terça-feira, 23 de dezembro de 2025

SEM BENESSES NATALÍCIAS



Depois de 90 minutos de muita luta, garra e controlo, o Benfica venceu o Famalicão, por 1-0, na 15.ª jornada da Liga Betclic. Pavlidis marcou o golo que valeu 3 preciosos pontos.
Um golo de Pavlidis, aos 34', foi o suficiente para o Benfica vencer o Famalicão, por 1-0, em jogo da 15.ª jornada da Liga Betclic, realizado nesta segunda-feira, 22 de dezembro, num Estádio da Luz que contou com 57 894 espectadores. No derradeiro desafio caseiro do ano, apresentou-se uma águia que trabalhou e lutou durante 90 minutos.
A última equipa a visitar o Estádio da Luz em 2025 chegou sem qualquer derrota na Liga Betclic 2025/26, enquanto visitante. Em 6 jogos, o Famalicão havia vencido 3 e empatado outros tantos.
Tratava-se, por isso, de um osso muito duro, e, para o roer, José Mourinho escalou o seguinte onze: Trubin, Dedic, Tomás Araújo, Otamendi, Dahl, Barrenechea, Richard Ríos, Aursnes, Sudakov, Prestianni e Pavlidis.
Em relação ao triunfo em Faro, por 0-2, frente ao Farense, nos oitavos de final da Taça de Portugal, note-se as 5 alterações feitas pelo técnico encarnado. Entraram Trubin, Dedic, Barrenechea, Aursnes e Pavlidis; saíram Samuel Soares, António Silva, Manu, Schjelderup e Ivanovic.
Depois de uns primeiros minutos em que a bola andou longe das balizas, pertenceu a Sudakov o primeiro "safanão" no desafio. Descaído na esquerda e de costas para a baliza, o médio internacional ucraniano recebeu a bola de Otamendi, rodou sobre si, avançou uns metros e atirou muito forte – o esférico ainda desviou em Justin de Haas – para defesa segura de Lazar Carevic (11').






Instalado no meio-campo famalicense – após uma fase em que saiu mais em transições rápidas –, o Benfica foi-se acercando da baliza contrária, muitas vezes através de variações de flanco.
Aos 25', quase o 1-0! Boa troca de bola entre Dedic e Richard Ríos, com este último a colocar no interior da área, onde Pavlidis recebeu e deixou para Aursnes. O médio norueguês tocou para Dahl, que, na esquerda, recolheu e rematou para defesa com o pé do guardião montenegrino.
Quatro minutos volvidos, surgiu o lance que ajudou a decidir o encontro. Livre cobrado por Sudakov para o interior da área, Otamendi fez-se à bola e foi atingido pelo braço direito de Justin de Haas, ficando em grandes dificuldades.
Numa primeira fase, o árbitro não sancionou a infração, mas depois, alertado pelo VAR, foi visualizar as imagens, assinalando prontamente a grande penalidade.
Pavlidis na marca dos 11 metros e... guarda-redes para um lado e festa na Luz para o outro (1-0, aos 34'). Um potente remate do internacional grego, que, à lei da bomba, chegou aos 50 golos de águia ao peito – o 20.º nesta temporada; o 14.º na Liga Betclic, competição em que é o melhor marcador.
Por cima da partida, os encarnados tentavam através de jogadas rendilhadas ameaçar a baliza visitante. Exemplo disso foi a bola que Dahl recebeu de Pavlidis, após boa jogada de envolvimento do grego com Sudakov e com o sueco. Na posse, o defesa virou o jogo para Dedic, com este, já no interior da área, a falhar o remate e o esférico a ficar nas luvas do guarda-redes adversário (41').
Este foi o último lance de registo da 1.ª parte, certificando a vantagem do Benfica ao intervalo (1-0).
A hora do descanso foi de homenagens na Luz, com vários atletas do atletismo do Clube a serem ovacionados pelas mais recentes conquistas. Individualmente, Isaac Nader, campeão do mundo nos 1500 metros, e Vasco Vilaça, medalha de bronze no Campeonato do Mundo de triatlo, também foram agraciados.




Reatado o desafio, aos 51', novamente Dedic em evidência. O defesa foi lançado por Richard Ríos, recebeu a bola a meio do meio-campo adversário, acelerou, fletiu da direita para o meio, evitando vários adversários. Na zona da meia-lua, o internacional bósnio rematou alto e colocado, mas o esférico acabou por passar rente ao poste esquerdo.
Pouco depois, momento de dificuldade para Tomás Araújo. O defesa benfiquista sentiu-se mal – José Mourinho, no final, explicou que o internacional português estava doente – e teve de abandonar o terreno de jogo. António Silva foi o escolhido para tomar a sua vez (56').
Logo a seguir, a melhor jogada do Famalicão em todo o jogo, a única que obrigou, verdadeiramente, Trubin a aplicar-se. Rodrigo Pinheiro recuperou a bola dentro do meio-campo encarnado, avançou, deu para Yassir Zabiri, que combinou com Gustavo Sá, e rematou para excelente estirada do guardião benfiquista (57').
Com o Famalicão a tentar chegar-se mais à frente, o Benfica procurou esticar o jogo. Nesse aspeto, Sudakov, Prestianni e Richard Ríos foram os velocistas de serviço, galgando vários metros com a bola controlada, aguentando várias cargas.




Em mais uma boa ação de pressão alta da equipa encarnada, Prestianni, já dentro do miolo famalicense, ganhou uma bola a um adversário, avançou e lançou Aursnes. O camisola n.º 8 entrou na área, enquadrou-se com a baliza e rematou; Lazar Carevic defendeu e impediu o golo (65').
Aos 78', voltou a cheirar a golo na Luz. Jogada brilhante de Sudakov, a serpentear por entre 5 (!) adversários, a dar para Pavlidis, que deixou em Barrenechea. O médio argentino variou o jogo para a direita, onde Aursnes recebeu e tocou para Prestianni. Com um túnel, o avançado tirou um oponente do lance e, já bem dentro da área, rematou forte, para nova intervenção do montenegrino que protegeu as redes famalicenses.
Dentro dos últimos 10 minutos, José Mourinho refrescou a equipa, lançando Ivanovic e Rodrigo Rêgo (estreia no Estádio da Luz) para os lugares de Pavlidis e de Sudakov, respetivamente (81').
O jogo caminhava para o seu término, e os encarnados iam conseguindo controlar todos os movimentos do Famalicão, não dando muito espaço para que os visitantes ameaçassem a baliza à guarda de Trubin.
Aos 87', entrou Manu (saiu Prestianni, o Man of The Match), e o Benfica reforçou o controlo da posse de bola, numa altura em que os adeptos encarnados iam incentivando a equipa.
Terminados os 5 minutos de compensação, as águias confirmaram a 4.ª vitória consecutiva – Nápoles (2-0), Moreirense (0-4), Farense (0-2) e Famalicão (1-0) –, novamente sem sofrer golos. Além de ter sido o primeiro coletivo a derrotar como anfitrião o Famalicão, o Glorioso tornou-se, igualmente, o primeiro emblema a não permitir que o Famalicão marcasse fora de portas neste Campeonato.
Neste domingo, 28 de dezembro, os encarnados viajam até ao Minho, para defrontar o SC Braga. O jogo da 16.ª jornada da Liga Betclic tem início marcado para as 18h00.

SL Benfica
NOTAS DOS JOGADORES DO BENFICA:
Em noite de escasso espetáculo, o melhor em campo não foi um ‘artista’, mas sim um ‘seis’ com pés de ‘dez’ e vocação de ‘oito’. Neste Benfica de Mourinho em construção - dos alicerces (defesa), rumo ao telhado (ataque) -, Barrenechea, lúcido, pragmático e sempre no sítio certo, disfarçou alguma falta de inspiração e bastante falta de intensidade (especialmente na primeira parte) dos encarnados
O MELHOR EM CAMPO: Barrenechea (7).




É preciso andar de lupa para se encontrar uma ação excecional de Enzo Barrenechea ao longo dos 90 minutos. Talvez um passe açucarado para o compatriota Prestianni, aos 25 minutos, tenha sido o momento mais colorido do argentino. Mas o que o médio que na época passada defendeu o Valência deu ao Benfica permitiu, muito provavelmente, à equipa de Mourinho, manter o zero na baliza de Trubin. Era preciso um desarme precioso? Lá estava Enzo. Era preciso sair de uma situação apertada com um passe cirúrgico? Lá estava o Enzo. Era preciso cortar linhas de passe? Lá estava o Enzo. Era preciso usar o corpo para ganhar a jogada? Lá estava o Enzo. Todas estas ações, funcionaram, para o Benfica, como a cola que manteve unida a estrutura e abriu a porta aos três pontos.
5 TRUBIN – Genericamente, uma noite descansada, frente a um Famalicão que não soube ser bom no último terço. Depois de ter optado por fugir ao risco, pontapeando para longe, sempre que ‘cheirava’ perigo, foi obrigado a uma primeira (e única) defesa mais apertada aos 57 minutos, e 600 segundos volvidos andou aos papéis ao não capitalizar devidamente os dois metros de altura que ostenta, provocando um enorme calafrio na Luz.




6 DEDIC – O lateral bósnio começou mal o jogo (aliás os primeiros 15 minutos foram do Famalicão, com o Benfica a ver jogar), nervoso, ansioso e sem ‘timing’ de entrada. Valeu-lhe uma ‘roleta’ bem conseguida ao quarto de hora para ganhar confiança, assinando, daí em diante, uma exibição positiva. Grande destaque para uma ação que protagonizou aos 51 minutos, a fletir da direita para o centro à procura do pé esquerdo, finalizada com um remate forte que saiu pouco ao lado.
6 TOMÁS ARAÚJO - Uma primeira parte com duas intervenções excelentes, a primeira, aos 12 minutos, a dar profundidade à defesa, recuperando uma bola perigosa metida nas suas costas; e a segunda, aos 23, ao tirar, de cabeça, uma bola metida ao segundo poste, que tinha Zabiri como destinatário.
7 OTAMENDI – O capitão do Benfica atravessa um bom momento, apesar da enormidade de jogos que já tem nas pernas. Começou por mostrar-se com dois passes que o mais cotado dos ‘maestros’ não desdenharia assinar, aos nove minutos para Dahl e aos 14 para Dedic; à meia hora sofreu a falta de De Haas que seria sancionada com a grande penalidade que Pavlidis transformou em três pontos. No segundo tempo, foi o líder de que o Benfica precisava, sereno, decidido e sempre muito focado.
7 DAHL – Um remate perigoso (embora sem muito ângulo) aos 25 minutos, obrigou Carevic a uma boa defesa. Mas o jovem sueco valeu, essencialmente, pela continuidade que deu ao jogo e pela frequência em que se mostrou para oferecer soluções aos companheiros. Já se veem, aqui e ali, alguns sinais de entrosamento com Sudakov.






5 RÍOS - Não foi a noite mais feliz do ‘cafetero’, na Luz. Embora tenha tido, em algumas situações, pormenores de grande brilho, faltou sequência ao seu futebol, alternando o bom com o errático. Também andou longe das zonas onde pode explorar a meia-distância, uma das suas principais armas.
6 PRESTIANNI – Pode fazer melhor, apesar de ter cumprido na função de ‘agitador’ que lhe foi confiada. A exibição do jovem argentino acabou por ser mais em quantidade (é verdade, deu-se ao jogo como se não houvesse amanhã), do que em qualidade, com muitas jogadas trapalhonas ao longo dos 87 minutos em que esteve em campo. Bom passe para Aursnes (65) e grande remate aos 78 minutos.
5 AURSNES – Chamado à posição que tem sido de Barreiro, no apoio a Pavlidis, o norueguês teve uma noite de pouco brilho, escassa inspiração e muita entrega. Teve uma perda de bola para Rodrigo Pereira que podia ter comprometido a sua equipa e aos 65, isolado, permitiu a defesa de Carevic.
6 SUDAKOV – Um bom remate aos 11 minutos, parecia ser o início de uma noite de gala. Mas não foi. Apesar de algumas jogadas que revelaram o seu grande talento, ainda não foi o dínamo de que o Benfica precisa para, a partir da esquerda, criar situações de superioridade numérica na zona central. Está mais entrosado, mas a léguas do que pode vir a ser.
6 PAVLIDIS – Sempre pode dizer que resolveu o jogo, com o golo que apontou dos onze metros (execução soberba da grande penalidade, aliás). Mas, porque nunca teve ninguém a apoiá-lo devidamente, acabou por passar ao lado da partida, perdido entre os centrais do Famalicão.
6 ANTÓNIO SILVA – Chamado para o lugar de Tomás Araújo aos 55 minutos, esteve bem, nunca arriscou passes para dentro e foi dominador no jogo aéreo.
5 MANU – Foi cumprir uma missão tática, dando maior densidade e capacidade de recuperação de bola ao meio-campo do Benfica.
6 RODRIGO RÊGO – Olha que boa e refrescante surpresa: sem medo de ter bola, e a gozar cada segundo de fama, o jovem encarnado deixou muitas promessas interessantes.
5 IVANOVIC – Usou de forma empenhada o tempo que teve para se mostrar. E deu o contributo, essencialmente a defender e fixar adversários, que Mourinho pretendia.
José Manuel Delgado, in a Bola

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