sábado, 14 de janeiro de 2017

UM AZAR DO KRALJ



O André Almeida não passou a bola ao Jonas e a culpa é da Rossana (um romance falhado contado por Um Azar do Kralj)
Um Azar do Kralj propõe que arranque a produção de cachecóis com a hashtag #TiraOSalvio e sublinha a exibição respeitadora da lei de limitação de mandatos do presidente Pizzi, que abdicou do poder após três meses como melhor jogador do campeonato

EDERSON

Bem diz a célebre máxima: tão importante como sabermos para onde vamos é não esquecer de onde viemos, excepto se formos João Vale e Azevedo naquele dia em que foi libertado e detido novamente poucos minutos depois. Ederson, que qualquer pessoa com dois olhos afiança estar a caminho de um gigante europeu, fez hoje um breve regresso aos seus tempos de guarda-redes de equipa pequena, quando, por muito talento que tivesse, algum indivíduo à sua frente fazia borrada. Por seu lado, os adeptos foram coagidos a participar nesta perturbadora experiência de realidade virtual e viram-se subitamente num jogo na Luz há 15 anos atrás. A não repetir.

NÉLSON SEMEDO

Exibição menos inspirada da nossa gazela basculante que, ainda assim, tudo fez para se manter longe de Salvio. Uma despedida inglória do nosso menino, que segue já hoje para Donetsk em troca de 20 milhões e Taison (não digam nada, deixem ver se aparece na capa amanhã).

LUISÃO

Luisão começa a ser o Henrique Granadeiro deste plantel. Ninguém nega a sua importância no balneário, mas já é mais Chairman do que CEO e, se isto der para o torto, não contem com ele para ser arrastado no pântano ou passar dias inteiros em comissões. Jogos como o de hoje mostram que de facto a senioridade pode ser um posto, designadamente uma cadeira aquecida no banco de suplentes.

LINDELOF

A sua primeira ação no jogo de hoje foi uma mão na bola completamente escusada. Acusou o nervosismo provocado por esse lance e jogou pelo seguro, fazendo tudo o que estava ao seu alcance para não intervir nos lances seguintes, não fosse o diabo tecê-las ou o Boavista marcar 3 golos de rajada.

ANDRÉ ALMEIDA

Já todos passámos por isto. Lembram-se? Torneio da escola secundária, 8º ano. Apesar de não seres um génio futebolístico, começaste o jogo na equipa titular. Vais safando como podes, tentando não comprometer. Nenhum dos teus colegas parece especialmente inspirado e os golos vão acontecendo ao mesmo ritmo a que as miúdas giras abandonam a bancada - menos a Rossana. A Rossana acredita em ti e é por isso que, mesmo a terminar a primeira parte, vais apanhar uma segunda bola junto à baliza e ignorar que o melhor jogador da equipa te pediu a bola. Vais fazer a única coisa que aquela situação verdadeiramente permitia, à bola ou ao teu talento: vais rematar contra o guarda-redes, levar as mãos à cabeça e levar um calduço do tipo a quem devias ter passado a bola. A Rossana? Acho que foi ter com o canina às traseiras do pavilhão.

SAMARIS

Todos sabemos que Fejsa tem a compleição física e postura de alguém mais vocacionado para lutar contra ursos no frio siberiano, e é muito por isso que o adoramos. Andreas Samaris, não obstante a exibição esforçada e muito solidária que fez hoje, tem a compleição física e postura de alguém que tenciona explicar ao urso o contexto histórico das lutas entre homens e ursos, pedindo-lhe que dispense 1 hora e 43 minutos para ver Grizzly Man, de Werner Herzog. Fará tudo isto em português fluente e é bem capaz de ficar amigo do urso, distraindo assim todos os adeptos do jogo a que assistimos hoje.

PIZZI

Exibição respeitadora da lei de limitação de mandatos. Após 3 meses em que foi considerado melhor jogador do campeonato, Pizzi abdicou do poder como mandam as regras, pautando a sua exibição pelo estranho equilíbrio de um passe falhado por cada um que efetuou com sucesso. Se é por isso que deixa de ser o maior? Concretiza que não.

SALVIO

A unanimidade dos benfiquistas em torno das suas más exibições começa a justificar um cachecol com o hashtag #TiraOSalvio.

RAFA

Acabara de passar disparado por três adversários quando alguém o puxou pelo braço e disse “Onde é que pensar que vais, Rafael Alexandre? Fica mas é aqui quietinho”. Rafa reclamou falta, pelo menos até perceber que tinha sido Rui Vitória a puxá-lo para se sentar no banco.

JONAS

Rui Vitória levou à letra aquela cantilena do “Benfica ter duas equipas” e pediu a Jonas que se entendesse com Gonçalo Guedes na frente de ataque. O resultado da experiência parece indicar que o ataque do Benfica talvez não tenha duas equipas, mas chega para pelo menos uma muito boa - dupla com Mitroglou. É questão de moderar a bazófia e arriscar nesta aborrecida previsibilidade que valeu dezenas de golos ao Benfica no último ano e meio.

GONÇALO GUEDES

Já alguma vez tentaram ajudar um lituano em apuros? Aconteceu-nos uma vez na rua Augusta. Não percebíamos quase nada do que dizia, gesticulava de forma estranha, a sua respiração ofegante impedia o raciocínio, pedia-nos socorro mas o seu comportamento tornava impossível ajudá-lo. Às tantas lá lhe dissemos “help us help you”. Por sorte ele tinha visto o Jerry Maguire e a coisa acabou toda em amena cavaqueira na esquadra a discutir a acidez do azeite na obra de Cameron Crowe. Olhem, foi uma verdadeira con-fu-são, como a exibição de Gonçalo Guedes hoje.

MITROGLOU

Jogassem todos como ele e teríamos ganho 11-3.

CERVI

Agitou o jogo e fez milhões de adeptos acreditarem que o Benfica-Boavista seria o novo Portugal-Coreia de 1966, apesar de termos andado sempre mais perto do Benfica-Salgueiros de 1996.

ZIVKOVIC

Os adeptos pedem 60 milhões pelo seu passe, mas os pés do jovem sérvio recusam-se a negociar acima dos 15. Tenhamos por isso calma. Procurou agitar o jogo mas pareceu-nos algo perdido. Fez ainda assim um cruzamento exímio para o colega Fábio Espinho, demonstrando que o Benfica tem afinal três equipas em condições de lutar pelo título.

LUÍS FERREIRA

Menos choro, malta. Calha a todos. P’ra semana há mais.

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