quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

JONAS REVELA MAIOR DECEÇÃO AO SERVIÇO DO BENFICA


Jonas ouve Tite com atenção e aposta em gols por vaga na Copa: "Tempo é curto"
Atacante é o maior artilheiro brasileiro na Europa e supera também estrangeiros na temporada de todas as grandes ligas: "Eu me apego às declarações dele, que ninguém está descartado"
onas jamais esteve numa lista feita por Tite, mas se apega ferrenhamente a cada palavra dita pelo treinador da seleção brasileira. Ele e sua comissão técnica costumam repetir o discurso de que ainda há vagas para a Copa do Mundo, que todos ou pelo menos muitos jogadores ainda estão sendo observados. E é aí que Jonas crava as unhas. É onde a esperança reside. Para convencer de que pode, sim, fazer parte do grupo que vai para a Rússia, o atacante do Benfica vende o peixe da maneira mais plausível para um jogador da posição. Com gols.
Em 32 partidas disputadas na atual temporada, Jonas balançou as redes 28 vezes. É o brasileiro com mais gols na Europa inteira. Se levarmos em conta o rendimento dos jogadores dentro apenas das principais ligas do continente, ele também é o artilheiro: tem 25 gols no Campeonato Português. Harry Kane, do Tottenham, que marcou 22 no Inglês, é quem chega mais perto.
- Eu sempre sonhei jogar a Copa do Mundo. A gente sabe que, com o Tite, não fui convocado nenhuma vez. Mas eu me apego muito às declarações dele sobre quem joga em alto nível nos clubes poder ser convocado, que nada está descartado.
Muita gente pergunta se pode ter surpresa, e ele afirma que sim. A gente se apega a isso.
-É um objetivo meu voltar para a Seleção, pensando em Copa do Mundo. Estou com 33 anos, completo 34 em abril, então essa seria a última oportunidade. Depois vou estar com 38, nem sei se vou estar jogando bola ainda. Sei que o tempo é curto - confessou Jonas, por telefone, ao GloboEsporte.com (a íntegra da entrevista está no fim da reportagem).
 (Foto: infoesporte)

Além disso, Jonas não sabe o que é sair de campo sem fazer ao menos um gol desde dezembro do ano passado (derrota por 2 a 0 para o Basel, na Champions). De lá para cá, marcou em todas as partidas que disputou.
  • Benfica 5 x 1 Rio Ave (Português) - ⚽
  • Belenenses 1 x 1 Benfica (Português) - ⚽
  • Benfica 3 x 0 Chaves (Português) - ⚽⚽
  • Braga 1 x 3 Benfica (Português) - ⚽
  • Moreirense 0 x 2 Benfica (Português) - ⚽
  • Benfica 1 x 1 Sporting (Português) - ⚽
  • Benfica 2 x 2 Portimonense (Taça da Liga) - ⚽
  • Tondela 1 x 5 Benfica (Português) - ⚽⚽
  • Rio Ave 3 x 2 Benfica (Taça de Portugal) - ⚽
  • Benfica 3 x 1 Estoril (Português) - ⚽
Aos 33 anos, Jonas foi convocado tanto por Mano Menezes quanto por Dunga e tem 12 partidas com a seleção brasileira. A última foi na goleada por 7 a 1 sobre o Haiti, na Copa América de 2016, quando foi inclusive titular. No total, foram três gols marcados.

A CBF divulgou na terça-feira passada a
agenda de fevereiro de Tite e sua comissão. Jogadores como Talisca (Besiktas), Malcom (Bordeaux) e Willian Jose (Real Sociedad) estão no radar e serão observados de perto nesse período. Por enquanto, nada de Jonas.
- Eu comento com muita gente aqui, todo mundo pergunta para mim se tenho condições de ir para a Seleção. A minha resposta é: "A seleção brasileira é muito difícil porque tem muitos jogadores bons, jogadores fantásticos". Ainda mais na minha posição. É claro que a concorrência é maior em relação a outras seleções. Mas só por estar falando meu nome, confesso que fico feliz. Se for para ser, será com muita naturalidade - admite ele.
Carinho por Renato Gaúcho e aposentadoria no Benfica
Lá se vão quase quatro anos desde que Jonas foi anunciado pelo Benfica. Nesse período, disputou 143 jogos e marcou 113 gols, números que o colocam como segundo maior artilheiro estrangeiro do clube (atrás apenas do paraguaio Oscar Cardozo, que tem 172) e 15º no geral - faltam cinco gols para ultrapassar Joaquim Teixeira, atacante do time nos anos 40.
Com o brasileiro no time, o Benfica foi campeão português em todas as três temporadas. E na atual, está a dois pontos do líder Porto. É óbvio que tudo isso deu ao camisa 10 o status de ídolo. Um carinho bastante recíproco, por sinal. Tanto é que os planos, ao menos no momento, são de encerrar a carreira no clube.
- Meus planos hoje são ficar o máximo de tempo possível aqui. Eu estou muito feliz aqui, sabe. Tenho vivido aqui os melhores momentos da minha carreira, tenho um carinho enorme por esse clube, respeito, amor. Minha relação é muito forte com o Benfica. Então passa pela minha cabeça encerrar a carreira aqui - conta ele, que tem contrato até junho de 2019.
Jonas confessa, por outro lado, que o futebol é dinâmico e não descarta jogar o último ano da carreira em um clube brasileiro. Como o Grêmio, por exemplo, clube pelo qual foi artilheiro do Brasileiro em 2010 no ano mais goleador da vida (42 gols) e onde trabalhou com Renato Gaúcho. Segundo ele, um dos com quem mais aprendeu.
- Ele sabia conduzir o grupo como ninguém, me deu muita confiança, muita liberdade em campo, muita mesmo. "Do meio para a frente, você joga do jeito que quiser, solto, sempre em busca do gol, sempre próximo do gol". Inclusive, acabei sendo o artilheiro aquele ano por causa do trabalho fundamental dele - relembra ele com um carinho singular.
Abaixo, você confere a íntegra da entrevista com Jonas:
GLOBOESPORTE.COM: Você é o brasileiro com mais gols na Europa (28), é o artilheiro das maiores ligas do continente (25 gols), artilheiro do Benfica na temporada... Você acompanha esses números e a repercussão deles?
JONAS: Sim, eu acompanho bem, comparo com os outros anos que eu estou aqui em Portugal e gosto sempre de estar atento. Porque faz com que, no dia a dia, eu procure trabalhar mais para ter mais números importantes aqui. Eu analiso bem, jogos, partidas, quantos gols eu tenho. Trabalho essa matemática e fico atento a esses números individuais.
E como você explica esse bom rendimento por tantos anos seguidos? Você tem 28 gols na temporada, terminou a última com 18 e as anteriores com 36 e 31.
É o trabalho do dia a dia mesmo.
Sou o primeiro a chegar e o último a sair dos treinos.
Faço um trabalho intenso no clube todos os dias, durante a semana, antes dos jogos. Durante os jogos eu procuro ser intenso os 90 minutos. Então eu atribuo essa boa fase aqui em Portugal a isso. Estou muito feliz mesmo, o pessoal aqui tem um carinho muito grande por mim. Eu tenho trabalhado muito para que esses números possam aparecer.
É verdade que você aprendeu muito com o Renato Gaúcho no tempo em que vocês trabalharam juntos no Grêmio?
Uma pena que foi só um ano. Nem um ano chegou a ser, foram meses, porque depois eu fui para o Valencia. Mas foi uma relação muito, muito boa. Ele me ajudou porque, quando chegou lá, o Grêmio não estava bem no Brasileiro. A gente tinha vencido o Gaúcho, mas não estava bem no Brasileiro. A contratação dele foi um peso para o clube, porque ele é o maior ídolo. Acabou que aquilo nos deu uma reviravolta, nós terminamos em quarto, fomos para a Libertadores. E ele conversava muito comigo, sabe. Ele me dava muitas dicas...
De atacante para atacante.
Exatamente. Sempre com aquele jeito brincalhão dele, brincava comigo: "Quem viu a 7 do Grêmio com o Renato agora vai ver o Jonas". Esse jeito dele deixava a gente mais solto, bem mais confiante. Ele sabia conduzir o grupo como ninguém, me deu muita confiança, muita liberdade em campo, muita mesmo. "Do meio para a frente, você joga do jeito que quiser, solto, sempre em busca do gol, sempre próximo do gol". Inclusive, acabei sendo o artilheiro aquele ano por causa do trabalho fundamental dele.
E talvez tenha te ajudado muito principalmente naquele momento da sua carreira, quando um jornal espanhol te chamou de pior atacante do mundo.
Foi um pouco depois (a chegada do Renato). Mas eu queria também ter um ano de firmação no Grêmio. Eu fazia boas temporadas, mas não era aquela temporada que eu queria, que eu tinha como objetivo, de ser o destaque. E no ano de 2010 eu fui, pelas mãos dele.
Coincidência ou não, aquele foi o ano em que você mais fez gols.
Sim, 42 gols. O ano em que eu mais fiz gols. Foi muito pelo trabalho dele. Eu comecei bem o Gaúcho com o treinador Silas, mas o Silas acabou sendo mandado embora, e aí veio ele. Acabei fazendo mais gols e sendo o artilheiro do Brasileiro, do ano. Foi um ano que eu almejava e buscava muito.
Será que dá para ultrapassar essa marca nessa temporada?
Cara, eu penso em melhorar a cada temporada. Como agora a gente está só no Português, faltam 13 jogos, e eu estou com 28 gols. Tomara que eu possa manter a média para, quem sabe, passar os números dessa temporada.
Mudando de assunto. Na contramão desse seu momento, o Benfica viveu uma grande decepção na temporada, que foi a eliminação na primeira fase da Champions com seis derrotas. Foi sua maior decepção no clube?
Foi minha maior decepção aqui no Benfica porque, nos anos anteriores, a gente fez boas campanhas na Champions. E aí cria a expectativa de, a cada ano, chegar mais próximo às fases finais. Nos dois últimos, chegamos às oitavas e às quartas. Como esse ano foi atípico porque perdemos os seis jogos, foi muito frustrante e decepcionante. Nós todos, presidente, jogadores, ficamos muito tristes pela campanha. Mas a gente não esteve à altura da competição mesmo, não fez bons jogos. Não tivemos qualidade, concentração...
E qual foi o motivo desse vexame? Conseguiram chegar a alguma conclusão?
Foi uma soma. No primeiro jogo em casa, a gente estava vencendo, mas nos minutos finais perdemos. Apesar de termos jogado melhor. Quando perde o primeiro jogo em casa assim, condiciona muito. No segundo tomamos 5 a 0 para o Basel. Não digo que jogamos a toalha ali, mas tínhamos ainda dois jogos com o Manchester United. Quer dizer, nós perdemos para os dois rivais com quem a gente poderia estar brigando para classificar. Isso nos deixou muito para baixo, e aí perdemos os dois jogos contra o United, que não é nada tão absurdo. E nos dois últimos jogos, quando estávamos praticamente desclassificados, perdemos também.
Falando em decepção, sua última convocação para a Seleção foi naquela Copa América de 2016. Quais são as chances de você conseguir jogar a Copa do Mundo desse ano?
Eu sempre sonhei jogar a Copa do Mundo ou de estar na Seleção e fazer meu trabalho ali para disputar as competições. A gente sabe que, com o Tite, não fui convocado nenhuma vez. Mas eu me apego muito às declarações dele que quem joga em alto nível nos clubes pode ser convocado, que nada está descartado. Muita gente pergunta se pode ter surpresa, e ele afirma que sim. A gente se apega a isso. Por mais que eu não tenha sido convocado, me apego muito ao meu momento e a ele estar atento aos jogadores. É um objetivo meu voltar para a Seleção, pensando em Copa do Mundo. Estou com 33 anos, completo 34 em abril, então essa seria a última oportunidade. Depois vou estar com 38, nem sei se vou estar jogando bola ainda. Sei que o tempo é curto, não fui convocado nenhuma vez com o Tite, e só tem uma convocação antes da Copa. Mas me apego às declarações dele. Essa é a minha esperança.
Muita gente te considera um jogador injustiçado por isso. Concorda?
São opiniões, a gente respeita. Acho que, durante toda a minha carreira, nos momentos em que eu estive bem, fui convocado. Esse é um momento que eu estou bem também. Se vier, seria um prêmio. Se não vier, vou torcer do mesmo jeito. A gente sabe que é muito difícil estar na nossa Seleção, com grandes jogadores. Temos jogadores que ficam fora mesmo jogando em alto nível. Não só aqui na Europa, no Brasil também. Então eu não diria injustiçado. Se o treinador que estiver lá achar que há essa possibilidade, maravilha. Se não, vai optar por outro. A disputa é grande.
Ainda mais na sua posição...
Exatamente, atacante. Eu comento com muita gente aqui, todo mundo pergunta para mim se tenho condições de ir para a Seleção. A minha resposta é "cara, a seleção brasileira é muito difícil porque tem muitos jogadores bons, jogadores fantásticos". Ainda mais na minha posição. É claro que a concorrência é maior em relação a outras seleções. Mas só por estar falando meu nome, confesso que fico feliz. Se for para ser, será com muita naturalidade.
Encerrado o assunto Seleção, vamos falar um pouco sobre planos na carreira. Seu contrato com o Benfica termina em junho de 2019. Quais são seus pensamentos? Pretende encerrar a carreira aí?
Meus planos hoje são ficar o máximo de tempo possível aqui. Eu estou muito feliz aqui, sabe. Tenho vivido aqui os melhores momentos da minha carreira, tenho um carinho enorme por esse clube, respeito, amor. Minha relação é muito forte com o Benfica. Então passa pela minha cabeça encerrar a carreira aqui. Tenho mais um ano de contrato, mas claro que vai depender muito de como vai terminar essa temporada, como vou estar na outra. Minha relação com o presidente é muito boa, maravilhosa. Se for ampliar meu contrato, é porque tenho feito bons trabalhos. Caso contrário, terminar aqui tem passado pela minha cabeça.
Então, talvez só tenhamos novidades ao fim da temporada, certo?
Exato, porque eu tenho mais um ano de contrato. E como eu disse, minha relação é muito boa com o presidente. Nos últimos anos tem sido assim, eu acabei renovando duas vezes bem nesse lado da amizade, não teve muita discussão. Eu estou bem tranquilo. Não sei se vai ser agora, daqui a seis meses quando terminar a temporada ou até mesmo na outra.
Isso quer dizer que dificilmente veremos Jonas atuando em clube brasileiro novamente?
De uma certa forma, eu também gostaria de jogar um estadual ou até mesmo uma temporada, um ano. Porque eu sinto saudade do Brasil, acompanho muito o futebol brasileiro. Tenho carinho pelo Guarani, um carinho enorme pelo Grêmio. Mas acho que hoje eu penso em terminar aqui. Agora, a gente sabe que, no futebol, não dá para cravar. Há uma pequena possibilidade de terminar no Brasil, no máximo um ano, seis meses em algum clube. Mas a maior probabilidade seria terminar aqui mesmo.

Globoesporte.com

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