"A Federação Portuguesa de Futebol aprovou, recentemente, a alteração dos formatos competitivos dos campeonatos nacionais de seniores femininos, sendo a redução de 12 para dez equipas na Liga BPI, a partir da época de 2025/2026, uma das principais medidas. Concordo… apenas em parte. Em teoria até parece uma medida positiva. Mas na prática não vai resolver os problemas do futebol feminino, apenas camuflá-lo.
Sem dúvida de que a medida impulsionará a competitividade da Liga. Com menos lugares disponíveis, os clubes saberão o quão difícil será regressar se descerem. Terão forçosamente de investir para se manterem ao mais alto nível. E isso, inegavelmente, resultará no aumento da qualidade dos planteis.
Mas é uma falácia dizer-se que essa redução, por si só, resolverá os problemas inerentes à sobrecarga do calendário competitivo. Numa altura em que existem tantas lesões e jogadoras a queixarem-se do excesso de jogos (entre clubes e seleções), a redução de equipas na Liga equivale a uma diminuição de quatro jogos por época no campeonato. Ou seja, o efeito é quase nulo. Sabendo-se que na próxima época teremos duas equipas na Champions feminina e na seguinte três, o desejável seria que a reformulação atingisse também provas como a Taça da Liga ou a Supertaça.
Por outro lado, sinto também que vai continuar a existir uma luta entre os ditos grandes e os restantes clubes. Isto é, mais uma vez estaremos a pedir que os clubes, sozinhos, profissionalizem os seus planteis, numa liga amadora. Continuamos a tentar dar a volta à rotunda e a construir a casa pelo telhado. Sem atacar o verdadeiro problema, que só se resolve com a profissionalização e um acordo coletivo de trabalho. Permitindo, desta forma, que as jogadoras tenham condições de trabalho dignas nos seus clubes tanto a nível desportivo como de proteção no desempenho da sua atividade, que é o futebol.
Ao mesmo tempo é necessário perceber como o investimento de €7,8 M, já anunciado pela FPF tendo em vista as duas próximas épocas, irá dividir-se entre competições de clubes e seleções. E quais as condicionantes para este apoio ser realizado. É que a última vez que a Federação efetuou investimento semelhante, o grosso do bolo ficou nas seleções e os clubes apenas com algumas migalhas."
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