"Antes de ontem, através do “jornal i” ficámos a saber que Ana Gomes tem um património de valor comercial de milhões e paga impostos de tostões.
Ao que tudo indica, a defensora da transparência não declarou ao estado o real valor do seu património tributário e andou vários anos a pagar impostos sobre 311 mil euros de património que na realidade terão um valor superior a 2 milhões de euros. Como se não fosse suficientemente grave, a estes valores acresce ainda a ausência de qualquer pagamento sobre o Imposto Municipal sobre Imóveis ao longo dos anos.
Afinal de contas, Ana Gomes não é assim tão transparente como aparenta ser. Aprofundando a nossa pesquisa debruçámo-nos com mais dois escândalos que envolvem a ex-eurodeputada:
• Primeiro: Um alegado desvio de mais de 20 mil euros denunciado pelo “Observador”, em que constava a assinatura de Ana Gomes nos documentos, mas que, devido à falta de provas, acabou por cair no esquecimento.
• Segundo: Um alegado conluio com o ativista cívico Rafael Marques que serviu para ludibriar a legislação angolana e obter residência em Angola, legislação essa que impede os cidadãos estrangeiros de obterem residências nos projetos habitacionais construídos por iniciativa executiva.
Sobre o segundo ponto, o blog “Ditos do Baú” reuniu uma fonte junto da AJPD que confirmou a veracidade dos factos. Ao que tudo indica, os primeiros contatos de Rafael Marques com a ex-eurodeputada foram mantidos em Bruxelas em setembro de 2013, por via de António Ventura, presidente dessa instituição. Este informou Rafael Marques sobre a intenção de Ana Gomes ter uma residência em Angola, mas explicou que esta se via impossibilitada devido às “rixas” com o executivo angolano.
Como recurso ao problema, Rafael Marques usou a AJPD para comprar uma residência no Kilamba de forma a servir de “casa de passagem” capaz de albergar entidades internacionais e ativistas dos direitos humanos que fossem convidados pela Associação de Ventura. Após ter enfrentado a resistência de Fernando Macedo - tido como um homem íntegro, rigoroso e pragmático -, optou por usar um cidadão luso-angolano para os seus fins.
A trama foi descoberta pela fonte por três motivos que lhe pareceram suspeitos:
1º A AJPD continuava a pedir patrocínios para albergar os seus visitantes estrangeiros e a residência no Kilamba continuava desocupada.
2º A residência estava em nome de Cirlo de Couto (ex-assistente oficioso de Ana Gomes na embaixada de Portugal na Indonésia, de 2000 a 2003), cidadão luso-angolano e um dos lobbystas portugueses de Rafael Marques que não tinha nenhum vínculo com a Associação de Ventura.
3º A residência foi utilizada exclusivamente por Rafael Marques e pela filha de Ana Gomes de forma não periódica.
Segundo o mesmo blog, a fonte adiantou que um mal-estar se instalou no seio dos que se aperceberam da negociata pois o ativista terá recebido uma gratificação de Ana Gomes num valor acima dos 46 mil euros, na mesma altura em que Cirlo de Couto fazia o trespasse formal da residência para uma das empresas da diplomata portuguesa.
É igualmente pertinente e curioso constatar que Ana Gomes convidou Rafael Marques para ir ao parlamento europeu dar uma palestra após o alegado favor que lhe fez e que, depois de conhecer todos os crimes cometidos por Rui Pinto, decidiu também organizar um debate no gabinete do parlamento europeu pela defesa do hacker português. Porque terá sido?
Coincidências e não trocas de favores, certamente.
Mas não é apenas Ana Gomes que tem um passado obscuro. A sua filha, que entre 2010 e 2012 esteve a receber 5 mil euros mensais no Ministério da Cultura e que desde 2015 é presidente do Conselho de Administração da EGEAC, passou diretamente de jornalista da SIC a diretora geral do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Cultura e, mais tarde, arranjou tacho na empresa municipal de gestão de equipamentos e animação cultural da Câmara Municipal de Lisboa.
Como é que Joana Gomes Cardoso conseguiu estas pastas? Foi pelo seu invejável curriculum de jornalista? Foi pelo seu perfil? Ou terá sido por cunha? Talvez uns emails roubados, como defende Ana Gomes o direito à sua publicação, possam revelar respostas a estas questões.
A Ana Gomes que tem um percurso político praticamente inatingível marcado pelo seu carácter crítico e frontal é a mesma Ana Gomes que sofre de amnésia com as práticas dos dirigentes do FC Porto. A Ana Gomes que apresentou uma denúncia à CMVM contra o Sporting relativa ao alegado patrocínio oriundo da Guiné Equatorial é a mesma Ana Gomes que não teceu uma única palavra negativa a Alexandre Pinto da Costa, tendo recebido milhares de euros de comissões irregulares no âmbito de transferências de jogadores, como divulgado no Football Leaks.
A ex-eurodeputada frontal fala sobre tudo, mas não fala sobre o seu passado, sobre o Apito Dourado, sobre os negócios entre Estoril e FC Porto, sobre os negócios entre o Portimonense e FC Porto, sobre o clima de ameaças e coação, sobre a lavagem de dinheiro de elementos dos Super Dragões e sobre as falcatruas ligadas ao clube de Contumil.
Como a ex-eurodeputada pode constatar nós apenas somos defensores da verdade, tal como ela. É por isso que talvez seja do interesse público a publicação e partilha de toda a correspondência privada de Ana Gomes e da sua filha ao longo dos últimos 10 anos."
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