Coesão das águias fez a diferença em Glasgow
De todos, um. O lema do Benfica, vincado em latim no emblema, carregou o campeão português para os quartos de final da Liga Europa. A vitória em Glasgow não entrará para a galeria das noites europeias mais memoráveis da história das águias, mas fica para o registo como a primeira sobre o Rangers, ao quarto duelo, assim como o primeiro triunfo português no Ibrox.
A equipa de Roger Schmidt não garantiu o apuramento com uma exibição capaz de lembrar aos adeptos que Dublin estava perto, mas conseguiu conquistar tempo para maturar essa ideia e recuperar confiança para atacar três frentes.
O grupo encarnado teve noção clara da importância do momento e conseguiu, dentro de um contexto muito particular, colocar em campo uma coesão poucas vezes vista na presente temporada. A união fez a força para um golpe único, suficiente para derrubar o Rangers.
Havia espaço para melhorar
O Benfica teve o mérito de controlar o primeiro impacto. Era previsível uma entrada forte do Rangers, empolgado pelo ambiente do Ibrox, e até pelo momento de confiança, mas a equipa portuguesa mostrou coesão defensiva, com António Silva em destaque, a dominar a resposta a um futebol mais direto do adversário.
Faltava então complementar no plano ofensivo, até para colocar a formação escocesa em sentido. Embora tenham procurado sempre construir com rigor, as águias até tinham mais possibilidades de sucesso em transição, mas Di María, David Neres e Rafa entraram desinspirados, enquanto que Marcos Leonardo, única novidade do onze encarnado relativamente à primeira mão, nunca apareceu verdadeiramente no encontro, e acabaria rendido por Casper Tengstedt ao intervalo.
Perante este equilíbrio de forças, ou talvez de fraquezas escondidas, a primeira parte teve poucas situações de perigo evidente, e o primeiro momento a empolgar o público escocês até se explica mais pela abordagem errónea de Trubin, a largar a bola, do que propriamente pelo mérito do remate de Lawrence.
As melhores ocasiões do primeiro tempo foram do Benfica, mas faltou definição no lance em que Marcos Leonardo, em esforço, tentou remediar um remate de Di María, mas sobretudo no contra-ataque que culminou com um remate de Rafa desviado para a malha lateral.
Por Rafa vale esperar
No início da segunda parte o Benfica sentiu mais dificuldades para segurar o ímpeto do Rangers, e passou por dois sustos em poucos minutos. Trubin não chegou a intervir, mas o remate de Dessers, desviado pelo pé de Aursnes, não passou longe do poste, e mais perto ainda saiu um desvio de António Silva que quase dava autogolo.
Mas a maior diferença para a primeira parte não esteve na produção ofensiva da equipa da casa, mas sim na acutilância das águias em transição. Lançado no lugar de Marcos Leonardo, Casper Tengstedt desperdiçou uma primeira saída rápida de qualidade, mas não foi preciso esperar muito mais pelo golo. O que tardou mais até foi a validação do VAR, que verificou que Rafa estava antes do meio-campo quando recebeu o passe em esforço de Di María.
O golo surgiu já com Kokçu no lugar de Neres, e Schmidt esperou depois até aos minutos finais para lançar João Mário e Tiago Gouveia, deixando uma troca por gastar. O técnico não ousou mexer na estabilidade que a equipa demonstrava, e o Benfica teve até duas oportunidades – pelos defesas Bah e António Silva, curiosamente – para antecipar o fim da eliminatória. Trubin nem chegou a assustar-se com um remate fraco de Lundstram, e isso foi o melhor que o Rangers conseguiu após o golo sofrido.
Daqui para a frente o Benfica precisará de argumentos diferentes, mas agora o essencial era evitar um KO que podia deixar marcas indisfarçáveis. O tempo é escasso, mas Schmidt ganhou algum.
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