulos possíveis apenas 3 conquistas. Pouco, demasiado pouco para um clube com a grandeza e exigência do Benfica.
2. Destruição do valor do plantel de Futebol Profissional Jogadores que chegaram com rótulo de craques saíram desvalorizados. Outros, com talento evidente, foram mal geridos ou empurrados para fora. A mais recente venda de João Neves é o espelho desta visão mercantilista. As decisões no mercado têm sido erráticas, sem visão a médio/longo prazo. Estamos na segunda época a jogar com laterais adaptados. Entraram cerca de 300M€ mas o plantel está cada vez mais fraco e desequilibrado.
3. Esvaziamento do Departamento de Scouting O scouting, que já foi uma das forças do Benfica moderno, parece hoje uma sombra do que era. A saída do ex-Diretor desse departamento, Pedro Ferreira, em Maio de 2024, foi a mais relevante de várias que abandonaram o clube. Menos competência, menos olhos atentos, menos descobertas, mais apostas caras e mal pensadas.
4. Desaproveitamento do talento do Seixal O Seixal continua a formar talento de classe mundial. As equipas da formação são consistentemente campeãs nacionais nos seus escalões. Mas o caminho até à equipa principal está cada vez mais bloqueado. Preferimos gastar milhões nas jovens promessas dos outros clubes, que chegam mas não são apostas. Perdemos identidade, ligação à formação, desperdiçamos benfiquismo puro e oportunidades de ouro.
5. Afastamento das Instituições que lideram o Futebol Profissional A liderança do Benfica exige influência, presença, firmeza nos bastidores. Hoje, estamos isolados. Decidimos apoiar de forma sucessiva em Pedro Proença e em Fernando Gomes. Não quisemos “andar na autoestrada ao contrário”. Sem voz na Liga, sem força na Federação. Uma posição frágil para quem devia liderar.
6. Modalidades com mais investimento e com menos títulos O investimento aumentou, é verdade. Muito possivelmente, este ano, o maior de sempre. Mas o retorno desportivo nas modalidades não tem acompanhado. Excepção feita às equipas femininas, onde os nossos maiores rivais não marcam presença ou têm desinvestido, no setor masculino o cenário é desolador. Faltam títulos, faltam conquistas, falta ambição.
7. Resultados Financeiros a caminhar para o abismo O passivo cresce, os prejuízos acumulam-se e os sinais de alarme multiplicam-se. Os FSEs estão descontrolados. A dívida não pára de aumentar e os empréstimos obrigacionistas multiplicam-se. As receitas já não escondem os erros de gestão. A sustentabilidade do clube está em risco, isto apesar de, ano após ano, o clube registar vendas milionárias.
8. Política de comunicação inexistente Num tempo em que a comunicação é tudo, o Benfica tem estado calado, desorganizado ou reativo. Falta estratégia, liderança e coerência. Não há uma defesa do clube, mas não falta a defesa de quem nos lidera. As redes sociais estão ao abandono. Falta uma voz que una os benfiquistas. Falta sentir o Benfica.
9. Instalada uma cultura de derrotismo e de comodismo Perdemos a chama. A exigência desapareceu. Não se assumem os erros, existe sempre uma desculpa. Os maus resultados são banalizados. As equipas não conseguem ganhar jogos decisivos. Criou-se um ambiente onde perder já não dói como antes, hoje aceitamos que “não se pode ganhar sempre”.
10. Manutenção das caras e vícios dos anos de Vieira Prometeu-se rutura. Prometeu-se novo ciclo. Mas, na prática, continuam os mesmos rostos, as mesmas práticas, os mesmos interesses. Figuras como Jaime Antunes, Sílvio Cervain, Fernando Tavares e a “sombra” Nuno Costa mantiveram-se demasiado perto dos centros de decisão. O "novo Benfica" tarda em nascer — se é que alguma vez existiu.
Senhor presidente, o Benfica não é seu. Nem meu. É de milhões. Milhões que merecem mais. Milhões que acreditaram em si como símbolo de mudança, mas que hoje se sentem defraudados. O tempo das desculpas e dos comunicados acabou. É tempo de agir — ou de dar lugar a quem esteja disposto a liderar com coragem, competência e ambição real.
Em Outubro, vamos resgatar o nosso Benfica! Fica esta promessa, que pretendo cumprir.
Com respeito, mas sobretudo com amor ao Benfica,"

Rui Pinto, in Benfica Independente

MAURO XAVIER

 


Esta semana partilhei, em artigo de opinião, a minha visão sobre a atual conjuntura do Benfica. Nada mais tenho a acrescentar neste momento.


Todos sabem que, se tiver algo a dizer, será dito por mim.

Já temos um candidato que se apresentou publicamente e começou a partilhar a sua visão para o clube. Outro disse ontem que não avançará. E há ainda quem tenha informado os benfiquistas que explicará em breve o que o leva a candidatar-se.

Eu sigo como até aqui: a contribuir para um projeto que ponha o Benfica Primeiro.

Seguirei a divulgar A Nossa Camisola. É isso que me move.

NINGUÉM BRINCA COM O BENFICA



 'Tribuna livre' é um espaço de opinião de A BOLA aberto ao exterior, este da responsabilidade de Martim Borges Coutinho Mayer, sócio 5206 do Benfica.

É nos momentos mais difíceis que encontro o meu Benfiquismo em estado puro, recheado de força, crença e paixão.
Sangue nos olhos, veias a latejar, nervos em franja, mandíbula cerrada e Alma cheia da Luz imensa e única deste Nosso tão amado Clube.
É isto que hoje sinto e para além de partilhar este meu sentimento, no qual estou certo que muitos Benfiquistas se reveem, importa abordar pragmaticamente alguns temas.
Performance desportiva
Mais do que qualquer outro clube nacional, o futebol do Benfica tem no seu ADN a vitória. A vitória é o único objetivo que se aceita quando o Benfica entra em campo e quando este objetivo não é alcançado, temos sempre de procurar entender o porquê.
Como maior clube nacional, o Benfica tem de apontar ao título todas as épocas e como disse Sven-Goran Eriksson, qualquer ano em que o Benfica não conquiste o título de campeão nacional é um ano de insucesso. Ao longo dos últimos 35 anos da história, a partir da década de 90, assistimos a uma queda acentuada do sucesso desportivo do clube. No total somamos 10 títulos de campeões nacionais, 5 Taças de Portugal e 6 Supertaças Cândido de Oliveira em 35 temporadas. Apenas 20% do total das principais competições disputadas no nosso país.
Um pecúlio ainda pior se nos centrarmos nos últimos cinco anos, em que incluindo a Taça da Liga, competição apenas criada em 2007/2008, o clube conquistou 3 títulos (um de campeão nacional, uma Taça da Liga e uma Supertaça Cândido de Oliveira) de um total de 20 troféus atribuídos a nível nacional. O que representa apenas 15% de triunfos no panorama nacional.
Esta é a hora de mudar o paradigma, de reintroduzir uma cultura de vitórias, porque só essa respeita a nossa história, o nosso emblema e os muitos milhões que vibram com o Sport Lisboa e Benfica.
Quanto a mim, no processo de preparação da próxima época, é fundamental, desde já, fazer uma profunda análise do modelo de organização do futebol e dos seus protagonistas numa lógica top-down que permita identificar com clareza tudo o que se exige que melhore drasticamente com vista a que os resultados futuros sejam diametralmente opostos aos da época transata.
O Benfica jamais pode esperar que os resultados sejam diferentes se já não fizer diferente. Primeiro fora, e logo depois, dentro de campo.
Podemos resumir o que refiro à definição do Treinador, mas, se o fizermos, quanto a mim, corremos o risco de estarmos somente a tomar um remédio paliativo. Logo, importa olhar para toda a estrutura.
Liderança
Sempre que abordarmos este tema, e por mais difícil que nos seja manter as emoções sob controlo, deveremos ter presente que estamos a dar uma opinião pessoal publicamente e que por assim ser, a elevação e o respeito à figura do Presidente do Sport Lisboa e Benfica sempre prevalecerá.
Neste sentido, há que ser pragmático a identificar o que não está a correr bem e fazer uma análise construtiva, verdadeira e incisiva, mas sempre honrada, decente e prudente.
Ao Presidente do Benfica e à Sua Direção, não basta perceber o Clube. A sua primordial função está em compreender os Sócios e a Nação Benfiquista.
Se assim for, toma logo primordial importância a forma como o Clube age e interage com a comunidade Benfiquista, com os meios de Comunicação Social e com as diferentes Instituições com quem o Benfica forçosamente deve e tem que comunicar. Este instrumento é algo que o Benfica tem numa dimensão singular e tem ficado muito aquém do seu potencial e das necessidades mais prementes do Clube. Não está a saber fazer o devido uso do seu peso e isso não é aceitável. Pode parecer um assunto acessório e de importância relativa, mas é a diferença entre haver coesão e um objetivo comum na Nação benfiquista ou divisão, discórdia e até confusão e isto não pode acontecer. Aliás isto tem de acabar. E a razão é muito simples: Ninguém brinca com o Nosso Benfica.
Mercado
O Benfica tem pela sua dimensão cultural e financeira, pela sua notoriedade mundial e pelo seu palmarés, uma escala de recursos que exige elevada competência e discernimento nas tomadas de decisão quanto a estas matérias. Ao ser uma entidade altamente apetecível como parceiro de negócios dos diversos stakeholders presentes no mercado de transferências de jogadores de futebol, deve estabelecer uma aproximação ao tema onde estejam antecipadamente definidos o modelo, o modo, os principais objetivos e os orçamentos que interessam ao Clube em contraposição com a tomada de decisões caso a caso. Só assim é possível ter uma estratégia de médio e curto prazo anterior à pressão que existe quando entramos neste tema. Dito de outra forma, quando o Benfica vai ao mercado, deve ter definidas linhas estratégicas de pensamento e assim saber a todo o momento o que quer, quando quer e por quanto está disposto a efetuar uma determinada transação seja à compra seja à venda.
No meu entender, aquilo que deverá ser uma transação considerada uma exceção à estratégia definida tem sido a regra, e aquilo que deve ser a regra tem sido a exceção. Para tal, é desde logo necessário garantir a estabilidade financeira e económica que permitam ao Benfica ter a liberdade para decidir a cada momento, qual é a melhor decisão a tomar, sem que a pressão da realização de liquidez deturpe as transações que são concretizadas.
A título de exemplo, e sem descolar da realidade, alguém com o perfil do João Neves deveria ficar toda a sua carreira no Benfica, vir com brevidade a envergar a braçadeira de capitão de equipa e liderar o restabelecer da identidade e da fome de vencer que temos no nosso ADN. Já foi assim no passado e quanto a mim, este deverá ser o Benfica do futuro.
Desejo que aquilo que começar hoje a ser feito neste campo, no que concerne à preparação da próxima época, seja responsável, certeiro e estruturante, quer do ponto de vista desportivo, quer do ponto de vista financeiro.
Competência, transparência e o bom nomedo Benfica
Nos últimos anos, temos assistido a um conjunto de acontecimentos que têm manchado o bom nome do Benfica. É imperativo que todos os Benfiquistas tenham presente que a componente social e cultural do Clube é de tal maneira profunda, que o Clube do nosso coração só tem um caminho possível: Ser sempre o maior exemplo de Categoria e Honradez do País. Cabe a todos os Benfiquistas e em especial aos Dirigentes assegurar que assim é. Sem ingenuidades, mas com muita determinação.
Todos os casos e dúvidas do passado recente que são do conhecimento da Nação Benfiquista devem ser considerados e devem definitivamente pesar no sentido de voto de cada Benfiquista, porque sem isso não há futuro.
Viva o Benfica!
Martim Borges Coutinho Mayer, in a Bola