quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

VIAGEM PARA OS QUARTOS SEM TURBULÊNCIA



Com um golo a abrir cada metade, o Benfica superiorizou-se ao Farense, vencendo o confronto dos oitavos de final da Taça de Portugal por 0-2.
Escassas chances concedidas e vastas oportunidades criadas. Foi assim que o Benfica levou a melhor sobre o Farense, por 0-2, nos oitavos de final da Taça de Portugal, nesta quarta-feira, 17 de dezembro, no Estádio de São Luís.
Vindos de duelos na Liga dos Campeões e na Liga Betclic, os benfiquistas enfrentavam agora o 9.º classificado da Liga 2 na prova-rainha, mas José Mourinho já havia lançado o mote na antevisão: "O chip é sempre o mesmo: temos de ganhar!" E a vitória foi mesmo uma realidade, na noite em que se assinalaria o triunfo 750 da carreira do treinador.
Comparativamente ao onze inicial que afrontou o Moreirense na anterior partida das águias (0-4), registaram-se 6 alterações para a visita a Faro, com Samuel Soares, António Silva, Manu, Schjelderup, Prestianni e Ivanovic a serem as novidades, rendendo Trubin, Dedic, Barrenechea, Aursnes, Barreiro e Pavlidis.
Assim, os encarnados arrancaram o embate com Samuel Soares, Tomás Araújo, António Silva, Otamendi, Dahl, Manu, Richard Ríos, Prestianni, Sudakov, Schjelderup e Ivanovic em campo.
As tentativas inaugurais da contenda pertenceram à equipa da casa, mas Samuel Soares segurou o cabeceamento de Geovanny Almeida (3') e o remate de longe de Rui Costa, que sofreu um desvio em Otamendi (8').




No lado oposto, a formação vermelha e branca converteu logo a primeira ocasião criada. À passagem dos 11', na cobrança de um livre à direita, Sudakov colocou a bola ao segundo poste. Já com o esférico a chegar ao chão, Richard Ríos atirou rasteiro, de primeira, puxado à direita da baliza, abrindo o ativo (0-1).
Após um período mais amarrado, mas sempre com domínio do Benfica, Prestianni, na sequência de uma excelente saída de jogo coletiva, subiu pela direita e colocou em Sudakov, ao meio. O internacional ucraniano lançou Schjelderup à esquerda da área, o qual cortou para dentro e disparou enrolado para defesa de Jakob Tannander.
Volvidos 2 minutos (27'), as águias dispuseram de uma oportunidade soberana. Em esforço, Sudakov conseguiu recolher um passe longo de Tomás Araújo junto à linha de fundo, pela esquerda, e passou para Schjelderup, que acabou derrubado por Lucas D'Agrella dentro da área do Farense, tendo Hélder Malheiro apontado de imediato para a marca dos 11 metros.




Otamendi bateu a grande penalidade de forma colocada, para o lado direito da baliza, mas Jakob Tannander voou e afastou a bola.
Logo depois (29'), Sudakov sofreu uma entrada muito dura de Rafinha (punido apenas com cartão amarelo) e, embora tenha recebido assistência médica e tentado continuar em campo, acabou por ser substituído por Aursnes, aos 36'.
Volvidos 5 minutos (41'), as águias ainda festejaram novamente, mas não contou. Prestianni, à entrada da área, abriu à direita para Tomás Araújo, que, de primeira, cruzou rasteiro para um desvio certeiro de Ivanovic. Contudo, o internacional croata estava em posição irregular, e o golo foi prontamente anulado por fora de jogo.
O Benfica fechou o 1.º tempo a pressionar os algarvios: aos 42', Dahl – que disputou o 50.º jogo oficial com o Manto Sagrado – recebeu um passe longo de Richard Ríos à esquerda da área e colocou no centro, onde Prestianni rematou em arco para fora; e, aos 45'+4', na cobrança de um livre perto do semicírculo da área, Schjelderup fez a bola sobrevoar a barreira, mas esta saiu ligeiramente ao lado do poste esquerdo.
Ao intervalo, Trubin entrou para o lugar de Samuel Soares, que também se mostrou queixoso no decorrer da metade inaugural.
Nos primeiros segundos da etapa complementar, Franco Romero derrubou Ivanovic perto da linha da área, o qual seguia isolado. Hélder Malheiro ainda foi chamado a rever o lance, por possível cartão vermelho, mas manteve a decisão inicial de assinalar apenas livre direto e atribuir uma cartolina amarela. Na cobrança do livre, Richard Ríos lançou um míssil um pouco transviado (51').
A merecer uma vantagem mais dilatada, os encarnados voltaram a marcar no 11.º minuto, desta feita da 2.ª parte (56'). Ivanovic recebeu a bola no meio-campo, fez a diagonal da direita para o meio e abriu para Dahl, que, à esquerda da área, disparou forte e rasteiro para defesa incompleta de Jakob Tannander. Atento e bem posicionado, o internacional croata encostou para o fundo das redes à boca da baliza, na recarga (0-2).
Com uma liderança mais confortável e no controlo das operações, os benfiquistas voltaram a ficar próximos do golo aos 71', quando Manu ganhou a bola no ataque, e Prestianni trabalhou à entrada da área antes de rematar a rasar o poste direito.
Com a passagem para a próxima fase da prova encaminhada, José Mourinho promoveu as entradas de João Rego – aos 82', substituindo Schjelderup – e de Daniel Banjaqui – aos 88', rendendo Prestianni –, jovem formado no Benfica Campus (e campeão do mundo) que, aos 17 anos, realizou a sua estreia oficial pela equipa profissional das águias.




Ao cair do pano (90'+5'), o coletivo de Faro criou a primeira real ameaça, por intermédio de um tiro forte de Franco Romero na quina da área, travado por uma defesa atenta de Trubin.
No minuto seguinte (90'+6'), a bola entrou na baliza do Benfica, quando Lucas Romero saltou mais alto num canto e cabeceou para as redes, mas, novamente aconselhado pelo VAR a ir ao monitor, Hélder Malheiro anulou o golo devido a um empurrão de Geovanny Almeida nas costas de António Silva, antes de a bola chegar ao autor do cabeceamento certeiro.
Com o placar inalterado, a equipa vermelha e branca viu o apuramento para os quartos de final da Taça de Portugal ser confirmado com o apito final. Nesta fase da competição, medirá forças com o vencedor da eliminatória entre o FC Porto e o Famalicão.
O próximo encontro do Benfica é às 20h45 de segunda-feira, 22 de dezembro, no Estádio da Luz, justamente contra o Famalicão, a contar para a 15.ª jornada da Liga Betclic.
SL Benfica
NOTAS DOS JOGADORES DO BENFICA:
Ríos tem as chaves de casa e convidou Ivanovic a entrar (as notas do Benfica)
Para quem já era 'flop' nada mau — médio colombiano já manda na equipa. Avançado croata mostrou que está aí para as curvas
Richard Ríos (nota 7)
Ríos (7) — Se alguém tiver um aparelho para medir a confiança poderá atestar que o médio colombiano estará perto de rebentar a escala. Quem o viu e quem o vê. E, realmente, para quem era um flop, não está nada mal. Já pegou nas chaves da casa e manda nela — o mesmo é dizer que manda no jogo do Benfica. A começar na gestão do jogo ofensivo — escolhe momento adequado para fazer um passe curto ou longo, rápido ou mais lento, para marcar os ritmos de jogo, escolhe também quando pegar na bola e queimar metros que tem à frente, criando desequilíbrio individual. E começa a saber cada vez mais quando e onde pressionar, mesmo que a área de ação seja maior que qualquer dos companheiros. Belo golo num remate cruzado de primeira após centro de Sudakov. Aos 85’, numa corrida desenfreada para ajudar Prestianni a travar um contra-ataque, viu cartão amarelo. Ali esteve, para lá da capacidade física invejável, a inteligência para matar uma jogada perigoso no momento certo.






Samuel Soares (6) — Saiu lesionado (queixou-se da coxa direita aos 38’) ao intervalo. Aos 3’ agarrou um cabeceamento de Ruben Fernandes na linha de golo, aos 7’ um remate de Rui Costa que ganhou efeito depois de tocar em Otamendi. De resto pouco mais trabalho. Sereno quando foi chamado a jogar com os pés, também não foram assim tantas vezes.
Tomás Araújo (6) — Desviado para lateral-direito, andou sempre num vaivém entre a defesa e o ataque. E foi sempre com os olhos na frente que jogou, combinando com Prestianni, arrancando cruzamentos, como aquele em que serviu Ivanovic para o golo (anulado por fora de jogo) aos 41’. Também soube pressionar no meio-campo adversário e ainda lá recuperou bolas.
António Silva (7) — Depois de uma publicação enigmática nas redes sociais que se prestou a diferentes interpretações e a um jogo no banco, com o Moreirense, voltou cheio de garra. Não deu o mínimo espaço a Rui Costa, esteve sempre perto dele, nunca o deixou virar-se para a baliza do Benfica, fortíssimo na marcação e na antecipação, concentradíssimo e carregado de vontade para mostrar que quer o lugar de volta. Muito bem.
Otamendi (6) — Aos 28’ voltou a desperdiçar um penálti (atirou para a direita e Tannader defendeu) depois de ter perdido semelhante oportunidade com o Atlético. Antes já tinha feito cortes pelo ar e pela relva, impondo a lei na área dele. E depois do penálti também não se foi abaixo. Jaiminho nunca teve oportunidade de criar perigo. Ao lado de Otamendi ninguém foi capaz de fazê-lo.
Dahl (7) — Está em boa forma física e, sem exigente trabalho defensivo, sentiu-se confortável e com força de início ao fim para participar no ataque e fazer marcações aos adversários bem adiantado no terreno. Aos 56’, depois de receber passe de Ivanovic, disparou forte e cruzado com o pé esquerdo, Tannander defendeu para a frente e o avançado croata encostou para o segundo golo. Aproveitou o espaço que Schjelderup abriu em diagonais para o interior para subir muitas vezes.
Manu (7) — Mais posicional que Ríos e ainda preso de movimentos (até na velocidade de pensamento) fez uma exibição em crescendo. Recuperou bolas, em antecipação ou a cortar linhas de passe, lançou contra-ataques, somou alguns passes longos, não só mostrou boa leitura do jogo como executou quase sempre bem, com uma exceção, aos 13’, quando perdeu a bola em zona proibida para Rafael Teixeira (sem consequências graves para a equipa). Mourinho deve estar a esfregar as mãos de contente por tê-lo de volta.






Prestianni (6) — Estava cheio de vontade para dar sequência ao grande momento que viveu com o Nacional, na Madeira, onde marcou grande golo. Agitado, procurou o espaço interior para combinações, participou em contra-ataques ameaçadores, perdeu uma boa oportunidade, num disparo por cima, quando estava em boa posição na área. Tentou várias vezes aquelas fintas curtinhas junto ao adversário, mas poucas vezes teve sucesso.
Sudakov (6) — Na marcação de livre, meteu a bola direitinha no pé direito de Ríos, que estava no poste mais afastado e marcou. Também serviu na área Schjelderup, que foi derrubado na área. Jogou no apoio a Ivanovic, onde as qualidades técnicas podem fazer ainda mais diferença, deu-se ao jogo, até algumas vezes recuando de mais, e teve também um bom lance individual aos 17’, no qual deixa dois adversários para trás, mas o centro foi desviado para canto. Saiu lesionado aos 36’.
Schjelderup (6) — Não foi assim tantas vezes feliz no momento da decisão — último passe ou remate. Aos 25’ rematou fraco e à figura de Tannader, aos 45+4, na marcação de livre direto, disparou ao lado do poste direito. Sofreu falta de D’Agrella para o penálti que Otamendi desperdiçou e aos 59’ recuperou a bola a Geovanny Almeida e iniciou um contra-ataque que só não foi mais perigoso porque Ivanovic não deu bom seguimento ao lance.
Ivanovic (7) — Na primeira parte, teve uma situação para finalizar e marcou, mas estava em posição de fora de jogo. A bola andou a fugir-lhe na primeira parte, às vezes procurou-a e saiu da posição para as faixas, deixando Sudakov no centro. Aos 46’, roubou a bola a Geovanny Almeida, correu com a bola controlada e foi derrubado à entrada da área por Romero. Dez minutos depois estava a marcar — estendeu, com passe bem medido, a passadeira a Dahl, que rematou forte, e foi finalizar na pequena área, numa recarga oportuna. Entregou-se ao máximo, participou em muitos lances na segunda parte, e justificou a aposta de Mourinho. Aí está mais um para as contas de Mourinho.
Aursnes (6) — Entrou aos 36’ para o lugar de Sudakov e foi desempenhar a mesma função, ao lado de Ivanovic. A equipa ganhou ainda mais no momento de pressionar a saída de bola do Farense. É daqueles que lideram por exemplo e, por isso, todos o seguiram para manter sempre a intensidade ao máximo.
Trubin (6) — Entrou após o intervalo e só aqueceu as mãos aos 90+5’ para travar um remate cruzado de Romero. Instantes depois, após um canto, sofreu um golo (bola entre as pernas), que foi anulado por falta sobre António Silva. Foi só um susto.
João Rego (6) — Entrou aos 82’ e foi jogar ao lado de Ivanovic. Participou em dois lances ofensivos — aos 87’ entrou na área e serviu Dahl, aos 89’ lançou Ivanovic num contra-ataque.
Banjaqui (-) — Estreia do lateral-direito de 17 anos, campeão do Mundo sub-17, na equipa principal. Entrou para o lugar de Prestianni aos 88’ e desempenhou as funções de médio/extremo direito. Ainda apareceu na área a tentar cruzar, mas Duarte Furtado não deixou e cortou para canto.
Nuno Paralvas, in a Bola

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