Manu Silva e Bruma chegaram para serem titulares. Sporting resolveu o problema na baliza e no FC Porto a vertente financeira sobrepôs-se à desportiva. Martín Anselmi tem de ser protegido...
Mercado fechado. Os clubes corrigiram o que entenderam ser necessário melhorar ou o que… conseguiram. O mercado de inverno é muito específico e muito diferente do de verão. No inverno, há ainda que ser mais certeiro nas apostas, já que o tempo começa a escassear e a competição está cada vez mais intensa. O mesmo será dizer que o que rege as contratações nesta janela é comprar para jogar. E neste capítulo considero que o Benfica foi o que melhor agiu. Curiosamente, nos três grandes os atuais treinadores não começaram a época, pelo que não foram eles que formaram os plantéis e este mês de janeiro foi a oportunidade de pelo menos os ajustarem às suas ideias e modelos de jogo. Simplificando, a primeira e única possibilidade de procederem a correções.
E, neste capítulo, Bruno Lage partiu em vantagem e soube, na minha opinião, potenciá-la. Assumiu o comando técnico à 5.ª jornada, em setembro, e já conhecia bem o clube e muitos dos jogadores. Por isso transfigurou num ápice a equipa que Roger Schmidt lhe deixou, melhorando automaticamente o rendimento. Agora, Lage não só equilibrou o plantel, como o onze, já que considero que Manu Silva e Bruma foram contratados para titulares. O médio ex-V. Guimarães tem a qualidade de passe e a capacidade de construção que Florentino não possui e será ele o dono da posição 6. Já Bruma deve ter convencido definitivamente Bruno Lage no último Benfica-SC Braga para o campeonato, que os guerreiros venceram por 2-1 e no qual o extremo dinamitou toda a equipa encarnada. Nesse dia, na Luz, Bruma foi mais que um extremo, foi um verdadeiro diabo à solta, galgando metros e carregando a equipa às costas pelo corredor central, ao bom estilo de… Rafa.
Acredito que o internacional português vá agarrar de imediato o lugar de extremo-esquerdo, mas a sua versatilidade é uma clara mais-valia, pois também poderá ser muito útil no apoio ao ponta de lança, bem como colmatar na direita qualquer ausência de Di María.
Já Samuel Dahl e Belotti vão ter de esperar. Ambos chegam por empréstimo e não vão ter muito tempo para convencer. O lateral-esquerdo sueco estava tapado na Roma e agora vai estar… tapado por Carreras. Aos 21 anos, vai ter de aproveitar cada minuto que o espanhol lhe permitir e não vão ser muitos. O Benfica necessitava de equilibrar a defesa e entre um lateral-direito, um central e um lateral-esquerdo, optou por este. Percebo a opção até porque Beste saiu e Bruno Lage precisava de outro esquerdino. Tomás Araújo parece cada vez mais a aposta (discutível) para lateral-direito, sendo, neste caso, Bah uma excelente alternativa. Depois há ainda as possíveis adaptações de Aursnes ou mesmo Leandro Barreiro, pelo que o treinador pode dormir descansado.
No Sporting, as compras ficaram-se pela metade. Rui Silva chegou para a baliza e diretamente para o onze, emendando o erro de casting que foi a contratação de Kovacevic. Franco Israel nunca deu totais garantias e era visível que os leões necessitavam de um guarda-redes de outra dimensão. Franco Israel teve responsabilidades em dois golos no 4-4 em Guimarães e se dúvidas houvessem entre os responsáveis leoninos nessa noite foram dissipadas. Rui Borges chegou a Alvalade há mês e meio e entre tantos jogos pouco tempo teve para planeamentos. Limitou-se a pedir um extremo destro, que possa jogar sobre o flanco esquerdo, até porque Pedro Gonçalves continua lesionado, o que limita muito o jogo interior. Quenda, Trincão e Geny Catamo são esquerdinos e era preciso um jogador diferente. Veremos se Biel, que, confesso, não conheço em pormenor, é esse jogador.
O brasileiro, que é rápido e gosta de arriscar no um para um, acredito, vai ter rapidamente oportunidades. Vamos ver se acabadinho de chegar à Europa para um clube da dimensão do Sporting as vai conseguir agarrar. Ficou a faltar um lateral-direito. Pelo menos, é essa a minha convicção. Rui Borges conhecia muito bem Alberto Costa do V. Guimarães e quis levá-lo consigo. O preço do lateral-direito inflacionou incrivelmente durante o mercado e a Juventus acabou por ganhar a corrida. Seguiu-se Andrés García, mas o preço do espanhol do Levante também disparou e as libras do Aston Vila falaram mais alto. Ficou… Fresneda. O novo patinho feio de Alvalade. O espanhol estava de malas aviadas para o Como, mas resistiu a todas as notícias e… críticas, pelo que, pelo menos, revela estrutura mental para o desafio. E todos sabemos que o lateral-direito nunca teve vida fácil em Alvalade, pois, basicamente, não contava para Ruben Amorim. Com ritmo de jogo e confiança, acredito que o Sporting possa ter lateral-direito para muitos anos.
Já no FC Porto a vertente financeira sobrepôs-se à desportiva. Inevitavelmente. O clube vive uma grande mudança e os custos eram previsíveis. André Villas-Boas está a tentar que este seja o ano zero, para que na próxima época a equipa possa apresentar-se com outros argumentos. As vendas de Galeno (€50 M) e Nico González (€60) ajudam a equilibrar as contas e desequilibram a equipa, pelo que o argentino Martín Anselmi vai precisar de ser protegido. Tal como os reforços Tomás Pérez (médio/central) e William Gomes. O argentino tem apenas 19 anos e o brasileiro ainda menos: 18. Não lhes peçam para transfigurar a equipa.
Hugo do Carmo, in a Bola
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