segunda-feira, 17 de novembro de 2025

A DESTRUIÇÃO CRIATIVA EM JOGO

 


Os académicos chamam-lhe destruição criativa e este ano até foi material de prémio Nobel*. No mercado dos direitos audiovisuais do futebol, porém, não é teoria: é realidade diária. Está tudo a ser destruído, criativamente. A transformação tecnológica e as novas dinâmicas de consumo abrem caminhos que, há poucos anos, pareciam remotos. O modelo anterior cheira a obsoleto e, também por isso, múltiplas ligas testam abordagens distintas. A discussão deixou de ser futurista: pertence ao presente e exige visão, preparação e capacidade de antecipação.

As indústrias não colapsam por causa da tecnologia, mas pela inércia de quem a ignora. Como uma maré, a disrupção não pede licença, invade silenciosamente, invisível ao minuto… e redefine o nível. Quem tiver ancorado ao passado, lá fica. No lado tecnológico temos a integração de IA com capacidade infinita na análise e etiquetagem de ativos de média o que ajudará a aprimorar e personalizar as experiências dos espectadores: melhor utilização de conteúdos, mais utilidade para o consumidor, mais criatividade, fornecer sugestões ainda melhores e mais oportunidades de monetização.
A relação com o adepto torna-se mais direta, personalizada e rica em dados. Competições internacionais já testam plataformas próprias, criando ecossistemas de conteúdo que vão além da simples transmissão, como também temos vindo a fazer com a Liga TV. Se essas experiências destroem o conforto do modelo tradicional, também criam oportunidades para quem estiver preparado.
Em Portugal, apesar de um ambiente que exige ponderação, há sinais de vitalidade e espaço para novas abordagens. A diversificação dos potenciais parceiros é prova disso. Aos operadores tradicionais juntam-se agora players de áreas inesperadas, como apostas online, plataformas financeiras como a Revolut, mobilidade elétrica ou serviços de entregas, cada vez mais ligados a públicos jovens e digitalmente nativos.
Paralelamente, gigantes globais como Prime Video, Apple TV, Disney ou YouTube redefinem o consumo do desporto. Onde há conteúdo com enorme fidelização, há terreno estratégico para captar ou reter clientes. E o futebol continua a ser, de longe, o conteúdo mais seguido à escala global.
Este contexto exige inteligência coletiva e capacidade de ler o tempo. A centralização dos direitos audiovisuais não é apenas um cumprimento legal: é uma plataforma para organizar a oferta, clarificar o produto, falar a uma só voz e preparar o Futebol Profissional português para dialogar com
André Mosqueira do Amaral, in a Bola

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