terça-feira, 15 de outubro de 2019

UM AZAR DO KRALJ


Portugal e o jogo de caridade dos amigos de Jorge Mendes contra os amigos de Shevchenko (por Um Azar do Kralj)
Eis então a análise de Vasco Mendonça ao jogo que Portugal perdeu por jogar pouco coletivamente e individualmente também. É ler o que o cronista da Tribuna Expresso escreve a propósito de Pepe, Raphael Guerreiro, João Mário, Moutinho e, sim, João Félix.


Rui Patrício
Fez tudo o que estava ao seu alcance para evitar títulos como "Portugal volta à calculadora", "Contas difíceis para Portugal", ou "Fernando Santos considera resultado injusto", mas não foi suficiente.
Nelson Semedo
Deu profundidade ao ataque, defendeu o seu corredor muitas vezes sem grande ajuda, e desobedeceu como pôde às instruções de Fernando Santos para que repetisse as suas acções em campo até nos matar de tédio. Podíamos pedir mais, mas talvez não hoje.
Pepe
A sua primeira parte pareceu-se um pouco com a participação num jogo de caridade envolvendo os amigos de Shevchenko contra os amigos de Jorge Mendes. Acabou por corrigir na segunda metade, evitando que a Ucrânia traduzisse injustamente em mais golos a sua superioridade ao longo do jogo.
Ruben Dias
Bom desarme aos 59. 'Aos 63' conseguiu a invulgar proeza de questionar a decisão do árbitro em assinalar uma falta, tudo isto enquanto ainda cometia a referida falta, designadamente com o cotovelo enfiado na nuca de um adversário. Fez por não causar embaraços ao seu pais, mas nem sempre foi fácil. Há uma expressão sua no segundo golo que diz tudo, um breve esgar de dor de quem ainda sofre, mas aos poucos se vai habituando a estas figuras sempre que visita o leste da Europa.
Raphael Guerreiro
Fez muito bem em tirar o dia. A vida não é só trabalho.
Danilo
Pareceu quase sempre pouco divertido com algumas das rabias desenhadas pelos ucranianos sedentos de bola, logo ele que é um atleta sorridente. Não obstante ter travado um combate digno no meio campo, foi um remate seu à trave que quase permitiu a Fernando Santos aparecer sorridente na sala de imprensa.
Se a FIFA não fosse profundamente corrupta, aquela receção aos 15' de Félix teria dado golo (por Um Azar do Kralj, que chora por João)
Então, aqui vai a análise de Vasco Mendonça a mais um jogo da seleção. E é uma análise em que cabe uma viagem ao golo anulado a Cristiano Ronaldo contra a Espanha por causa de um toque de Nani. Imaginem que aquele chapéu de sexta-feira tinha sido o 700? Pois
Moutinho
Faz-me lembrar aqueles versos da Sophia de Mello Breyner:
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar,
Em especial os que perdi a ver jogos do João Moutinho na seleção.
João Mário
Aposto que os ucranianos não se prepararam para ver João Mário jogar tão avançado no terreno. A sorte deles foi que João Mário também não, caso contrário podia ter corrido muito mal.
Bernardo Silva
Não sei o que é mais doloroso: ver Bernardo Silva agrilhoado por uma combinação de talento ucraniano e falta de ideias portuguesa, ou o facto de isso me ter levado a procurar a canção dos Delfins, "Soltem os prisioneiros", cuja versão ao vivo estou a ouvir há demasiado tempo. E agora vou rever os cruzamentos repetitivos do Bernardo Silva enquanto choro.
Gonçalo Guedes
Nada diz "quero ganhar na Ucrânia" como substituir um dos nossos melhores marcadores ao intervalo. Não que tivesse feito assim uma primeira parte estonteante, mas as ocasiões em que não combinou com João Mário deram a entender que tinha algo mais para dar ao jogo.
Cristiano Ronaldo
Aposto que foi assim que ele imaginou o golo 700 da sua carreira: um penalty sensaborão num estádio cheio, em êxtase, a cantar em uníssono o nome daquele que ficará na história como um grande futebolista chamado Andriy Shevchenko.
João Félix
O seu primeiro toque na bola foi um corte a remate de Bernardo Silva, e mesmo assim foi das suas melhores intervenções.
Bruno Fernandes
Cumpriu à risca as instruções de Fernando Santos, assumindo-se como uma versão de João Mário com pior feitio.
Bruma
A minha forma de estar na vida ao longo destes últimos tem passado, no essencial, por não contar com o Bruma para resolver os problemas com que me vou deparando. Até hoje sempre me dei bem, mas essa convicção foi testada esta noite. Dei por mim quase a acreditar que íamos virar o resultado sem saber ler nem escrever, tudo por causa de um extremo esquerdo meio estouvado que fez o que mais ninguém conseguiu: agitou o jogo e fez os ucranianos duvidarem por breves instantes de que a qualificação estava no papo.
Um Azar do Kralj, in Tribuna Expresso

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