A estratégia de Bruno Lage faz sentido, mas...
A democracia é o pior dos regimes, à exceção de todos os outros. A frase que um dia disse Winston Churchill continua atual e transversal e quando pensamos nos clubes de futebol nem parece possível que os possamos viver de forma diferente.
Encontrar unanimidade num projeto e tranquilidade para o colocar em prática, de forma prolongada no tempo, será quase uma utopia. Tomando como exemplo os nossos maiores clubes — o Sporting precisou de vários anos, e muitos insucessos desportivos, para encontrar alguma estabilidade; o FC Porto viveu recentemente uma revolução, da qual ainda não se reergueu e continua a sofrer réplicas; o Benfica, em ano de eleições, dá sinais de estar fragmentado e as opiniões dividem-se sobre o melhor caminho. Na busca dele, é preciso equilibrar as emoções dos sócios e adeptos, de uma forma global muito dependentes da bola que entra ou bate na trave, do campeonato ganho ou perdido.
Numa mesma época, pela primeira vez, Sporting, Benfica e FC Porto mudaram de treinador. Percebe-se, pois, o discurso insistente de Bruno Lage. O treinador do Benfica quer blindar o balneário e pede aos adeptos para blindarem o estádio. Muito identificado com a realidade do clube encarnado, Lage quer ter os benfiquistas do lado dele e da equipa porque sabe que só assim será possível blindar um qualquer projeto que tenha aspirações a tornar-se exequível. Deseja o que provavelmente não é, nem poderia, ser possível: blindar o Benfica. Ou não estaríamos a falar de futebol, onde todos aspiramos a ser jogador, treinador e presidente.
Nélson Feiteirona, in a Bola
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