"Mais do que uma festa, uma cruzada a favor do ciclismo
Em meados dos anos 70, o ciclismo nacional vivia momentos conturbados. A modalidade exigia anualmente elevados investimentos financeiros, aos quais a maioria das colectividades não conseguia fazer face. A nova realidade económica do pós-25 de Abril ditou o abandono do ciclismo profissional por parte dos grandes clubes. O amadorismo era agora a nova palavra de ordem. O alvoroço foi grande entre os ciclistas, uns emigraram, outros abandonaram o desporto, enquanto outros continuaram a rolar pelas estradas. Foi nessa condição que Firmino Bernardino conquistou a Volta a Portugal de 1976 para o clube 'encarnado'.
Para comemorar o feito e homenagear Firmino Bernardino e a restante equipa, no dia 28 de Novembro a secção de ciclismo do Benfica realizou um grande festival no Estádio da Luz. O evento foi um verdadeiro êxito e teve grande impacto quer no ciclismo 'encarnado' quer no ciclismo nacional.
Foi grande a afluência de público e de participantes que, pelas 10 horas, enchiam o recinto para ver as provas infantis. O entusiasmo e expectativa era enorme e, por entre os aplausos do público, os miúdos aceleravam as suas máquinas em busca da glória. O Sporting da Damaia destacou-se como o grande vencedor nos vários escalões.
Às 11 horas foi a vez de se disputar no Pavilhão da Luz um torneio quadrangular de futebol em que participaram as equipas do Benfica, Lousa Pinheiro de Loures e Costa do Sol. O evento despertou a maior curiosidade, visto que as equipas eram compostas por ciclistas. A sorte acabou por sorrir ao Benfica, que venceu o torneio.
Com 'a barriga a dar horas', os ciclistas e a grande massa de adeptos rumaram ao restaurante do Estádio da Luz, para um almoço de confraternização no qual estiveram presentes mais de 500 pessoas, com as receitas a reverterem inteiramente para a secção de ciclismo dos 'encarnados'. No final do repasto assistiu-se a uma bonita homenagem a diversos ciclistas do Clube, vencedores de várias provas ao longo da época.
Seguiu-se um programa de variedades que durou mais de cinco horas, abrilhantando por nomes como Tristão da Silva, Manuel Almeida, Jorge Fontes, Maria Dilar ou Helena Santos, que com o popular tema 'Marcha do Benfica' levou a sala ao delírio.
Apesar da festa memorável e das garantias dadas por Borges Coutinho de que a actividade do ciclismo iria continuar, em Dezembro de 1978 aconteceu a inevitável suspensão da modalidade no Clube, seguindo-se uma 'longa travessia no deserto'.
Saiba mais sobre esta e outras histórias do ciclismo na área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião."
Ricardo Ferreira, in O Benfica
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