terça-feira, 18 de novembro de 2025

O ESTRANHO CASO DE IVANOVIC

 


Benfica tem um problema na finalização mas o croata é uma alternativa a Pavlidis e não um complemento. Apesar dos €23 milhões que custou, as águias deverão ir outra vez ao mercado

O processo é conhecido, mas vale a pena recordá-lo: o Benfica andou no verão à procura de um nove e meio, alguém com capacidade de ligar o jogo e transformá-lo num último passe ou em golo. Primeiro apontou baterias para Thiago Almada, depois colocou as fichas em João Félix, mas por questões financeiras (e não só) nem o argentino nem o internacional português chegaram à Luz, acabando por aterrar Franjo Ivanovic, um avançado de características bem diferentes, muito mais próximo do perfil de Pavlidis do que dos dois criativos.
Tratando-se de um reforço caro (foram gastos 22,8 milhões de euros para comprar o seu passe aos belgas do Union Saint Gilloise) Bruno Lage tentou casá-lo com o titularíssimo ponta de lança grego, mas quando aumentou o grau de dificuldade (no caso, o play-off de acesso à Champions diante do Fenerbahçe de José Mourinho) abdicou de uma solução que estaria condenada à insuficiência a médio prazo - porque as características de um e de um outro simplesmente não ligam.
Com o tempo foi percetível que o avançado croata iria ser uma alternativa a Pavlidis e não um complemento, um luxo que nem equipas dos campeonatos do top 5 europeu se podem dar: um suplente que custou quase €23 milhões.
A troca de treinadores ainda foi pior para o ponta de lança: José Mourinho chegou a testá-lo na esquerda, numa decisão que pareceu mais forçada do que inspirada, mas não demorou muito tempo para desistir da ideia, o que deixa Ivanovic com um espaço de manobra cada vez mais reduzido numa equipa que paradoxalmente revela carências ao nível de goleadores - a dependência de Pavlidis é evidente. Este é mais um elemento que expõe os desequilíbrios que Mourinho herdou e para os quais ainda não conseguiu encontrar solução dentro de portas.
Para o balcânico resta, portanto, tentar o impossível: para garantir um lugar no onze terá de arredar o único jogador que é uma garantia de finalização. Partidas como os da Taça de Portugal frente ao Atlético valem muito para quem está numa segunda linha, mas o número 9 até pode fazer um hat trick que o problema estrutural não irá mudar: os extremos e médios têm uma relação distante com as balizas contrárias - Lukebakio não é Di María e Sudakov, apesar do futebol mais refinado na construção, ainda não substituiu os 16 golos de Akturkoglu de 2024/25.
Janeiro está aí ao virar da esquina...
Fernando Urbano, in a Bola

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