quinta-feira, 22 de maio de 2025

RUI COSTA E BRUNO LAGE JOGAM O FUTURO NO JAMOR



 Ponto final na Liga, com o Sporting a festejar o bicampeonato. Uma corrida lado a lado com o Benfica ganha pelos leões no confronto direto. Os dois dérbis acabaram por ser decisivos. O primeiro, em Alvalade, curiosamente, também o primeiro jogo de Rui Borges no Sporting. Chegado de Guimarães apenas três dias antes, o treinador apresentou-se diante de Bruno Lage com menos um ponto — 38 contra 37 — e ganhou o duelo (1-0), saltando para a liderança.

O campeonato, entretanto, deu a volta e os rivais reencontraram-se na Luz, na penúltima jornada. Em igualdade pontual, os leões podiam jogar com dois resultados e acabaram por fazê-lo. O 1-1 deixou-os na liderança, dada a vantagem no confronto direto, e com uma mão no troféu, que não deixaram escapar, vencendo o V. Guimarães a caminho do Marquês de Pombal.
Contas feitas, no duelo Rui Borges-Bruno Lage, o treinador dos leões ganhou por três pontos: 45-42. Perfeição de Ruben Amorim e descalabro de João Pereira à parte de um lado e a descrença herdada de Roger Schmidt de outro, o confronto direto foi absolutamente decisivo, por mais redutora que possa considerar-se esta análise.
Grande mérito de Frederico Varandas, um presidente permanentemente em avaliação. Ora é preso por ter cão, ora é preso por não ter cão... Nestes tempos modernos em que interessa mais a forma do que o conteúdo, o líder dos leões paga o preço de não ser um bom comunicador, mesmo quando tudo o que diz é acertado. O certo é que foi campeão sem Ruben Amorim e apesar de João Pereira.
De pouco lhe serviu, pelo que já se percebeu. Vai estar de certeza em avaliação dentro em breve, mesmo que no domingo, na final da Taça de Portugal, se torne o presidente mais titulado da história do Sporting! Parece mentira, mas é a mais pura das verdades.
Rui Borges, como já referi, foi outro grande obreiro da conquista e para reforçar o estatuto basta referir que realizou 19 jogos para o campeonato e não perdeu nenhum — 13 vitórias e seis empates. O futebol não foi brilhante, mas da avaliação não podem retirar-se as inúmeras lesões, muitas delas de jogadores-chave.
Até Gyokeres, a outra grande figura da triologia do título, esteve limitado fisicamente em vários jogos. O sueco, contudo, é um jogador à parte deste campeonato. Um monstro. Daqueles que aparecem de 20 em 20 anos no futebol português. O último tinha sido Jardel e agora vamos ver quanto tempo teremos de esperar para admirar o próximo. A propósito de jogadores diferenciados e supergoleadores, basta recordar que nas últimas décadas apenas por uma ocasião o clube que teve o condão de os descobrir não se sagrou campeão. Foi o FC Porto, em 1999/2000, com o brasileiro. A exceção que confirma a regra.
Gyokeres, é incontornável, fará apenas mais um jogo pelo Sporting. Já no domingo, na final da Taça de Portugal. Um jogo muito, muito importante…. para o Benfica. Considero mesmo que mais do que a última da época em provas internas a partida do Jamor será a primeira da… próxima. O que desde logo lhe dá um enorme peso. Para o Sporting não será, claro, apenas mais um jogo, até porque os leões não se terão esquecido da derrota com o FC Porto em pleno Estádio Nacional na época transata, mas um desaire após a ressaca de uma festa é sempre menos doloroso.
O Benfica tem, portanto, mais a perder, pelo que naturalmente tem também mais a... ganhar. Bruno Lage tem de recuperar animicamente a equipa, que, como se viu no último jogo em Braga, ficou muito afetada com o empate no dérbi da Luz e o treinador também precisa de confiança. Rui Costa não podia tê-lo ajudado mais, pois logo após a perda do campeonato garantiu-o para a próxima temporada.
No futebol, contudo, e como todos sabemos, tudo muda muito rápido. A célebre frase de Pimenta Machado, que um dia disse que «o que hoje é verdade amanhã é mentira», continua, em muitas ocasiões, válida e considero que tanto Bruno Lage como Rui Costa vão jogar muito do futuro próximo no Jamor.
O presidente vê a oposição a movimentar-se, com putativos candidatos a proliferarem a cada dia. Com eleições marcadas para outubro, os resultados, acredito, serão determinantes.
E o calendário do Benfica dificilmente poderia ser mais sobrecarregado. Depois da partida do Estádio Nacional, Bruno Lage terá apenas uns dias para preparar a missão seguinte e limitado nas opções, já que terá vários jogadores ocupados entre Liga das Nações, apuramento para o Mundial e particulares — segue-se uma data FIFA. Depois será descansar uns dias e partir para os Estados Unidos, para o Mundial de Clubes, que além da vertente financeira se reveste de importância redobrada dado o prestígio internacional dos encarnados.
Uma época tão longa que praticamente não permite férias, já que depois o Benfica tem outro grande desafio: qualificar-se para a UEFA Champions League. Uma missão sempre difícil e muito desgastante, pois vai obrigar a quatro jogos (dois da 3.ª pré-eliminatória e dois do play-off), durante o mês de agosto, durante o qual disputar-se-ão quatro jornadas da Liga 2025/2026 e antes disto tudo ainda há novo encontro com o… Sporting, na Supertaça Cândido de Oliveira.
Contas feitas, nove jogos em agosto e no mínimo três no Mundial de Clubes — Boca Juniors, Auckland City e Bayern são os adversários no grupo C. Depois há oitavos, quartos, meias e final, pelo que a campanha por terras do Tio Sam pode terminar apenas a 13 de julho, data na qual, em condições normais, os clubes já têm duas semanas de pré-temporada…
A tarefa, já se percebeu, não será fácil, até porque entre isto tudo há que estruturar, com o mercado de transferências aberto..., um novo plantel, com as naturais saídas e contratações, e Rui Costa e Bruno Lage, melhor do que ninguém, sabem que não podem falhar…
Hugo do Carmo, in a Bola

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