segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

“DAR CONSISTÊNCIA E CONTINUIDADE ÀS BOAS EXIBIÇÕES”


     PIZZI: "CONTINUAR A FAZER O QUE MOSTRÁMOS NA LIGA"
FUTEBOL
O camisola 21 do Benfica deu conta da determinação e da grande vontade da equipa de ganhar ao Zenit e qualificar-se para a Liga Europa.
Esgotadas as hipóteses de apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões, o Benfica bate-se na última jornada da fase de grupos por um resultado que lhe permita continuar nas provas da UEFA em 2019/20, transitando para a Liga Europa. A motivação está no máximo, assegura Pizzi.
"Estamos num bom momento, com muita dinâmica, a jogar um bom futebol. Este último jogo no Bessa [vitória por 1-4] foi uma demonstração categórica da nossa qualidade, da nossa força, do nosso trabalho", observou o camisola 21 das águias em conferência de Imprensa, e na antevisão à BTV, no Estádio da Luz, onde nesta terça-feira, pelas 20h00, o Campeão recebe a formação de São Petersburgo na 6.ª e última jornada do Grupo G da Champions.
"Contamos desde o primeiro momento com o apoio do nosso público", salientou Pizzi, que prefere pensar essencialmente no caminho para alcançar um triunfo perante o Zenit e não tanto nas contas de qualificação para a Liga Europa, que são estas: se o Leipzig vencer o Lyon em França, o Benfica apenas precisa de vencer o Zenit (por qualquer resultado); se o Leipzig não vencer, os encarnados têm de ganhar aos russos por 2-0 ou por três golos de diferença.
Conferência Pizzi
Como encaram este jogo de fecho de contas do grupo da Liga dos Campeões, mas que quase parece uma segunda mão de uma eliminatória, visto que há vários resultados que podem valer ao Benfica o apuramento para os 16 avos de final da Liga Europa?
A equipa tem de se manter fiel ao que temos vindo a trabalhar ultimamente, às ideias que o míster quer pôr em prática neste jogo. Isto é o mais importante. Se nos focarmos muito nos resultados [deste jogo e do jogo entre o Lyon e o Leipzig] podemos descontrolar-nos um bocado e não pensarmos tanto no nosso objetivo, que é entrar fortes, determinados, focados na nossa maneira de jogar e ganhar. É este o pensamento de todos, só uma vitória nos interessa.
Os benfiquistas despedem-se por estes dias de um dos heróis do Clube, Rogério Pipi, que faleceu no domingo. Isto pode mexer com as bancadas e com a equipa?
Os jogadores que estão há mais tempo ligados ao Clube têm noção desse simbolismo, mas todos sabemos que, acima dessa situação extra, vai ser um jogo muito importante para nós. Contamos desde o primeiro momento com o apoio do nosso público. Esperamos que compareçam em massa. Vamos tentar fazer um grande jogo, entrar muito fortes e dar uma alegria a estes adeptos, que bem merecem.
Conferência Pizzi
De fora vê-se um Benfica em crescimento...
O futebol é uma coisa complexa, não se pode avaliar apenas por aquilo que os olhos veem num determinado momento. Há muito mais coisas que pesam numa avaliação. Estamos num bom momento, com muita dinâmica, a jogar um bom futebol. Temos de continuar a fazer o que mostrámos na Liga. Este último jogo do Bessa foi uma demonstração categórica da nossa qualidade, da nossa força, do nosso trabalho. Vamos tentar repetir com o Zenit, entrar fortes, determinados, com muita vontade de vencer, e oxalá no final possamos festejar a passagem aos 16 avos de final da Liga Europa.
Analisando as últimas temporadas, o que falta ao Benfica para dar o passo seguinte e afirmar-se na Liga dos Campeões?
Já passei por momentos em que fomos eliminados na fase de grupos e nem à Liga Europa fomos, mas também tive a felicidade de chegar aos quartos de final da Champions. O que falta e o que nos faltou foi um pouco de mentalidade. Na Liga dos Campeões temos de nos soltar ainda mais, demonstrar ainda mais a nossa qualidade, porque do outro lado estão equipas muito fortes, com muita qualidade e que de um momento para o outro podem decidir um jogo. Faltou-nos uma mentalidade ainda mais competitiva, ainda mais positiva para conquistarmos as vitórias. Também houve momentos em não tivemos muita sorte, como sucedeu em Leipzig, onde fizemos um jogo muito bom, tirando os minutos finais.
Conferência Pizzi
Na preparação para o Zenit, a mentalidade de que fala foi o ponto em que o treinador mais insistiu?
Uma das coisas que o míster sempre nos pede é que não deixemos de fazer em campo aquilo que somos capazes. Temos de transportar para o campo e para o jogo tudo aquilo que mostramos no dia a dia. Ou seja, fazermos as coisas que nos saem naturalmente nos treinos, onde a pressão é diferente. Passar essa forma de treinar para o jogo. É isso que temos de fazer. Fizemos um grande jogo no Bessa na sexta-feira, e frente ao Zenit queremos entrar com essa mentalidade positiva e dar mais uma alegria aos adeptos.
A motivação dos jogadores é maior nestes jogos da Liga dos Campeões do que na Liga Europa?
Toda a gente sabe que a Liga dos Campeões é a maior competição europeia a nível de clubes. Todos os jogadores no mundo vão dizer que a maior motivação que têm é poder jogar numa Liga dos Campeões. No entanto, não conseguimos a qualificação para a próxima fase, e agora o nosso foco tem de ser ganhar este jogo com o Zenit e atingir o próximo passo, que é a passagem à Liga Europa, para depois podermos pensar em fazer nessa prova uma grande campanha como na época passada.
Conferência Pizzi
Tem sido um jogador preponderante na equipa nesta época, mas nem sempre foi titular na Liga dos Campeões. Acha que poderia ter tido um papel diferente nesta prova?
Temos um plantel recheado de excelentes jogadores, mas não podem ser todos titulares, isso já depende das opções do míster Bruno Lage. Temos um grupo fantástico, que se respeita muito. Todos trabalham diariamente para ter a sua oportunidade. Não sou, nem de perto nem de longe, um jogador que se considera intocável. Sempre que entro, seja de início ou durante a partida, procuro dar o máximo para ajudar o Benfica a concretizar os seus objetivos. Todos os jogadores têm de estar preparados para entrar na equipa, ser suplentes ou ficar na bancada. Quando um jogador é chamado, tem de estar preparado. Trabalho todos os dias no máximo para merecer a confiança do míster. No Benfica não há intocáveis. Temos um grupo com muito talento, muita vontade de jogar e demonstrar a sua qualidade. O nosso foco é trabalhar todos os dias, cada um no seu máximo, para depois merecer a confiança do míster e poder estar no onze titular.      


O Benfica entra na 6.ª jornada do Grupo G da Liga dos Campeões com possibilidades de continuar nas competições europeias. É com a porta da Liga Europa aberta que o treinador Bruno Lage anteviu o jogo desta terça-feira (20h00) com o Zenit.
O técnico revelou o que quer da equipa nesta partida, recordou Rogério Pipi e o passado glorioso do Clube na Europa, e analisou os pontos fortes do conjunto russo.
Ao Benfica parece uma segunda mão de uma eliminatória porque o número de golos marcados influencia a continuidade na Europa; o Zenit precisa de vencer para depender só de si. Que tipo de jogo é que este cenário pode proporcionar?
Pode ser um filme completamente diferente do que é um jogo normal. Importante é o que podemos fazer e a nossa ambição tem de ir ao encontro do que temos feito ultimamente. Temos de dar consistência e continuidade às boas exibições, e ver este tipo de jogos como oportunidades e não com receio de que algo possa correr menos bem. É esta mentalidade que temos de ter para sermos consistentes em Portugal e nas provas europeias. Temos de ter a intenção de vencer e conquistar os três pontos, e depois olharemos para a classificação.
Os minutos destes jovens nesta edição da Liga dos Campeões refletem-se em quê no futuro destes ao serviço do Benfica nesta competição?
As críticas passam-me ao lado. O volume de trabalho, a preparação para o jogo e o que acontece no jogo não me dá espaço para mais nada. O que eu sinto não é em função dos jovens, mas sim em função das opções. As pessoas entendem que, em cada momento, não foi apresentada a melhor equipa. A nós, cabe-nos decidir. O que é a melhor equipa? A que jogou e venceu o Sporting por 5-0? É que essa está completamente diferente da que venceu no Bessa. Por isso, com jogos de três em três dias, e com os jogadores a darem respostas diferentes após cada jogo leva-nos a ter de decidir de forma diferente. Falou-se na ausência do André Almeida e do Rafa em alguns jogos e agora temos os dois lesionados. Nós sabíamos o que estávamos a fazer. O que interessa é, independentemente das críticas, estarmos conscientes do que estamos a fazer.
Dias de muita tristeza com a despedida de Rogério Pipi. Isso certamente vai mexer com as bancadas, mas o plantel tem noção da carga emocional e do simbolismo deste jogo?
Eles são muito jovens e não sei se têm conhecimento disso. Em termos nacionais, é uma referência do Benfica. Daquele Benfica que nós trabalhamos todos os dias, arduamente, para voltar a ser. Para além do nosso registo em termos nacionais, queremos ter um registo muito bom ao nível internacional. É uma referência que se perde e nós temos de olhar para o passado, mas sempre com a perspetiva de voltar a ter um futuro, em termos internacionais, tão bonito como foi o passado.
Vai tentar motivar a equipa tendo em conta a perda [Rogério Pipi] para o futebol do Benfica?
Depende, mas o Benfica foi grande e tem de voltar a ser grande em termos internacionais. O nome do Benfica vale por jogadores que fizeram essa história. Os jogadores que vêm para cá têm de saber o passado, perceber a grandeza do Benfica e trabalhar arduamente. O nosso maior adversário é estarmos preocupados com as consequências das nossas ações. Isso leva-nos ao medo. A equipa, quando não tem medo e encara os desafios como oportunidade, apresenta-se bem. Temos de deixar de lado um passado recheado de sentimentos negativos e olhar para as oportunidades como forma de conquistarmos coisas que ainda não conquistámos.
Pizzi e os outros jogadores que completam o onze "mais forte" do Benfica vão estar amanhã [terça-feira] em campo?
Eu respondo com uma pergunta: Qual é o onze base? É o onze que venceu o Sporting na Supertaça ou o onze que venceu agora no Bessa? Se olharmos para um onze e depois olharmos para o outro, passados três meses, faltam-nos cinco jogadores por várias razões. O mais importante é entenderem que, do nosso lado, tudo fazemos para tomar as melhores decisões e a jogar de três em três dias, sinto que as melhores decisões foram tomadas. Não podemos adivinhar o desgaste que vai acontecer de um jogo para o outro. Depois de cada encontro temos de fazer uma análise do desgaste de cada jogador, que tipo de consequências é que o jogo traz e nós a jogarmos com poucos dias de intervalo temos de tomar as melhores decisões.
É determinante um Benfica a entrar forte e a marcar cedo? Caso os golos não apareçam cedo, como se gere a ansiedade?
As entradas fortes têm de acontecer sempre. Ainda na última antevisão falámos nisso. Mais do que entrarmos fortes, temos de ser consistentes ao longo dos 90 minutos. Temos de sentir que a pressa não resulta, o adversário é muito competente, não vamos marcar dois golos de uma vez, mas sim um golo de cada vez. Temos de ser agressivos com bola, procurar os espaços que o adversário nos oferece; sem bola, temos de ter uma atitude determinada e pressionante. Independentemente da competição e do adversário, a nossa atitude tem de ser sempre a mesma.
Enquanto treinador do Benfica e atual líder do Campeonato, como viu as declarações de Sérgio Conceição?

Eu olho para aquilo que nós fazemos. A nossa forma de trabalhar é um jogo de cada vez. Agora é o desafio com o Zenit, terminando temos a partida seguinte com o Famalicão. Queremos somar os três pontos nos dois jogos e fazer evoluir a equipa para que seja consistente ao longo da época.
Quantos jogos do Zenit viu na preparação para este encontro e a que conclusões chegou?
Vi muitos. O que o Pizzi disse são aspetos a ter em conta: saída longa interessante; dinâmica forte com os quatro homens da frente; a grande referência na bola aérea [Dzyuba] procura os nossos laterais para disputar aí as bolas no ar; força nas segundas bolas e muitos jogadores a atacar a profundidade; solidez a defender. Acima de tudo é uma equipa muito experiente e que vale pelo coletivo.
Num período de seis meses, Vinícius foi uma contratação muito contestada. Depois lesionou-se e agora é visto como uma solução. Como é que o treinador gere a cabeça do jogador que tem 24 anos, mas que começou mais tarde profissionalmente?
Temos de entender aquilo que é o dia a dia de um jogador e, às vezes, até aquilo que é o adepto e o público em geral a cobrar. Cobra-se muito nos avançados. A cada jogo, a equipa vence, o avançado não marca golo e isso, para o avançado, não é a mesma coisa e não tem o mesmo sabor. Os avançados são os jogadores que tocam menos vezes na bola, disputam o jogo com dois centrais normalmente, veem o jogo de costas para a baliza adversária, observam a equipa a preparar a jogada, estão a ver os alas a subir até à linha de fundo, têm de calcular e retirar adversários do caminho para atacar no tempo certo. Se a bola não chega em condições, o ponta de lança tem de voltar para trás. A vida de um avançado é isto. Quando estamos num momento muito bom, como está o Vinícius, temos de tirar partido disso, mas quando se está num momento menos bom, o avançado nunca se pode esquecer daquilo que é o trabalho coletivo para a equipa e que o golo não é apenas uma consequência do trabalho individual, mas sim do trabalho coletivo.
Considera que poderá ser mais fácil para o Benfica o facto de o Zenit ter algumas ausências para este jogo?
                     

As ausências fazem parte. As grandes equipas têm planteis compostos por grandes jogadores. Quer da parte deles, quer da nossa quem entrar em campo vai dar uma boa resposta. Estamos preparados para isso, mas seria uma surpresa, em função das ausências, o Zenit jogar com uma linha de cinco defesas. Tudo pode acontecer e, como tal, preparamos todos os cenários tendo em conta o registo da equipa em termos nacionais e internacionais.
Tendo em conta que este é um jogo complicado e é importante que o Benfica não sofra golos, a equipa está preparada para marcar vários golos se acabar por sofrer algum?
A equipa tem de estar preparada para tudo. Vamos jogar frente a uma equipa que é sólida a defender. Se entrarmos no meio-campo ofensivo do adversário e estivermos fechados em determinado corredor, não vamos bater contra o muro. Temos de ter a capacidade de atrair e criar os espaços para depois chegar às zonas de finalização. Independentemente daquilo que foi o primeiro jogo, a equipa tem de manter sempre o equilíbrio, principalmente na vigilância aos homens mais ofensivos, porque são muito fortes e rápidos nas transições. A nossa preparação para todos os jogos é feita a prever todos os cenários, todas as situações e depois há que estar preparado da melhor maneira para darmos boas respostas.

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