"Renovar ou não renovar com Di María é uma questão perversa para a SAD do Benfica
Rui Costa falou aos adeptos na quinta-feira e confirmou que Roger Schmidt vai continuar a ser o treinador do Benfica. Não esclareceu, como não podia nesta altura ainda de arranque do mercado de transferências, se a SAD vai vender os passes de João Neves e de António Silva, e ficou por clarificar qual a vontade e orientação em relação a Di María.
O presidente dos encarnados contou apenas quais eram os planos iniciais do astro argentino, que passavam por um ano na Luz e depois regressar ao país dele, e deixou no ar a esperança de condições para que o extremo de 36 anos continue mais uma temporada em Portugal, juntando que no início da semana está agendada uma reunião com o empresário do jogador para falar sobre isso. Ficou, nas entrelinhas, dito o que parecia claro mesmo antes da intervenção pública de Rui Costa: Di María até pode continuar, mas não nas mesmas condições financeiras do contrato do início da época passada.
A continuidade do argentino, por muito que ele ainda seja um jogador extraordinário, encerra em nela uma perversidade que obrigaria, mais uma vez, como obrigou em 2023/2024, a desviar Schmidt e o Benfica do projeto de futebol e de equipa que colocou em marcha e resultou na conquista da Liga em 2022/2023 e numa campanha entusiasmante na Liga dos Campeões.
Di María foi o segundo melhor marcador do plantel, com 17 golos e 13 assistências, atrás dos 22 golos de Rafa, e a influência ofensiva do extremo não está em causa, o problema, e isso foi claro em muitos jogos, é que ele não é, nunca foi e certamente não será um jogador de equilíbrios e para ele jogar sempre (culpa, aqui, também de Schmidt, que talvez tenha exagerado ao quase nunca prescindir do atacante, mesmo que por vezes tenha sido claro que estava esgotado e incapaz de ajudar enquanto elemento coletivo) será preciso montar uma equipa para ele. E isso talvez faça pouco sentido.
Rui Costa também disse que os €100 milhões gastos em contratações são igualmente a pensar no futuro, mas se os extremos Schjeldrup e Prestianni têm, respetivamente, 19 e 18 anos, Rollheiser tem 23, Tiago Gouveia tem 22; quando será o futuro deles? Schjelderup pediu para ser emprestado precisamente no momento em que soube que Di María iria entrar no plantel, como não dar agora uma oportunidade ao melhor jogador da liga dinamarquesa?
Ter Di María como a cereja seria o ideal, mas que não estrague o bolo.
A impactante época de estreia de Schmidt assentou sobretudo numa equipa em que todos defendiam e atacavam; e a diferença de intensidade no momento da recuperação da bola foi um dos momentos que mais oscilou na época das águias.
Ninguém se atreverá a pedir a Di María que seja diferente, porque ele é muito bom como é, mas será mesmo de Di María que o Benfica precisa para voltar a ser feliz?"
Nélson Feiteirona, in A Bola
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