Depois de se lhe terem concedido honras de Panteão Nacional, Eusébio da Silva Ferreira vê agora a sua vida evocada, numa exposição promovida pela sua família, no Torreão Poente da Praça do Comércio até ao próximo dia 30 de setembro.
Numa organização conjunta da associação de cariz social ‘artEUSÉBIOheart’, que dá o nome à iniciativa, e o Museu Benfica – Cosme Damião, a homenagem é inspirada no livro de banda desenhada ‘Eusébio – Pantera Negra’ (1990) da autoria do ilustrador português Eugénio Silva, que recorda de forma original a vida pessoal e desportiva do ‘King’.
Ao todo são dezoito momentos incontornáveis, que sublinham capítulos únicos da sua existência. Da bola de trapos em Moçambique à conquista da Bola de Ouro, passando pela Taça dos Campeões Europeus ou por algumas camisolas que Eusébio usou na sua vida desportiva, nomeadamente a do Benfica e da Seleção Nacional.
Nem mesmo as chuteiras, o passaporte ou um ecrã com os melhores golos «daquele que foi o maior desportista português do século XX» foram esquecidos. Tudo isto numa combinação inédita de arte, vídeo e objetos de grande singularidade documental.
Além disso, uma atrativa instalação de 638 bolas de futebol (número de golos marcados por Eusébio), da autoria do artista plástico Júlio Quaresma, bem como um filme com depoimentos exclusivos da família são algumas das atrações da exposição. O visitante tem ainda à disposição cenários para ‘selfies’ originais e uma área de brindes, promoção e venda de recordações.
A ‘artEUSÉBIOheart’ abre este sábado ao público, das 10 às 20 horas, com um preço único de 5 euros, sendo que a receita da bilheteira reverte para ações sociais da própria associação, representada pela mulher Flora e pelas filhas Sandra e Carla.
«Estamos perante o nosso herói do século XX» – António Simões
António Simões, o «irmão branco» como Eusébio fazia questão de o tratar, foi uma das ilustres presenças na cerimónia e salientou a importância do evento.
«Toda a homenagem que se faça em redor de Eusébio é justa. Esta exposição é mais um episódio de evocar e dar a conhecer o seu estimado legado e fazer perpetuar a sua memória. Realço o caráter singular do evento e no apego da família na sua efetivação. Nesta minha pequenez em relação à grandeza de Eusébio é um privilégio estar aqui a dar o meu testemunho de uma referência extraordinária. Numa espécie de banda desenhada estamos perante o nosso herói do século XX. É muito bonito o país não se ter esquecido disso», sublinhou.
Como amigo da família e companheiro de equipa (e de vida) de Eusébio durante muitos anos, António Simões destacou as qualidades do ‘King’ e aquilo que representa para Portugal:
«Marco presença nesta cerimónia na posse de um duplo sentimento de orgulho e de saudade, tem sido assim e será sempre assim desde o desaparecimento do meu companheiro. Eusébio continua a ser credor de todos os elogios e de todas as homenagens e distinções, ou não tivesse sido ele o maior e mais querido herói popular do século XX português.»
Para além de António Simões e da família do `King`, marcaram presença o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, o apresentador Fernando Mendes, o antigo dirigente encarnado João Malheiro e ex-companheiro de Eusébio no Sporting de Lourenço Marques, Hilário do Conceição.
A BOLA presente na `artEUSÉBIOheart`
Tal como Eusébio se tornou num ícone do desporto, o jornal A BOLA é igualmente uma referência no jornalismo nacional e, como tal, não podia deixar de estar presente nesta exposição.
Numa das páginas de banda desenhada evocadas e também em lugar de destaque numa das vitrines, surge a capa d’A BOLA de 17 de dezembro de 1960, dia em que o saudoso Fernando Cruz dos Santos esperava pelo ‘King’ no aeroporto de Lisboa, antes de começar a fazer história pelo Benfica.
A fotografia tirada nessa mesma noite, e que ilustra a capa do jornal, ficou célebre, num momento onde o antigo jornalista, de bloco e caneta em punho, tirava apontamentos enquanto conversava com Eusébio.
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