quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

CAMPEONATO DA VERDADE


1 Sempre achei piada aos denominados campeonatos da verdade, aqueles que cada um elabora com base na contabilidade dos prejuízos e/ou benefícios de arbitragem de cada clube, traduzidos em pontos a mais ou a menos. O que os estatísticos de algibeira não percebem é que os seus campeonatos da verdade (com cores para todos os gostos...) são os mais mentirosos de todos, garantidamente mais (ou pelo menos tanto) do que o último campeonato que conta, o da realidade. Os campeonatos da verdade de cada um não tem em conta se o penalty ia ser convertido ou não, se o jogador isolado ia marcar ou não, se a equipa que ficou em vantagem ia relaxar, se a equipa que ficou em desvantagem ia reagir etc. Em suma, não tem em consideração a razão pela qual todos amamos o futebol, a imprevisibilidade com que reage a cada toque do destino.
2 Não sei se Jorge Jesus o fez com intenção (seria cruel estar a tentar provar que com a política dos miúdos o Sporting não vai lá...) ou se tudo não passou de uma má decisão, seguida de uma declaração irrefletida, mas a verdade é que conseguiu queimar dois jogadores num só jogo, no Dragão. Primeiro, ao lançar como titular Matheus Pereira, que só tinha um minuto na Liga (era praticamente um ser invisível), depois ao criticar Palhinha como o fez, mesmo que agora tente emendar o discurso. É o mínimo e é o seu campeonato da verdade.
3 A defesa de Casillas no clássico foi assombrosa, de acordo, mas não é uma grande defesa que define um guarda-redes, os medíocres ou medianos também as fazem (Ochoa, por exemplo, no Mundial 2014...) assim como os avançados sem passado nem futuro fazem golos memoráveis para o prémio Puskas. Casillas foi um gigante e ainda é bom (sobretudo esta época, sobretudo mais protegido), mas até agora não justificou o investimento. Aquela defesa é o seu campeonato da verdade.

Gonçalo Guimarães, in a bola

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