sábado, 22 de outubro de 2016

COMPROMISSO


Este Benfica de Rui Vitória pode não jogar um futebol de encher o olho mas tem um forte compromisso com o jogo e com a vontade de ganhar. É talvez o sinal mais evidente de como a equipa campeã nacional continua na linha do que foi na última época. Este Benfica é muito forte no espírito, na solidariedade, no caráter. Os jogadores parecem morrer uns pelos outros e apontam sempre a uma elevada exigência competitiva, como se todos pudessem naturalmente falhar por incapacidade ou fraqueza mas ninguém pudesse falhar por desconcentração ou, pior ainda, por descontração!
Em Kiev, o Benfica voltou a mostrar essa fortaleza de alma e foi, sobretudo, por isso que venceu.
Porque deu tudo quando foi preciso dar tudo, porque foi capaz de sofrer quando foi mesmo preciso sofrer e porque soube reconhecer que naquela parte final do jogo já dificilmente seria capaz de atacar - ou contra atacar- com critério, precisão e eficácia e teria assim de permitir que o dono da casa assumisse a despesa do jogo.
Este Benfica é, pois, antes de mais, uma equipa mentalmente preparada para o desafio. Pode, na verdade, não jogar muito bem, pode na verdade nem sempre conseguir com que as coisas lhe saiam s bem - como no desafio de Nápoles - mas é uma equipa mentalmente disponível para tudo o que tem e precisa de fazer em campo. Isso é inegável e é por esta altura, a meu ver, a sua grande imagem de marca. Dá tudo o que tem e, e se for mesmo indispensável, julgo que dará até o que não tem para sair do campo com a consciência de não poder fazer mais.Parece-me ser essa, sublinho, realmente a coroa destes campeões nacionais, apesar de tudo ainda bem longe de repetirem a Champions da última época. Devemos, por outro lado, reconhecer que se trata de um campeão humilde, que arregaça as mangas, não anda de saltos altos e luta pela bola em todos os centímetros do campo. Quando joga menos parece que luta ainda mais. Em Kiev o Benfica foi feliz ao marcar cedo, soube construir depois vantagem superior, procurou controlar e foi conseguindo na maior parte do tempo, mas ainda acabou por passar um mau bocado quando por duas ou trés vezes foi Ederson a evitar, com fantásticas intervenções na baliza, que o Dynamo Kiev pudesse reentrar no jogo. Mas são estas vitórias, quando não se joga extraordinariamente bem, que dão maior confiança às equipas e melhor as preparam para os desafios mais difíceis. Quando se joga bem é sempre mais fácil entrar nos caminhos dos sucessos. Verdadeiramente difícil é quando se joga pior.
O que nos leva a uma interrogação! Como será este Benfica com todos os seus elementos disponíveis? Se desfalcado durante mais de um quarto do campeonato em que chegou a não ter um único ponta de lança à disposição de Rui Vitória, e a equipa demonstrou todo este coração e entrega, como será com todos os atletas à disposição do treinador?
Uma coisa tenho a certeza, será uma equipa fortíssima e de grande qualidade, que qualquer treinador gostaria de ter à sua disposição. O futuro adivinha-se bem risonho.

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