segunda-feira, 30 de junho de 2025

A FLÓRIDA NÃO É SÓ PALMEIRAS E O BENFICA VIU ISSO

 


Conhecer Nova Iorque não é conhecer os Estados Unidos, sabia disso quando parti para o acompanhamento jornalístico da participação do Benfica no Mundial de Clubes, mas confesso que fiquei surpreendido com a diferença que encontrei na Flórida, costa Leste do país. Sem dúvida américas diferentes, ainda que tenha visitado uma ínfima parte do que os EUA oferecem.

A expectativa muitas vezes não corresponde à realidade e, neste caso, infelizmente, caiu por terra a linda imagem que tinha, desde criança, de uma Flórida paradisíaca, cheia de palmeiras, mulheres bonitas, adolescentes a andar de bicicleta, homens de camisas coloridas a beber margaritas, ao estilo Miami Vice. Haverá disto também, claro, principalmente em Miami, mas o trabalho manteve-me sempre a uma distância larga dos circuitos turísticos e mais exclusivos, permitindo-me, por outro lado, mergulhar melhor no verdadeiro dia a dia.
De Tampa para Miami, de Tampa para Orlando, de Tampa para Charlotte, passando pelos Estados da Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte, e depois de volta a Tampa. A BOLA percorreu quilómetros para seguir o Benfica e por estas bandas vimos pobreza, até miséria, uma panóplia de culturas que contam também a história dos EUA.
Sente-se que as pessoas estão preocupadas com o que pode vir mais da conjuntura criada pela presidência de Trump, mas ainda expectantes. Aqui tudo é muito grande, tudo o que nos dizem ficar perto está à distância de pelo menos 40 minutos de automóvel. E longe ficou, também, o sonho dos benfiquistas: acordaram nos 'oitavos' do Mundial.

Nélson Feiteirona, in a Bola

DODECACAMPEÃS!



A equipa feminina de hóquei em patins do Benfica continua a fazer história. Pela primeira vez, Portugal conhece um dodecacampeão. As águias bateram o Turquel no jogo 2 da final do play-off do Campeonato Nacional, por 0-2, na noite deste sábado, 28 de junho, e somaram o 12.º título seguido.
Depois da vitória no jogo 1 (2-1), o Benfica viajou ao Pavilhão do HC Turquel com a possibilidade de fechar as contas de uma final disputada à melhor de 3. E, mesmo desfalcada da influente Aimée Blackman, a equipa de Paulo Almeida não desperdiçou o ensejo de acrescentar o 12.º capítulo a uma história linda que começou na época 2012/13.
A 1.ª parte decorreu tal como o técnico encarnado previra na antevisão, com o Turquel a replicar a estratégia que apresentara na Luz, "a defender com linhas muito atrás e a jogar no erro do Benfica".
Caminhos muito tapados para a baliza, mas, ainda assim, pertenceu às encarnadas a melhor oportunidade deste período, quando Elena Tamiozzo dispôs de um livre direto, aos 21', em que a guardiã contrária levou a melhor.
No 2.º tempo, as anfitriãs tinham de arriscar mais, e isso deu mais espaços às águias. Aos 29', respondendo precisamente a uma ofensiva do Turquel, Rita Batista carregou a bola desde a sua área até ao meio-campo adversário, entregando-a a Marlene Sousa na esquerda. A capitã progrediu em diagonal em direção à área e, quando parecia que ia perder o ângulo, atirou cruzado para o fundo das redes. Estava feito o 0-1 !
E, 7 minutos depois, este movimento da n.º 2 encarnada foi replicado por Raquel Santos. A defensora fez a mesma diagonal da esquerda para a direita, seguiu o trilho da sua capitã e, ainda de mais longe, atirou fortíssimo para o 0-2, aos 36'!

O resultado não mais se alterou, nem mesmo quando, a 5 minutos do fim, Marlene Sousa foi chamada a executar um livre direto, que Anabella Flores voltou a defender, mas a defesa maior estava cumprida: o Benfica defendeu, uma vez mais, o título. 

A REVIRAVOLTA DA GLÓRIA: BENFICA CAMPEÃO

 


Há novo campeão nacional! O Benfica bateu o Sporting por 4-3 no jogo 5 das finais e conquistou o primeiro título de campeão nacional desde 2019.

Nuno Dias havia avisado que o Sporting pagara caro os erros defensivos no jogo 4 e, durante 18 minutos, foi a reação a essas palavras que se viu da equipa leonina. Até ao momento do golo de Diego Nunes, o único das águias na primeira parte, a equipa dos leões não havia falhado defensivamente. E com bola mostrou ser, durante este primeiro tempo, melhor que o Benfica, conseguindo mais remates perigosos e lances de perigo.
Nuno Dias também havia avisado para as faltas (não) assinaladas a André Coelho nos lances com Zicky Té e este foi mais um duelo em que os agarrões, os puxões e os empurrões estiveram presentes. Mas logo num dos primeiros duelos entre ambos, Zicky mostrou o melhor lado: rodou, rematou e inaugurou a festa no Pavilhão João Rocha. E seis minutos depois, o gesto patenteado entrou em ação: Merlim puxou para dentro e com um disparo fulminante, colocou no ângulo. Primeiro quarto de hora de domínio total leonino com apenas um erro de destaque. Mas ao início da segunda parte, Merlim, capitão na ausência de João Matos, seria expulso. Não se dava de repente a queda do Sporting, mas começava.
Merlim expulso? Não decidiu... logo
Uma entrada sobre André Coelho valeu o segundo amarelo ao mago italo-brasileiro e, no momento de superioridade numérica, Arthur fez o golo do empate. Só que a turma leonina não baixou os braços e conseguiu, com um remate de Taynan à entrada da área, fazer o terceiro.
Cassiano Klein não perdeu tempo: por esta altura, já o Benfica tinha feito a quinta falta — surgiu, lá está, com André Coelho a agarrar Zicky Té — e estava em desvantagem, então Diego Nunes vestiu a camisola amarela, de guarda-redes avançado. E o sucesso esteve lá: colocou-se ao segundo poste e, a passe de Lúcio, igualou novamente o resultado.
Em mais um jogo equilibrado, era hora de brilhar o protagonista. Mas talvez não aquele que se esperava...
Desta vez o MVP foi Léo Gugiel
Foi a dois minutos do fim que, com 3-3, Léo Gugiel fez algo que muitas vezes faz: subiu e rematou com potência. E Afonso Jesus soube prevê-lo: esperou pelo disparo do guardião e, com dois minutos para jogar, colocou as águias na frente pela primeira vez no jogo. Mas não foi o último momento de estrelato do guardião do Benfica, que já tinha impedido vários golos adversários. A 18 segundos do fim, com uma bela saída impediu que Taynan bisasse. E no último lance da partida, no meio da carambola, contrariou o peso do corpo e parou o desvio de Tomás Paçó.
A bola saiu o guardião repôs e atirou ao ar para passar o último segundo deste campeonato. Em cinco jogos equilibrados, sempre intensos, agressivos (às vezes para lá dos limites) e repletos de golos, o Benfica revelou-se superior. Acabou a hegemonia verde e branca no futsal, depois de cinco anos e quatro campeonatos. Pela primeira vez desde 2019 houve um jogo 5 nas finais. E pela primeira vez desde 2019, o Benfica é campeão nacional.

domingo, 29 de junho de 2025

FALTOU MAIS BENFICA



CHARLOTTE — Lage surpreendeu na escolha da equipa titular ao manter Dahl a titular como lateral-esquerdo em vez de optar por Carreras, que voltara a estar disponível depois de cumprir castigo, mas essa novidade ou a estratégia da equipa do Benfica não apanharam desprevenido o Chelsea, durante a primeira parte.
Os ingleses mostraram ter a equipa portuguesa bem estudada, tiveram mais bola e anularam quase todas as tentativas do Benfica de desenhar transições ofensivas rápidas, uma das principais características da ideia de jogo de Bruno Lage. Pavlidis teve muitas vezes de recuar até ao meio-campo defensivo para ter bola. O Benfica ia ficando enjaulado nas imediações da sua área, a defender de forma compacta, mas sem capacidade de acertar o passe sem corte do Chelsea; incapaz, também, de ligar a equipa e de a esticar até zonas onde pudesse ferir os ingleses. Sentiu-se neste ponto, talvez, a ausência de Álvaro Carreras, elemento muito importante durante a época inteira para fazer crescer a equipa da defesa para o ataque.






A dupla Caicedo e Lavia colocava tranças no meio-campo, Enzo Fernández encaixava na pressão a Florentino ou Kokçu, e os lances de perigo para o Chelsea foram surgindo. Pedro Neto deu sinal logo no primeiro minuto e Palmer foi uma dor de cabeça para os benfiquistas. Valeu, nesta fase, vários cortes na hora certa de Otamendi e António Silva (tirou bola de cabeça, em cima da linha, num remate de Cucurella) e sobretudo um enorme Trubin, que, entre várias outras boas intervenções, fez defesas enormes a remates de Cole Palmer e de Cucurella. O Chelsea foi para intervalo penalizado também pela ineficácia, pois dominou e criou lances suficientes para ficar mais tranquilo no jogo. O Benfica simplesmente pareceu não conseguir fazer melhor, mais do que ter por estratégia entregar a iniciativa ao Chelsea. As águias terminaram a primeira parte com dois ou três lances prometedores, sem oportunidades de golo flagrantes, remates enquadrados e a dar sinal de muita dificuldade para se livrar da pressão inglesa.
Lage tinha de fazer alguma coisa para mudar a história e lançou Akturkoglu, ao intervalo, para o lugar de um massacrado Schjelderup, que lutou no flanco esquerdo e teve iniciativas interessantes.
Os primeiros minutos o segundo tempo não trouxeram nada de diferente, infelizmente para o Benfica. O Chelsea instalado no meio-campo das águias e a tentar o golo. Otamendi impediu que Delap, bem pocisionado na área, fosse feliz; Caicedo rematou com perigo ao lado do poste da baliza de Trubin.
Quando prevalecia a sensação que o Chelsea definia tão mal que acabaria por ser penalizado, o erro surgiu de onde menos se esperava, de Trubin. O guarda-redes ucraniano do Benfica pocisionou-se muito mal e Recce James bateu diretamente para o fundo da baliza um livre cobrado na esquerda.
Bruno Lage reagiu, lançou Belotti e Prestianni, e a equipa deu resposta, finalmente ganhou metros no campo e mais presença na área do Chelsea. Poderia ter arriscado assim mais cedo, porque criou problemas aos ingleses. Os encarnados estiveram até, finalmente, perto do empate, por exemplo num remate de Prestianni que parecia de golo mas saiu frouxo e ao lado.






Depois veio o alerta de tempestade, o jogo foi suspenso por cerca de hora e meia, para que fosse cumprido o protocolo de segurança, e no reatamento foi diferente. O Chelsea tentou defender a vantagem, o Benfica carregou, ganhou penálti e Di María levou a decisão para prolongamento. Seguiu-se uma fase de muitos nervos, Prestianni foi expulso e as águias voltaram a formar bloco mais baixo.
O Chelsea recuperou bola e iniciativa, mas havia mais espaço para os ataques rápidos e mais perigo da equipa dos encarnados. O jogo ficou mais aberto, houve oportunidades de golo para as duas equipas, seria novamente o Chelsea a sorrir. Num lance de alguma confusão, Nkunku marcou golo, Pedro Neto pouco depois e, ainda antes do apito final, Dewsbury-Hall fixou o resultado.
Olhando para o jogo todo, o Benfica fez pouco para sair vencedor frente a adversário forte, mas longe de ter feito um jogo brilhante. Foi o adeus das águias ao Mundial de Clubes dos Estados Unidos. Com uma goleada que não espelha exatamente o que se passou no relvado, mas mostra alguma coisa.
DESTAQUES DO BENFICA:
Exibição do Benfica cinzenta, como o céu de Charlotte, até à suspensão do jogo. António Silva foi à légua o melhor, Trubin e Di María deram muito mas também falharam quando tal não era admissível. Prestianni: infantilidade pura.
MELHOR EM CAMPO
8 - António Silva – O central do Benfica, que teve uma época assim-assim, assinou na despedida do Benfica do Mundial de Clubes uma exibição personalizada, autoritária e muito segura na hora de entregar a bola. Esta melhor versão de António Silva teve como ‘highlight’ um corte que valeu por golo, aos 20 minutos, em cima do risco fatal, evitando a celebração de Cucurella. Mas noutras ocasiões (3, 37 e 45+4) tirou o pão da boca a Delap e Palmer. Numa partida muito física, o central encarnado nunca se atemorizou, foi imperial pelos ares e ligou bem com Otamendi. Não foi, de facto, pelos centrais que as coisas correram mal ao Benfica, e António Silva, que teve de desguarnecer a defesa acabando a ponta-de-lança, regressou àquilo que é o seu tremendo potencial.
4 – Trubin – Estava a assinar uma exibição monumental, com defesas prodigiosas a remates de Pedro Neto (1), Palmer (10, 20 e 38), e uma parada ‘impossível’ a um petardo de Cucurella, isolado (38). Aos 68 minutos, quis adivinhar que de um livre lateral do Chelsea ia sair um cruzamento, e Reece James enganou-o com um remate direto, que fez a bola entrar junto ao primeiro poste, deixando-o mal no filme. Não ficou muito melhor no segundo golo dos londrinos.
6 – Aursnes – Chamado à função de lateral direito, teve dificuldades com as subidas constantes de Cucurella, que em muitas ocasiões não foram devidamente compensadas defensivamente por Di María. Quando o astro argentino se fixou, durante um largo período, como defesa direito, Aursnes fechou no meio, acompanhando os movimentos de Palmer. Aos 78 minutos teve uma grande jogada, culminada com um passe açucarado para Prestianni, que desperdiçou o lance infantilmente.
7 – Otamendi – Foi o guerreiro do costume, sem facilitar nem dar um milímetro. Teve uma partida de enorme concentração, em que ajudou o Benfica a retardar o golo do Chelsea, especialmente com um corte, aos 47 minutos, com que evitou um golo provável dos londrinos. Fez o cabeceamento que valeu a grande-penalidade ao Benfica.
5 – Dahl - Não comprometeu, defendeu e defendeu-se, mas esteve a milhas da influência assumida por Álvaro Carreras no transporte da bola nas transições ofensivas. A luta que manteve com Pedro Neto foi interessante e obrigou muitas vezes o internacional português a optar pelo jogo interior.
4 – Florentino – Teve o jogo de que menos gosta, ao ser pressionado quando recebia a bola e tentava virar-se. Enzo Fernández dava-lhe a primeira luta e foi o argentino que lhe tirou, logo de início, a confiança para o resto da partida. Complicativo, meteu-se em trabalhos desnecessários, nomeadamente na jogada que deu o livre de onde saiu o golo do Chelsea, em que fez falta apósuma perda de bola.
3 – Barreiro – Teve uma missão tática híbrida, em que tanto dava a primeira luta, ao lado de Pavlidis, à saída de bola do Chelsea, como surgia a tapar buracos, ao meio, à direita e à esquerda. Com tanta dispersão nunca conseguiu dar um contributo positivo para a posse de bola, e teve uma perda de bola inadmissível num dos golos do Chelsea.
5 – Di María - Um jogo com alguns pormenores, mas sem muitos dos ‘pormaiores’ que fizeram do argentino um dos maiores jogadores do Mundo. Sem capacidade para defender as subidas no terreno de Cucurella, acabou refugiado a lateral-direito para evitar males maiores. A interrupção fez-lhe bem, e regressou a querer levar o Benfica às costas. Mas apesar do golo, teve perdas de bola comprometedoras, que acabaram com as hipóteses encarnadas.
4 - Kokçu - Nunca se sentiu confortável dentro das quatro linhas e não foi o patrão de meio-campo de que o Benfica precisava. A bola parecia queimar-lhe os pés e a pouco e pouco o internacional turco foi desaparecendo da partida, cada vez mais alheado. A sua substituição pecou por tardia.
4 – Schjelderup – Muito discreto, quase envergonhado por estar em campo, o jovem nórdico foi capaz de ajudar defensivamente Dahl, mas faltou-lhe centelha quando quis soltar-se para o ataque. Outro a quem a bola queimava os pés, sem se mostrar capaz de auxiliar no esforço coletivo de manter a bola.
4 – Pavlidis – O internacional grego fez um jogo de mais a menos. Na primeira parte ainda procurou mostrar-se e receber os passes verticais dos defesas ou dos médios. Mas à medida que os minutos passavam foi perdendo frescura e quando dispôs de uma ocasião para incomodar seriamente Sanchez (68), faltou-lhe poder físico e foi superado porn Badiashile.
4 – Akturkoglu – Foi chamado na segunda parte para o lugar de Schjelderup, mas não foi capaz de ser o fator diferenciador de que o Benfica precisava. No prolongamento, com mais espaço, finalmente mostrou-se, mas a jogar com dez as hipóteses dos encarnados eram muito limitadas.
1 – Prestianni – Entrou nervoso, perdeu cada bola que disputou, e para culminar desperdiçou a melhor ocasião dos encarnados, após passe de Aursnes (78). Expulso por uma infantilidade ao segundo minuto do prolongamento.
4 – Belotti – Lutou, como é seu timbre, e foi capaz de ter algumas saídas de bola perigosas.
6 -Tiago Gouveia – Uma entrada positiva, a dinamizar o flanco direito.
5 - João Veloso – deu rotatividade ao meio-campo, mas a expulsão de Prestianni comprometeu tudo.

sábado, 28 de junho de 2025

BENFICA E ENZO FERNÁNDEZ: É MUITO MAIS QUE UM JOGO



 Se há 15 anos nos dissessem que um Campeonato do Mundo iria realizar-se em dezembro num micropaís ou que os jogadores iriam poder assinar contratos com clubes de tão curta duração como se estivessem a alugar um Airbnb a exemplo do que fez Rui Patrício no Mundial de Clubes, poucos iriam acreditar. Mas o futebol tem evoluído nos últimos anos para um lugar estranho, ainda que seja prematuro anunciar se para pior ou melhor. É apenas diferente.

Do ponto de vista estritamente desportivo, o Mundial de futebol no Qatar, em 2022, deu-nos grandes jogos e uma das melhores finais de sempre em Campeonatos do Mundo (senão mesmo a melhor), não se confirmando, portanto, os receios de alguns treinadores de clubes sobre o impacto de uma paragem de um mês a meio das provas nacionais e internacionais. Quando regressaram, os jogadores das seleções fizeram o desmame com alguma naturalidade e os campeonatos decorreram com naturalidade.
A exceção talvez tenha sido mesmo o Benfica de Roger Schmidt, que graças a esse Mundial e ao extraordinário desempenho do futuro campeão do mundo Enzo Fernández perdeu para o Chelsea (maior transferência de sempre à data no futebol inglês), a meio da temporada, um elemento fundamental, cuja saída ainda hoje é recordada para justificar as fragilidades do edifício benfiquista.
Porque a partir daí foi sempre a descer do ponto de vista da qualidade do jogo - ainda assim deu para segurar a liderança solidificada na primeira metade da época e festejar no Marquês.
É por esse motivo que o reencontro do Benfica com o agora capitão dos blues de Londres represente algo mais que os oitavos de final de uma competição que para os europeus ainda continua a ter um lado exótico (até pelo fator clima que já fez interromper pelo menos cinco jogos).
Num momento em que se fazem balanços sobre o legado de Rui Costa enquanto presidente das águias, não haverá um único benfiquista que discorde de que os primeiros seis meses da época 2022/23 foi o período mais rico, intenso e prometedor como não se via há muitos anos no clube. Mas porque o voo foi tão alto, mais abrupta foi a queda e a consequente sensação de que o golpe de asa de Enzo foi a exceção e não a regra. Num clube onde tudo é elevado à potência máxima (na euforia e na trieteza) este Benfica-Chelsea, mesmo num torneio ainda sem história, nunca será um jogo qualquer.
Fernando Urbano, in a Bola

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA | ANTEVISÃO #SLBCFC | FIFA CLUB WORLD CUP

                           

sexta-feira, 27 de junho de 2025

A GRANDE NOTÍCIA DO DIA



 RENOVAÇÃO DE OTAMENDI

Não é preciso escrever muita coisa, só isto: esta é a notícia por que a esmagadora maioria dos Benfiquistas tanto aguardava, parabéns à SAD por ter segurado o nosso capitão para a próxima época.
Este verdadeiro animal competitivo de 37 anos leva já disputados esta época 5.868 minutos! Sem férias, sem descansos, numa roda viva de viagens intercontinentais entre a Europa e a América do Sul, é o último a virar a cara à luta, a dar-se por vencido, é um grande exemplo para os jovens da formação que chegam à primeira equipa. E, já agora, para os que já lá estão, vindos da formação ou contratados fora, também é bom seguirem o exemplo do Capitão!
Que amanhã venha outra grande notícia: a morte do "borrego" Chelsea.
CARREGA O-TA-MEN-DI!!! 

Jaime Cancella de Abreu, in Facebook

ESCÂNDALOS ATRÁS DE ESCÂNDALOS...

 


"Esta série de jogos da final está a ser dos maiores escândalos de arbitragem de que há memória!! E pensávamos nos que os tais 43 anos tinham passado.
Só mesmo uma equipa como muita raça, crer e ambição consegue levar a melhor sobre estas equipas de arbitragem e o Sporting!
VAMOS BENFICA!! GANHAR NO JOÃO ROCHA 🔴⚪🦅"

Alberto Mota, in Facebook

ARTISTA DE CIRCO...

 


"E não é que o senhor está pejado de razão na sua crónica…o modelo é insustentável…vejam bem…só os sapos escapam à análise e tudo por causa de uma premissa …o Sporting não precisa de comprar e vender para equilibrar as contas, ao Sporting basta desfalcar a banca e meter todos os portugueses, sportinguistas, portistas, benfiquistas e demais a pagar pelas suas dívidas!!!
Deixo o link da crónica para observarem a desonestidade intelectual do artista de circo!
E já agora, esquece que a dívida foi herdade pelo Textor que deixaram o Lyon na rua da amargura…
Deixe o BENFICA EM PAZ!!"

A Gola do Sabry, in Facebook

quinta-feira, 26 de junho de 2025

BRUNO LAGE JÁ GANHOU O MUNDIAL



 Grande vitória do Benfica sobre o Bayern. Um resultado histórico. Pela importância do resultado no Mundial de Clubes e, fundamentalmente, por ter sido a primeira frente ao colosso alemão, à 14.ª tentativa. Um triunfo precioso para a equipa, que venceu o grupo C e se qualificou para os oitavos de final, para o clube, que além de ter reforçado o prestígio internacional ainda arrecadou mais 6,5 milhões de euros — entre UEFA Champions League e a prova da FIFA já são €97,566 M encaixados esta época! — e para Bruno Lage, o mais beneficiado com a competição nos Estados Unidos.

O treinador saiu de Portugal há pouco mais de 15 dias muito fragilizado, depois de ter perdido para o Sporting o campeonato e a Taça de Portugal, e agora já ganhou o Mundial! Sim, o futebol faz-se de resultados e depois da vitória sobre o Bayern Bruno Lage como que calou todos os críticos. De Kokçu, que ousou pôr-lhe em causa a autoridade com milhões a ver, até aos adeptos, que já sonham com um percurso dourado na prova.
Apesar de o presidente Rui Costa ter garantido a continuidade do treinador para a próxima temporada, julgo que muito do futuro de Bruno Lage passava pela campanha nos Estados Unidos. Disse mesmo, há umas semanas, em A BOLA TV, que o Mundial de Clubes seria para o Benfica o prorrogar da temporada, enquanto para o FC Porto seria como que uma pré-época. Verificou-se que para Martín Anselmi não foi nada disso, mas para Bruno Lage sim.
O treinador das águias ganhou já um novo fôlego, até porque o rendimento da equipa reforçou simultaneamente a posição de… Rui Costa. Não foram, obviamente, circunstanciais, muito menos inocentes, as palavras de Bruno Lage após o jogo com o Bayern. «Está na altura de as pessoas acreditarem mais no nosso trabalho. Estou a falar do trabalho do nosso presidente, dos nossos dirigentes, do meu trabalho enquanto treinador e dos meus jogadores.» Isto é o puxar dos galões, é um discurso de quem se sente confiante e… seguro.
Lage, aliás, já na véspera da partida com os alemães tinha sido bem mais arrojado perante os jornalistas do que é hábito. Kokçu foi o principal culpado do triste episódio ocorrido durante o jogo com o Auckland City, o treinador também não esteve bem ao dar troco ao turco, mas não se limitou a assumir parte da responsabilidade — «Não foi um bom momento, como líder tenho de ser o primeiro a reconhecer», disse. Jogou, antes, ao ataque. «Temos de ser muito mais agressivos na próxima época, quer dentro de campo quer fora. Quem nos pisar não vai ficar a rir nem a cantar.» Uma mensagem clara. Para dentro e para fora.
Hugo do Carmo, in a Bola

quarta-feira, 25 de junho de 2025

NOVA HISTÓRIA ESCRITA PELO BENFICA



 Decidir um apuramento (para os oitavos de final do Mundial de Clubes) com a melhor equipa do grupo e uma das melhores do mundo não era o cenário nem ideal, nem confortável. Belloti e Carreras castigados e Florentino tocado constituíam limitações importantes para a decisão.

Florentino, com características únicas no plantel, estava diminuído fisicamente, sendo física a sua principal e mais influente valia. Já a ausência de Belloti, um bom elemento, deixava Pavlidis como opção única no vértice ofensivo.
Quanto a Carreras, a sua ausência determinava a entrada do fiável Dahl, mas limitando também a versatilidade tática da equipa, tão usada por Lage, personificada pelo lateral espanhol. Finalmente, Kokçu era o tema do momento. Entraria de início? Contaria para o jogo?
Decisão
Objetivo conseguido com grande mérito coletivo e uma nova história feita que já tardava. Na primeira parte, o Benfica conseguiu ser compacto sem recuar demasiado, afastando o Bayern da sua baliza. A capacidade para sair ante a pressão alemã foi conseguida principalmente pela excelente prestação de Renato Sanches. Manter a bola sim, mas ter o poder para subir era fundamental. O golo surgiu cedo, outra vez pela progressão de Sanches e pelo entendimento no lado direito de Di María e Aursnes. Depois a entrada do extremo do lado oposto faz diferença, com Schjelderup a finalizar.
O Bayern, como se esperava, forçou no segundo tempo e ficou perto do empate. A diferença grande de ter em campo Kane, Kimmich e Olise. Valeu Trubin, figura principal encarnada, quando o Bayern dominou e a equipa foi obrigada a reunir mais atrás. Lage tinha referido o segundo poste como alvo preferencial dos alemães e retirou e bem Dahl dessa posição, mais própria de gente grande.
Kompany tinha escolhido Muller para fazer de Kane, assim como Lage tinha feito em Munique, elegendo Amdouni para o lugar de Pavlidis. Não é a mesma coisa... Trubin à parte, este jogo também confirmou Dahl enquanto defesa. Se persistiam dúvidas em relação à validade defensiva de Dahl, ante um adversário poderoso, o jovem lateral provou o contrário.
Os outros jovens utilizados mostraram a personalidade que se quer em contextos difíceis. António Silva esteve como nunca, anunciando a sua emancipação definitiva.
Depois do descontrole assumido, Kokçu não passou sem castigo, mas entrou como se nada fosse. Mais um bom sinal para a aventura que se segue e que a equipa, sabendo sofrer, fez por merecer.
Futebol público
Porque somos pessoas, por vezes dizemos e fazemos coisas de maneira irrefletida, reativa. Não faltam episódios em campo onde isso acontece, quer seja com adversários e árbitros, quer com treinadores e até, por vezes, com colegas. Como sabemos, tudo o que se passa neste desporto ganha uma dimensão extra. O stress é grande e o cansaço físico e mental chegam ao limite.
O episódio recente entre Bruno Lage e Kokçu é um mau exemplo público, mas reflete a realidade em que a natureza e o temperamento podem provocar conflitos, mesmo que improváveis, entre um jogador e o seu treinador. Neste caso, trata-se de um momento aberto ao público, o que responsabiliza mais os intervenientes. Desde então, muito se falou, opinou e condenou, mas o sobressalto foi ultrapassado pelos intervenientes, com clareza e simplicidade, assumindo a responsabilidade e a delicadeza do momento.
Naturalmente, as eventuais substituições de Kokçu no futuro serão alvo de atenção redobrada. Ainda jovem, deverá ter aprendido a lição, ou não...
Quente e frio
Nico Jackson é um avançado senegalês do Chelsea, negativo protagonista da recente derrota com o Flamengo. Quatro curtos minutos em campo chegaram para uma entrada despropositada e violenta sobre um adversário, que o fez encaixar um merecido cartão vermelho.
O desejo de Maresca de reforçar o ataque e perseguir o empate caiu, ao contrário, para a inferioridade numérica e para o desenho da derrota. As substituições são um tema rico e à parte e aquilo que, por vezes, provocam define resultados, para o bem e para o mal. Como tal, a preparação de quem entra deve ir além das necessárias indicações táticas e não vai.
Assistir no banco a uma hora de jogo sem poder intervir é igual a uma tensão acumulada que pode dar, como mais uma vez aconteceu, mau resultado.
O aquecimento físico também dificilmente se eleva às exigências do jogo. Não é por acaso que muitos jogadores demoram a integrar-se, quando a sua entrada pressupõe urgência. Outros há que se lesionam quase imediatamente, como Bisseck, jovem defesa do Inter, na final da Liga dos Campeões, lesionado oito minutos depois de entrar. Claro que também há o lado positivo que é, com sorte e inspiração, fazer muito em pouco tempo e decidir a favor. A este propósito, regresso ao último Europeu e a Ivan Toney, avançado da seleção inglesa.
A substituição desesperada de Southgate contra a Eslováquia, já depois de expirado o tempo regulamentar, salvou a Inglaterra da derrota, sendo Toney o herói, assistindo para golo. Para um avançado consagrado entrar depois dos noventa não é propriamente motivador, mas...
O jogo havia de ser ganho no prolongamento com uma inesquecível bicicleta de Bellingham.
Rui Águas, in a Bola

BRUNO LAGE PRECISA SEMPRE DE SOFRER?



 Do pré-jogo ao plano bem elaborado e explicado diante do Bayern; vitória reforça a imagem de uma equipa que age melhor em modo reativo que proativo.

Foi, ao contrário de outras ocasiões, uma vitória do Benfica que começou na véspera. Ou melhor, horas antes, na conferência de imprensa de lançamento do jogo do seu treinador. Munido da cábula para não se esquecer das expressões certas que queria passar para o exterior, Bruno Lage usou por diversas vezes a palavra agressividade e definiu as linhas mestras que pretende para a próxima época. Naqueles minutos em que falou aos jornalistas, já de madrugada em Portugal, o técnico das águias enviou vários recados. Que é ele quem estará no banco (pelo menos até às eleições de outubro) e é ele quem define o perfil dos reforços (o lateral-direito já contratado e um ala que dê a tal agressividade ao corredor, depreendendo-se daqui que o substituto de Di María terá características bem diferentes do internacional argentino que procura fazer do Mundial de Clubes a saída do Benfica pela porta grande em contraste com as lágrimas vertidas na final da Taça de Portugal perdida para o Sporting).
Nada disto teria importância se o Benfica tivesse sido vergado pelo Bayern, só que a forma organizada, agressiva e inteligente como os encarnados interpretaram o jogo e o adversário na primeira parte mostrou que a mensagem do treinador passou. Claro que o resultado ajuda, mas mais importante é o processo que se extrai e esse ninguém pode colocá-lo em causa, principalmente quando se ouve uma explicação para o onze que, confesso, já não ouvia há muitos anos, quando se dizia que no futebol português faltavam os últimos 30 metros e 30 centímetros de estatura. Disse Bruno Lage que a colocação de Prestianni e Schjelderup na mesma estrutura que tinha Di María e Aursnes era uma forma de contrariar as armas que o Benfica não tem: a altura e força física dos alemães contra a baixa estatura e consequente capacidade de ter mais tempo a bola por parte dos encarnados (por acaso nenhum dos referenciados é português).
No plano teórico fazia sentido e mais sentido fez logo nos primeiros 10 minutos, com um dinamismo que há muito não se via. Na verdade, correu tudo bem a Lage: o plano saiu na perfeição, a titularidade de jogadores menos utilizados no Bayern tornou a equipa bávara menos poderosa (sem que isto retire uma décima ao mérito do Benfica) e depois do golo as águias jogaram como muitas vezes gostam: de trás para a frente, em transições (e com um monstro na baliza e outros dois no centro da defesa).
O jogo com o Bayern serviu, aliás, para reforçar a imagem que se foi criando do Benfica de Lage: é uma equipa que resulta muito bem em modo reação, seja dentro do próprio jogo (em partidas com os da sua igualha ou melhores, entenda-se) ou fora dele, mas em contexto competitivo; uma equipa acossada quando vê que os outros estão à frente (no marcador ou na classificação), mas que quebra quando tem de assumir a sua grandeza logo à cabeça, seja na incapacidade de manter uma liderança que tanto trabalho deu para conquistar (foi assim na Liga) ou na primeira parte oferecida ao Boca Juniors no arranque da competição.
O grande desafio que Lage continua a ter pela frente é este: o de provar que é efetivamente um treinador proativo e não apenas reativo. A forma como respondeu a Kokçu em nada ajuda a mudar de ideias, mas o modo como conquistou um triunfo histórico diante do Bayern coloca-o mais agarrado a um lugar que queima sempre, ainda mais em período pré-eleitoral.
Fernando Urbano, in a Bola

AFINAL É POSSÍVEL, LAGE

 


Encarnados fizeram propaganda mundial ao bater Bayern Munique; defenderam clube, Liga e continua-se sem saber com que Benfica contar.

O Benfica fez história nos EUA. Quase que é irónico depois do que se viu com o Boca Juniors e naquela primeira parte com o Auckland City, mas a verdade é que pela primeira vez os encarnados venceram o Bayern Munique nos 121 anos de existência do clube da Luz.
Ninguém vence o gigante da Baviera sem passar por perigos ou sofrimento. Muito menos uma equipa portuguesa – até hoje, só o FC Porto o tinha conseguido, com o 2-1 da final de Viena e o 3-1 do Dragão, em 2014/15. Vitória de Setúbal, Belenenses, SC Braga, Boavista e Sporting também tentaram, em vão, bater o gigante germânico.
Até esta terça-feira, o Bayern tinha 31 jogos frente a equipas portuguesas: duas derrotas, 9 empates e 20 vitórias, 75 golos marcados, 22 sofridos…diz muito da relação do clube de Munique com Portugal. Portanto, mesmo num ‘torneio de verão’ – uma prova oficial - e que ainda não merece toda a atenção do Velho Continente, o feito por si só é relevante. Aliás, ganhar ao Bayern, seja em que dia for, é sempre relevante.
Ganha dimensão ainda pelo debate orgânico que se criou sobre a grandeza do futebol sul-americano para o europeu, das equipas portuguesas versus as brasileiras [e argentinas]. Nesse capítulo, foram sábias as palavras do treinador do Flamengo, que falou de uma elite mundial, com algumas equipas europeias a preencherem esse espaço no topo, e as brasileiras colocadas num segundo plano, podendo estas bater-se com os principais clubes. É essa, como todos sabemos ano após ano na Champions League, a realidade dos três clubes nacionais. Já a comparação entre o Brasileirão e a I Liga é outra coisa…
Em Charlotte, o Benfica fez propaganda mundial. Defendeu o seu passado de clube internacional, defendeu a Liga portuguesa com o resultado e apuramento, conseguiu colocar na mente de diretores desportivos alguns ativos que tem na equipa [ainda é essencial] e meteu mais uns milhões ao bolso. Mas acima de tudo, Bruno Lage terá percebido que estratégias como aquela que se lhe viu frente ao Bayern, nesta última Champions, são redutoras para um clube como o Benfica. Lage acabou a dar razão aos críticos de Munique, ele que, nesta terça-feira, fez muita coisa bem.
Chegados aqui, 2024/25 prolonga-se no tempo, mas antes do final da temporada, há já uma coisa que podemos concluir: nunca se soube que Benfica esperar, nunca se sabe que Lage vamos ter: se o que insiste num 4x4x2 que dificilmente resultaria frente ao Boca Jrs. pelo que se vira antes, se este que montou um onze surpreendente e, com a passagem para três centrais, ajudou a equipa a chegar a um resultado histórico.
Luís Pedro Ferreira, in a Bola