sábado, 20 de dezembro de 2025

QUANDO O MELHOR ÁRBITRO É CONDICIONADO ASSIM...

 


11 de março de 2025: Bournemouth-Wolverhampton), jogo da quinta eliminatória da Taça de Inglaterra. Kerkez faz o 2-0 para a equipa da casa, mas o árbitro é chamado pelo VAR para analisar uma possível mão na bola. Dá-se um problema técnico e a decisão demora uns impensáveis oito minutos. Um recorde em Inglaterra, algo inconcebível na pátria do futebol, ultrapassando os já ultrajantes 5,37 minutos do West Ham-Aston Villa em abril de 2024, para a Premier League. Durante o processo o árbitro comunicou aos treinadores o que se passava. Entre os adeptos cantava-se «Isto Não é Futebol» ou «Isto é embaraçoso». O vernáculo fica de fora do texto.

Foi unânime: comentadores, adeptos, público em geral consideraram uma «vergonha» o que se passou em campo. Enquanto se esperava por uma decisão, treinadores e jogadores das duas equipas foram informados de que tinha havido um problema com o fora de jogo automático que acabara de ser implementado, o qual, ironicamente, aceleraria em 30 segundos a análise do VAR. Mas nenhuma explicação, oficial ou oficiosa, colheu. O erro estava feito, o futebol de uma certa forma tinha perdido.
Pois bem, eis que Portugal decide rebentar com a escala. Para quase o dobro. Mas levando o episódio para o domínio do absurdo. 14 minutos para reverter uma decisão é obra e vai ficar como um dos momentos mais patéticos da temporada 2025/26 em Portugal, com a agravante de o quase quarto de hora ter servido para… tomar uma decisão errada. Surreal.
Nada há que possa mitigar as perdas dos açorianos, mas este é o caso em que se impunha uma comunicação assertiva, imediata, reativa. E com um certo grau de prevenção ou pedagogia.
Não chegava passar-se a mensagem de que o VAR e o AVAR do jogo (Rui Silva e Tiago Leandro, respetivamente) pediram dispensa, seria necessário explicar o que se passou, que dúvidas foram suscitadas e os motivos que levaram à decisão final. E ainda bem que Luciano Gonçalves e Duarte Gomes aproveitaram o habitual espaço no Canal 11. É, no mínimo, uma evolução.
Mas infelizmente não chega. Porque quando o melhor árbitro português (João Pinheiro) se deixa levar por uma má interpretação do videoárbitro (que só pode chamar o juiz em caso de erro claro e óbvio, é preciso recordar) então é razão para pensar que há um nivelamento por baixo de uma classe que é decisiva para a credibilidade deste desporto.
Fernando Urbano,in a Bola

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