O Clássico de amanhã, entre FC Porto e Benfica, será o primeiro sem Jorge Nuno Pinto da Costa. O primeiro embate entre as duas equipas depois da morte do histórico presidente azul e branco, e também a primeira vez que o FC Porto recebe o maior rival sem Pinto da Costa a ocupar a cadeira principal do Estádio do Dragão. A 3 de março de 2024 o lugar era ainda seu, quando o FC Porto goleou o Benfica, por 5-0, em jogo da 24.ª jornada da temporada anterior.
Durante os 42 anos de presidência de Pinto da Costa, o FC Porto disputou um total de 130 jogos com o Benfica. Venceu 60 (46%) e perdeu 33 (25%). Até 1982, ano em que o presidente dos presidentes dos dragões tomou posse, o saldo era de 125 duelos, com 42 triunfos portistas (34%) a contrastar com 58 derrotas (46%).
Estes números mostram como Pinto da Costa mudou o jogo, e se a proximidade geográfica alimenta a rivalidade entre Benfica e Sporting, o palmarés das últimas décadas fez do FC Porto o principal adversário das águias.
Este clássico terá um novo anfitrião: André Villas-Boas saiu goleado na primeira volta, mas agora estará sentado na cadeira de sonho, ao que tudo indica sem Rui Costa ao lado.
É verdade que o novo líder azul e branco podia dar o exemplo, mas dedicará ao presidente do Benfica o mesmo tratamento que recebeu no Estádio da Luz, e as mais recentes polémicas já tinham deixado claro que esta não seria oportunidade para fazer diferente. Até porque, entre as eleições da Liga e a polémica Proença/Fernando Gomes, a «paz podre» só veio reforçar a noção de que os dirigentes do futebol português já não enganam ninguém com falsas esperanças.
Dentro deste espírito de um por si e todos por nenhum, há muito entranhado por cá, Villas-Boas aproveitou também a receção ao Benfica para fazer um discurso mais virado para os adeptos. Chegou até a dizer que este será o «jogo da época», numa declaração que minimiza sobremaneira a dimensão que o FC Porto assumiu nas últimas décadas.
Percebe-se que Villas-Boas esteja empenhado em sarar feridas internas e aproveite a ocasião para falar para dentro, mesmo que a eficácia da mensagem esteja dependente do resultado de um jogo com o maior rival, em situação bem mais favorável na Liga. Mas justificará um lamento se for indício de que o rumo prometido está a sofrer desvios.
Nuno Travassos, in a Bola
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