Domingos Soares de Oliveira em entrevista
“A BTV vai manter-se como a ambicionámos”
No dia em que a BTV assinala sete anos de existência, o administrador-executivo da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, Domingos Soares de Oliveira, marcou presença nos estúdios do canal do Clube para falar sobre o acordo com a NOS que prevê a cedência dos direitos televisivos em troca de 400 milhões de euros.
“A intenção, das conversas que tivemos com a NOS, foi de explorar bem a marca Benfica, e, portanto, nós hoje temos acordos de distribuição da BTV como um canal completo em cerca de 12 países, depois temos acordo em mais 135 para transmitir os jogos. Portanto, esses 12 países que hoje já conseguem ter um acesso à BTV vão continuar a ter acesso à BTV sendo que os contratos, em vez de serem feitos entre os distribuidores internacionais como era o caso da ZAP em Angola e Moçambique, passarão a ser entre esses distribuidores e a NOS”, começou por esclarecer, não deixando de explicar, de igual modo, a distribuição dos valores transacionados entre as duas entidades durante a vigência do contrato: “Conforme é público no comunicado que fizemos a CMVM, tanto nós como a NOS, o valor é crescente, ou seja, começa num valor abaixo dos 40 milhões e acabará num valor ligeiramente acima dos 40 milhões, mas digamos que não há uma grande variação, não é um crescimento de 50% em cada ano. Portanto é um valor muito próximo dos 40, quer à partida, quer à chegada.”
O contrato celebrado entre o Benfica e a NOS é de 10 anos, mas começa em três e será renovado, se uma das partes assim quiser, de forma automática. Domingos Soares de Oliveira assume o risco e a estratégia. “É sempre uma estratégia de risco fazer um contrato a 10 anos. Nós tivemos essa experiência no anterior contrato de direitos televisivos mas eu diria que na altura foi um acordo possível, o que não é o caso agora. Hoje é um acordo desejado. E se pensarmos um pouco como é que o mercado vai evoluir em termos da concorrência à volta de conteúdos, que é claramente uma das peças chave para conseguirmos ter alcançado o nosso valor, eu não tenho certezas, olhando bem o que é o mercado das operadoras de telecomunicações, tenho até algumas dúvidas, que esta grande concorrência que existe hoje se possa manter em termos futuros. Portanto havia que aproveitar o momento e foi isso que fizemos”, justificou.
Com este novo contrato de direitos televisivos muito se tem especulado sobre o futuro da BTV. O administrador-executivo da SAD levantou a ponta do véu no que concerne a esta temática: “A BTV vai manter-se como canal que nós ambicionámos quando criámos um canal de clube, certamente melhor do que aquele que era em 2008, quando avançámos, mas sem os jogos da equipa A. Aquilo que já conseguimos garantir neste contrato foi ter acesso a estes jogos em diferido, um pouco à imagem daquilo que se faz nas competições europeias em que a partir da meia-noite podemos transmitir os nossos jogos e depois transmiti-los durante algum tempo. O arquivo é nosso, é uma coisa muito importante, porque no anterior contrato o arquivo não era nosso e, no fundo, não nos faltará conteúdo. Não tenho dúvidas nenhumas que o conteúdo das transmissões televisivas sem a equipa A é um conteúdo mais rico. Temos transmissões de todas as modalidades, da equipa B, do Futebol juvenil e será, claramente, um canal de desporto mas simultaneamente um canal de desporto com muito conteúdo Benfica e também um canal de informação.”
O percurso da BTV
Para os adeptos e para os telespectadores, a BTV começou como Benfica TV em 2008. Domingos Soares de Oliveira recordou o trajeto até aos dias de hoje de um projeto que começou uns anos antes de ir para o ar. “Estava recordado de todos os acontecimentos desde 2005, porque, na verdade, o projeto da BTV começa em 2005. Começámos com a ideia de criar um canal de clube, só conseguimos executar em 2008 e depois as circunstâncias foram-nos permitindo criar alternativas e no fundo trazer mais projetos para dentro da BTV. Agora, se me perguntarem se há sete ou 10 anos tínhamos sonhado com este êxito, em ter uma BTV como canal premium, com mais de 300 mil subscritores, que graças à BTV poderíamos potenciar o valor dos direitos televisivos como potenciamos agora recentemente, isso acho que não passava pela cabeça de ninguém em termos objetivos, ainda que pudesse ser uma ambição natural em função dos profissionais que esta casa tem”, lembrou, acrescentado que “o percurso da BTV é absolutamente invulgar, único em termos mundiais daquilo que um canal de clube conseguiu alcançar”. Para o administrador-executivo da SAD Benfiquista, “o trabalho realizado por todos os profissionais é digno de registo, portanto todos estão de parabéns, a começar pelo Ricardo Palacin e a acabar em todos os funcionários”.
Canal premium e a BTV 2
A transmissão dos jogos em casa da equipa principal de Futebol, bem como a Premier League obrigaram o canal a ser pago. O valor é 9,90€ por mês desde essa altura e manteve-se inalterado com novos conteúdos, como são a Ligue 1, a Série 1 e o UFC.
Essa decisão teve coisas boas e más que foram explanadas na conversa tida nos estúdios do canal. “Como canal de clube, o facto de sermos premium, baixámos claramente o número de lares que conseguimos atingir. No passado estávamos num operador que tinha cerca de 1 milhão de clientes, e a BTV, de uma maneira ou outra, chegava a esse milhão de clientes. Aliás estávamos na MEO e na Cabovisão. O facto de a NOS ser o maior operador português do ponto de vista televisivo, creio que chega a 1,5 milhões de lares, desse ponto de vista chegaremos muito mais longe, ou seja, se hoje chegamos a uma média de 300 mil lares, no futuro chegaremos a 1,5 milhões de lares no mínimo. Se o canal só estiver disponível na plataforma NOS, se estiver disponível em todas as plataformas, estamos a falar de 3,5 milhões de lares, e a abrangência será muitíssimo maior do que aquela que era há três anos”, sublinhou.
Com mais conteúdos fora do Universo Benfica, a BTV viu-se na obrigação de criar o segundo canal. Este tem servido, essencialmente, para jogos dos campeonatos inglês, francês e italiano. “O segundo canal foi criado para, no fundo, termos conteúdos internacionais, que só tínhamos os direitos de explorar para Portugal. A Benfica TV, porque voltando a ser um canal de clube a intenção será recuperar o nome, vai manter-se como canal próprio. Relativamente aos conteúdos internacionais ainda não foi tomada uma decisão sobre aquilo que faremos. Sabemos que temos os direitos até 2018 e, portanto, é uma decisão que tomaremos mais à frente sobre se manteremos o segundo canal com estes conteúdos internacionais ou se eventualmente chegaremos a um acordo com quem nos vendeu esses direitos para que essa exploração possa ser feita noutro canal”, revelou.
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