quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O PIOR DO FUTEBOL É O TOPO


"Bruno de Carvalho exagera o cerco que lhe fazem dentro de um clube onde foi eleito com mais de 86% dos votos. É um demagogo com discurso confuso mas não pode ser acusado de ser timorato: exigiu ontem um plebiscito. Se não lhe derem tudo - ele disse-o, e claramente -, nada! Demite-se. É certo que é no futebol e tudo se esquece na próxima jornada, mas há sempre um risco. O que ele disse e repetiu e repetiu, sentado em conferência de imprensa e à saída, a jornalistas para gagos das orelhas, microfones estendidos para confirmarem o que fora dito há três minutos, só tem uma leitura. Bruno de Carvalho disse o que talvez lhe seja atirado à cara se não cumprir, ele disse e balizou quantitativamente sem margem para dúvidas: se na próxima assembleia geral do Sporting três em quatro votos não estiverem com ele em todas as votações, demite-se e não volta a candidatar-se. Nunca mais.
Mas é futebol e, neste, nunca pode dizer-se sempre. Em todo o caso é um risco. Um risco que só ele hoje pode correr, e nenhum dos dois outros presidentes dos três grandes se podia permitir. O do Sporting pode, por falta de comparência de alternativas e por ele, Bruno de Carvalho, dar esperança aos sócios. O mais frágil dos três clubes grandes, apesar da contumaz fragilidade desportiva e da crise directiva que agora rebentou, acaba por ter uma estabilidade interna que nem Pinto da Costa nem Luís Filipe Vieira têm garantida. Aquele por estar usado pela idade, este por suspeitas judiciais (e não desprezem o caso dos e-mails) - nem um nem outro estariam hoje capazes de ameaçar com "eu ou o dilúvio."
Tudo somado não augura nada de bom para uma das mais fortes paixões nacionais. Tudo somado deixa-nos perplexos como tanta mediocridade consiga ter maior audiência do que uma conversa entre Miguel Esteves Cardoso e Bruno Nogueira (olhem, hoje há outra, na RTP 1) e sirva de cortina para esconder a beleza de William de Carvalho a esconder uma bola (olhem, todas as semanas há um concerto)."

Sem comentários:

Enviar um comentário