A vitória do Benfica foi tão preciosa quanto complicada por um bom Moreirense, num jogo afetado pela dupla infelicidade que escolheu Manu e Bah como vítimas. Mesmo que a custo e com esse grave percalço que toldou o ambiente da equipa, o Benfica lá conseguiu a desejada aproximação ao líder do campeonato. É costume dizer-se que a vitória é o que mais importa, mas há sinais que ficam e vão para além do resultado. O que as equipas vão mostrando pode animar e reforçar o moral das tropas para o que se segue ou, ao contrário, fazer recear o que aí vem, pela forma pouco convincente e insegura como a vitória acontece.
Na Luz tivemos uma reedição desejada do início categórico e goleador que o Benfica conseguiu na Amadora. Porém, a repetição da muito falada inconsistência viria também a confirmar-se no decorrer do jogo, estendendo-se até ao ansiado final.
Recuando ao novo cenário clínico, o Benfica vinha tendo na sua defesa dois titulares indiscutíveis no centro esquerda e 3 candidatos para dois lugares do lado oposto, que se vinham revezando. Esta aliança perdeu agora um dos seus elos com a grave lesão de Bah, que limita as futuras opções. Por outro lado, a estreia convincente de Manu será certamente confirmada no futuro, mesmo que agora duramente interrompida, tal foi a demonstração da sua qualidade.
De bom ficam ainda assim a vitória, a eficácia nas bolas paradas, a boa onda de Pavlidis e a Luz que ajuda, influente no apoio em momentos de menor segurança.
De pior, sem dúvida, as lesões complicadas de Manu e Bah, que os afastam do campo por longo período. A insegurança exibicional, essa, conheceu mais um episódio. O importante é ganhar, sim, mas aquilo que a equipa vai mostrando não tranquiliza e obriga a dar a volta àquilo que já mostrou poder fazer.
O grande Marcelo
Por cá, quando falamos em Marcelo, lembramo-nos do Presidente da República, que curiosamente caminha também para o final de carreira. No Brasil, ao contrário, é um nome muito usado, mas há um que em especial se destacou. Falo de Marcelo, lateral-esquerdo marcante do Real Madrid, que deu por finalizada recentemente a sua carreira de indiscutível sucesso. O currículo vivido é impressionante, como incrível era a sua capacidade futebolística. No entanto, o último ato de um grande artista como ele devia ter sido outro, mais de acordo com a carreira que tão alto o levou.
Puxando a fita atrás: quem entra vindo do banco, seja quem for, não tem que estar feliz, mas tem que entrar com o espírito certo para ajudar e sem tempo a perder, porque o relógio não pára e anda rápido.
É verdade que o fechar da cortina para Marcelo se deu no seu clube, o Fluminense, mas protagonizando um infeliz episódio de desentendimento com Mano Menezes, o seu treinador. Chamado para entrar na fase final de um jogo, terá dito algo que desagradou ao seu líder, que reagiu e resolveu fazer entrar um outro em seu lugar. No seguimento da incómoda situação rescindir o contrato foi o passo seguinte. Marcelo merecia outra despedida, não esta, nada de acordo com a alegria que transbordava do seu sorriso de craque feliz.
Redes sem fim
Outros tempos estes que vivemos, disso ninguém duvida. As redes sociais que hoje se multiplicam são um meio também útil, mas de difusão massiva de pouca virtude, muita vulgaridade e violência. Interrogo-me se os clubes na atualidade definem regras mínimas em relação à utilização das redes sociais pelos seus colaboradores e respetivos núcleos. Se ainda não o fazem, penso que deviam, porque vamos observando o contrário. É um espaço escorregadio e fértil para fomentar desentendimentos, críticas e recados.
Carta a Trubin
Caro Trubin. Tens autonomia, experiência e personalidade para decidir de acordo com os momentos do jogo e com as indicações recebidas dos teus treinadores. Entende que algum pessoal da bancada, e que nunca jogou, anseia pelo pontapé na frente e rápido, mesmo que o momento peça o oposto. Convém de vez em quando lembrar que o futebol não se joga só com os pés... Se devias ter optado pela decisão mais popular ou pela tua própria cabeça, como fizeste? Claramente esta última opção, ainda mais quando falamos de desporto profissional. Estiveste bem.
Rui Águas, in a Bola
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