domingo, 11 de dezembro de 2016

LEONOR MORDAZ COMO SEMPRE


Ainda não será um vício mas já começa a ser uma mania. Que este Benfica se vê sempre aflito, muito aflito, quando encontra pela frente equipas que o pressionam nos momentos da construção do seu jgo ofensivo é um dado corriqueiro de cultura geral. Melhor seria, ouve-se murmurar pelos cafés da Baixa, no turbilhão dos transportes públicos e nas cátedras universitárias, que nestes desafios de ulterior importância o Benfica abdicasse dos seus galões e da consequente prosápia surpreendendo o adversário, seja ele qual for, com um meio-campo reforçado, um futebolzinho contido todo feito de paciência à espera dos erros alheios que, inevitavelmente, acabam por acontecer nos noventa minutos da função. É de duvidar se esta propalada mudança de paradigma se vai apresentar pela primeira vez em campo já este domingo tendo em conta que Rui Vitória não é propriamente um treinador sugestionável pelas marés da opinião pública e pelos juízos da crítica especializada que, regra geral, pouco ou nada diferem entre si em substância e se resumem a isto : contra adversários da sua igualha o Benfica tem dificuldades em tomar conta da situação e terá sido por isso que, na época de 2015/2016, perdeu trés vezes com o Sporting e duas vezes com o Porto. Só más notícias, portanto.
A boa notícia é que o Benfica de Rui Vitória quando não se vê na obrigação formal de assumir as despesas do jogo já se mostrou capaz, para alegria de muita gente, de surpreender tudo e todos com resultados tão positivos quanto inesperados e que lhe foram imensamente úteis. Foi assim, sólido e expectante, que venceu em Alvalade o dérbi da segunda volta da temporada passada que lhe terá valido no fim das contas a conquista do seu terceiro campeonato consecutivo. E foi assim, consistente e sem urgências ofensivas, que o Benfica foi vencer o Atlético de Madrid, normalmente intratável no seu campo, naquela que terá sido a sua exibição mais pragmática e mais esperta na era de Rui Vitória. Foi uma beleza. Já lá vais mais de um ano.
Na quarta-feira, o tudo menos avassalador Legia, que não ganhava há 21 anos na Liga dos campeões, soube ser tão sorrateiro a jogar e tão esperto a defender que, à laia de bombom, ainda dispôs de trés oportunidades flagrantes de golo nos últimos dez minutos do jogo de Varsóvia. É que uma coisa não invalida a outra. Carrega, Benfica!

Leonor Pinhão in record

1 comentário:

  1. Muito bom, ou muita boa, e sempre acutilante, mordaz, corrosiva, a Leonor é uma "fofa" com U!

    Este trecho da Leonor é lapidar :

    "A boa notícia é que o Benfica de Rui Vitória quando não se vê na obrigação formal de assumir as despesas do jogo já se mostrou capaz, para alegria de muita gente, de surpreender tudo e todos com resultados tão positivos quanto inesperados e que lhe foram imensamente úteis. Foi assim, sólido e expectante, que venceu em Alvalade o dérbi da segunda volta da temporada passada que lhe terá valido no fim das contas a conquista do seu terceiro campeonato consecutivo.."

    E vou reforçar, o Benfica do Senhor Rui, em 7 partidas disputadas com Sporting e FC Porto, venceu apenas um (em Alvalade, uma vitória justissima em que o Sporting foi literalmente massacrado), empatou 1 jogo no Dragão há um mês (novamente, um resultado injusto, o Benfica fustigou o Porto nos 90 minutos), e o Benfica do Senhor Rui, em derbys e clássicos perdeu "apenas" 5 partidas...

    Descalça vai para a fonte
    Leonor pela verdura;
    Vai fermosa, e não segura. (talvez tão insegura quanto o Benfica do Senhor Rui)

    Dr Borges Coutinho

    ResponderEliminar