sábado, 5 de abril de 2025

PROENÇA: UEFA A VER TUDO, ATÉ O PREVISÍVEL BENFICA-SPORTING

 


Pedro Proença não foi eleito para o Comité Executivo da UEFA. Quer isso dizer que Portugal perdeu poder de decisão na entidade que rege o futebol europeu.

Já o escrevi antes, para que ninguém usasse tal argumento. Portugal deixou de ser «pequenino» na Europa futebolística. Durante anos ouviu-se essa justificação perante dissabores de clubes e seleções nacionais, justificados com arbitragens duvidosas. Ao dia de hoje, era, ainda é, muito mais difícil Marc Batta expulsar um jogador da seleção portuguesa nos mesmos termos em que o francês expulsou Rui Costa num Alemanha-Portugal. E muito menos acreditar em teorias da conspiração contra a seleção ou o futebol português, ainda que haja um ou outro caso polémico no que a decisões arbitrais diz respeito.
A grandeza de Cristiano Ronaldo tem alguma coisa a ver com esta ideia também, mas é sobretudo a presença de Portugal nos órgãos de decisão da UEFA e da FIFA que fizeram com que o país fosse um peso-pesado institucional.
É factual que essa presença sucedeu no período em que Fernando Gomes esteve à frente da Federação e terminou quando a deixou. A influência seria tão grande que uma carta de Gomes terá decidido a continuidade portuguesa naquele Comité. Nunca saberemos o que sucederia se o ex-líder da FPF tivesse manifestado apoio à eleição de Proença, mas podemos adivinhar perante as evidências.
Já Proença apontou de imediato a 2027. Quando esteve na Liga, a principal crítica que os seus detratores lhe fizeram é que passara demasiado tempo a pensar em chegar à FPF do que a tratar das questões que se impunham à Liga.
Agora, para chegar ao Comité Executivo da UEFA em 2027 e sem apoio de quem lá esteve, vai ter de basear-se no mérito próprio. Terá de angariar apoios e influências e ser um executante primoroso. A UEFA vai estar a ver e a comparação com Gomes será inevitável. Proença terá então de mostrar que é tão ou mais capaz que o seu antecessor.
Na tomada de posse, Proença falou em três pontos fundamentais para o futebol nacional: a redução do IVA nos bilhetes, do IRS dos jogadores e o investimento em infraestruturas. Sem «nada» lá fora, é nestes três pontos que vai ter de se esmerar para que o futebol nacional seja mais competitivo.
No fundo, Proença vai ter de se concentrar internamente, porque daqui até 2027 haverá decisões bastante difíceis de tomar e algumas impopulares certamente.
E a primeira até pode mesmo ser a final da Taça de Portugal no Jamor. O último dérbi entre Benfica e Sporting no jogo decisivo foi em 1996 e todos sabemos o que aconteceu. Defenderei sempre o Estádio Nacional, mas perante o que se antevê com o final do campeonato entre rivais lisboetas e o emergir desse passado, é prudente analisar outras opções. Segurança primeiro, até porque se alguma coisa correr demasiado mal, também chegará a Nyon.
Luís Pedro Ferreira, in a Bola

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