terça-feira, 8 de novembro de 2016

O LADO OBSCURO DO FUTEBOL


Jorge Mendes: "Quando império atinge o zénite começa a decair"

Pippo Russo, autor do livro "L'orgia del potere" - "A orgia do poder" - concedeu uma entrevista ao Desporto ao Minuto, onde alerta para para o risco de que o futebol mundial venha a ser "controlado por interesses obscuros".

Aos 50 anos, Jorge Mendes é reconhecido internacionalmente como um dos homens mais poderosos no mundo do futebol. Ao longo da sua carreira enquanto empresário, já fez movimentar mais de 600 milhões de euros em transferências e perto de 65 milhões de euros em comissões.
É o responsável pela gestão da carreira de jogadores como Cristiano Ronaldo, James Rodríguez ou Ángel Di Maria. É ele quem negoceia os milionários contratos de José Mourinho e também tem palavra na gestão de alguns dos principais clubes europeus.
No entanto, as bases do seu “império” são pouco conhecidas. Pippo Russo, jornalista e sociólogo italiano, lançou, no passado dia 27 de setembro, o livro “L’orgia del potere” - em português, “A orgia do poder” - onde questiona as ações do empresário. Agora, em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, levanta o véu sobre o seu trabalho.
É o responsável pela gestão da carreira de jogadores como Cristiano Ronaldo, James Rodríguez ou Ángel Di Maria. É ele quem negoceia os milionários contratos de José Mourinho e também tem palavra na gestão de alguns dos principais clubes europeus.
No entanto, as bases do seu “império” são pouco conhecidas. Pippo Russo, jornalista e sociólogo italiano, lançou, no passado dia 27 de setembro, o livro “L’orgia del potere” - em português, “A orgia do poder” - onde questiona as ações do empresário. Agora, em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, levanta o véu sobre o seu trabalho.
"Jorge Mendes está a perder o controlo"
Porquê Jorge Mendes?
Há muitos anos que tenho vindo a estudar o fenómeno a que chamo de economia paralela do futebol mundial, que é como que uma economia formal que usa o futebol para produzir ganhos financeiros para levar para fora do futebol. Neste sistema económico, Jorge Mendes é, na minha opinião, mas não só, o principal ator. Hoje em dia, Jorge Mendes é a pessoa mais poderosa do futebol, acima do presidente da FIFA e dos presidentes dos grandes clubes. É o grande ponto de concentração de poder económico, político e de influência no futebol. Tendo isto em conta, comecei a focar-me em Jorge Mendes como um fenómeno social.
No seu livro, propõe-se a descobrir como é que se procedeu esta ascensão. A que conclusão chegou?
Quando Jorge Mendes começou a sua carreira no mundo do futebol, era um total ‘outsider’, até mesmo na esfera de poder em Portugal, que nessa perspetiva é um país muito conservador. Fiquei muito impressionado ao observar como um total ‘outsider’ como Jorge Mendes descolou e se tornou no homem mais poderoso do futebol português, e, depois, do futebol de todo o mundo. Por aquilo que consegui investigar e interpretar, Jorge Mendes teve a sorte de aproveitar as grandes oportunidades, mas observei também uma espécie de coincidência de interesses com um certo mundo financeiro português.
Os melhores jogadores cujas transferências foram intermediadas por Jorge Mendes no início do milénio, faziam parte do primeiro fundo de investimento português. Portugal testou, antes de qualquer país europeu, um formato de fundo de investimento, em 2002, através do grupo Orey e do Banco Espírito Santo. Foi formado, em primeiro lugar, por jogadores do Sporting, e, depois, do FC Porto. Os principais jogadores em que estes fundos apostaram, eram agenciados por Jorge Mendes. Há uma extraordinária coincidência de interesses que provam que Jorge Mendes e esses fundos são aliados. Este facto específico assinala uma grande diferença entre Jorge Mendes, que, nessa altura, era um agente emergente, e José Veiga, que era o mais poderoso agente.
O que os diferencia?
Jorge Mendes é um aliado do mundo das finanças, mas nunca teve a tentação de, ele próprio, se tornar num homem das finanças. Por outro lado, José Veiga era um homem das finanças e lançou a sua agência na bolsa de valores de Paris. Teve um grande momento de soberba, em que perdeu a noção dos limites. Este é o segredo do lançamento de Jorge Mendes. Foi muito cauteloso, tornou-se um superagente, mas nunca quis ser um homem das finanças.
Este verão, Mino Raiola acabou por ‘faturar’ mais do que Jorge Mendes. Interpreta isto como um sinal de que este “império” pode estar prestes a ser ultrapassado?
Quando um império atinge o zénite, começa a entrar em decadência, e esta é uma dinâmica histórica. Mas não é possível ter a certeza porque, ao mesmo tempo, Jorge Mendes está a expandir o seu império para fora da Europa, principalmente para a China. Não está apenas focado no futebol, mas também numa dimensão de matérias económico-financeiras. Se falarmos do crescimento do futebol na China, falamos do desenvolvimento de uma matéria específica, que é a economia do entretenimento. O futebol é uma peça-chave desta economia e, se Jorge Mendes está expandir a sua área de poder nesta direção, faz sentido que perca alguma tração no que toca ao futebol. Os sinais do último mercado de transferências dizem-nos que Jorge Mendes está a perder controlo. O combate com Mino Raiola diz-nos que, talvez, esteja em risco de perder parte do seu poder. Não sei se este é esse momento, mas, certamente, Jorge Mendes está no nível máximo do seu poder. Repito: Quando um império chega ao seu nível máximo, começa a decair.
Quão extenso é este “império”?
Jorge Mendes montou o seu império em Portugal e nunca perdeu contacto com o futebol português, especialmente com clubes de pequena e média dimensão, como Rio Ave, Sporting de Braga, Paços de Ferreira, ou, mais recentemente, Vitória de Guimarães e Moreirense. Entretanto, foi construindo relações com os três principais clubes; primeiro o FC Porto, depois o Sporting e, mais recentemente, o Benfica, que é o seu clube de referência em Portugal. Agora não tem relações com o Sporting. Tem uma nova amizade com o FC Porto, que, durante um certo período, esteve menos forte devido à presença e influência da Doyen. Agora, em Portugal, tem uma relação especial com o Benfica.
E a nível internacional?
Jorge Mendes tem uma extensa rede no futebol europeu. Os clubes de referência são Manchester United, Mónaco, Atlético de Madrid e Valência. Há também uma relação especial com o Wolverhampton, que foi o clube que juntou Jorge Mendes ao seu amigo na China, Guo Guangchang, da Fosun. Há também outros clubes, como Chelsea, Barcelona, Real Madrid ou Bayern Munique, que é algo de completamente novo.
"O futebol estará cada vez mais em risco de ser controlado por interesses obscuros"
O que é que os grandes clubes têm a ganhar com esta rede?
Não ganham. Temos exemplos de uma circulação de jogadores controlados, de certa maneira, por Jorge Mendes, que foram contratados mas nunca jogaram no Atlético de Madrid, foram sucessivamente emprestados. Ainda em 2015, Bernard Mensah foi contratado, mas foi emprestado ao Getafe e voltou ao Vitória de Guimarães. Podemos ver o mesmo com Diogo Jota. Foi comprado pelo Atlético de Madrid, nunca jogou no Atlético de Madrid, e foi emprestado ao FC Porto, que voltou a ser um aliado de Jorge Mendes. Em termos de economia racional, não consigo compreender os benefícios para esses clubes. Talvez tenham outros benefícios que, claro, não compreendo...
Sendo um negócio tão obscuro, isso pode acabar por afastar as pessoas do futebol?
Hoje em dia, o futebol é um dos maiores negócios do mundo, é um pilar central na economia de entretenimento, que é a grande economia do século XXI. Tendo isso em conta, é natural que o futebol atraia muitos interesses privados, cujas intenções não são claras. Temos interesses obscuros, atores obscuros, finanças obscuras, que entram no futebol por razões diferentes para atingir objetivos distintos. Infelizmente, o futebol será cada vez mais sujeito a interesses obscuros. Se as instituições governamentais e a opinião pública não estiverem atentas a este tipo de evolução, o futebol estará cada vez mais em risco de ser controlado por interesses obscuros.
Chegou a falar com Jorge Mendes ao longo da sua investigação?
Não, nunca falei com Jorge Mendes, não foi do meu interesse. Levei a cabo um trabalho de análise à figura de Jorge Mendes, recolhi matérias públicas a seu propósito e também matérias pouco conhecidas. Não sei quantas pessoas sabem que Jorge Mendes, num certo período, viajou para o Vietname para organizar um torneio com Cristiano Ronaldo. Não sei quantas pessoas em Portugal sabem que Deco, um dos primeiros colaboradores de Jorge Mendes no Brasil, tem uma grande relação com a Federação de Futebol do Gabão. Há muito da esfera de interesses de Jorge Mendes que descobri ao escrever este livro. Quando acabei de escrever, senti que muitas outras coisas podiam ter sido contadas no meu livro, mas foram deixadas de fora, porque tinha que acabar e e publicá-lo. Sinto que, se tivesse mais um ano para escrever outro livro, duplicaria a dimensão deste.
Sempre foi muito crítico, não só de Jorge Mendes, como da Doyen. Chegou a receber algum contacto?
Sim, da Doyen. Tentaram dialogar comigo, mas respondi-lhes dizendo que, se quisessem falar comigo enquanto jornalista, estava disponível para entrevistar Nélio Lucas. Mas uma entrevista com perguntas reais, não domesticadas. Rapidamente esse contacto foi suspenso. Da parte de Jorge Mendes, nada. Não procurei contactá-lo, e, claro, nem ele a mim. Não vejo problema nisso. Fiz o trabalho que tinha de fazer e, ao fazê-lo, não houve a necessidade de contactá-lo.

2 comentários:

  1. Este Pipo Russo não é flor que se cheire, não me merece qualquer simpatia ou crédito, não passa do típico jornalista corrupto italiano, que se vende a troco de textos que publica no blogue dele a atacar clubes específicos, ou pessoas específicas, muitos deles portugueses entre os quais o Benfica, cheio de mentiras e de teorias da conspiração sopradas pelos mesmos que fazem o mesmo em blogues lagartos, e pago por estes, ou plantando notícias falsas em sites ou jornais italianos.
    Este gajo estava no outro dia em Lisboa, em Campo de Ourique, convidado num jantar por uma série de jornalistas lagartos, muitos deles do Record. Muito da informação para o livro é anti-Mendes - e ao mesmo tempo anti-Benfica - o clube que está agora na mira deles, e ter-lhe-á sido passada por esses jornalistas lagartos aziados. Os benfiquistas têm é de manter os olhos bem abertos com esta gente insidiosa e falsa.

    O que ele diz nesta entrevista não tem qualquer conteúdo, não tem sumo, não tem qualquer utilidade sob o ponto de vista informativo, nada que já não se saiba, é apenas um gajo invejoso que tenta ganhar algum dinheiro à custa de alguém que subiu à custa do seu trabalho e da sua competência, algo que este corrupto não tem nem nunca terá. Mas que insidiosamente tenta diminuir.

    Ao mesmo tempo, não passa da manifestação do velho ressabiamento histórico dos italianos para com os portugueses que já vem desde os tempos dos descobrimentos quando os portugueses rebentaram com o comércio das repúblicas italianas com o oriente, porque eram mais competentes e mais espertos do que eles e arranjaram um caminho alternativo para o comércio que lhes estragou o negócio.
    Nessa altura fizeram inúmeras alianças e tentativas desesperadas de armarem e instigarem os muçulmanos para nos atacarem.

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    1. Este Pippo é avençado dos lagartos, como diz o Saraiva, o nosso Pippo.
      Saudações

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