"A perder por 2-0, o Benfica, nos últimos da partida, mudou o rumo do encontro
O Benfica iniciou o Campeonato Nacional 1972/73 de forma imperial. Os 'encarnados' venceram os oito primeiros jogos, golearam em seis e tinham uma média superior a quatro por jogo. Mesmo perante adversários que rivalizavam pela conquista do título nacional, os benfiquistas impunham-se de forma perentória, como na 5.ª jornada, quando venceram o Sporting por 4-1. Os triunfos aliados à qualidade de futebol praticado transmitiam confiança a jogadores e adeptos.
Tudo seria posto em causa à 9.ª jornada, na recepção ao FC Porto. Os portistas entraram determinados em campo, superiorizaram-se e foram em vantagem para o intervalo. No início do segundo tempo, os benfiquistas estavam decididos a virar o marcador, porém 'a verdade é que esta «imagem» durou muito pouco tempo. Melhor dizendo, foi «sol de pouca dura»'. Os 'azuis e brancos' voltaram a controlar a partida e aumentaram a vantagem. O segundo golo dos portistas 'lançou consternação no Estádio da Luz por não ser hábito nem estar nas previsões gerais uma derrota numa altura destas. E ninguém pensou de que poderia haver outro desfecho que não fosse a derrota dos campeões nacionais'.
Era tempo de mudar o destino da partida, terá pensado Jummy Hagan, quando fez entrar Artur Jorge e Diamantino para os lugares de Jordão e Nené. A boa leitura do técnico inglês teve impacto de imediato, 'caíram na equipa como um pouco de sangue que vai salvar o doente do desenlace fatal. Passara a jogar-se, com efeito, mais incisivamente ao ataque, e a defesa do grupo visitante sentiu imediatamente estar em presença de um «ataque novo», mais imaginativo, mais combativo e mais capaz de tentar o chamado «ponto de honra»'. A onze minutos do fim, Vítor Baptista, a passe de Diamantino, reduziu o marcador. Dois minutos depois, Jaime Graça fez o 2-2. Nas bancadas o empate era encarado como um bom resultado, mas os jogadores não partilhavam da mesma opinião, pois, para eles, o 'bom' não era meta, era apenas parte do percurso! Com um golo de cabeça, Humberto Coelho garanti o triunfo, numa reviravolta sensacional.
A imprensa descreveu a exibição como se de uma epopeia se tratasse: 'Benfica capa e espada. Benfica «herói de história de quadradinhos». Nos derradeiros momentos. Estendido. Meio humilhado. Levanta-se, com o sorriso dos iluminados, dos que sabem aquilo é só com eles, e enterra a faca nas costas do FC Porto. E nas do campeonato.' Os benfiquistas permaneceriam sem derrotas até ao final da competição, tornando-se o primeiro clube a conquistar o título de forma invicta.
Saiba mais sobre esta conquista na área 6 - Campeões Sempre do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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