terça-feira, 14 de março de 2017

MELHORES DESATAM NÓS


1 Entrada muito boa do Benfica, pressionante e com um forte primeiro tempo de defesa, imprimindo uma grande intensidade às suas ações. Circulando a bola com velocidade imensa  e com a mobilidade superlativa dos seus elementos  da estrutura menos fixa, o Benfica confundia a marcação zonal dos de Belém. A esta mobilidade, amplitude e repetida criação de linhas diagonais conseguida pelo dispositivo encarnado somava-se uma tímida aparição azul. Sabendo-se do coletivo forte que o Belenenses normalmente apresenta, era expectável que esta forte entrada das águias encontrasse uma oposição uma oposição mais visada do adversário, mas a superior transição defensiva dos jogadores de vermelho (rápida compactação dos setores), não deixava tempo nem espaço para os visitantes terem bola e sair para o ataque, fosse em combinações curtas ou em saídas longas para o seu possante homem da posição 9 (Maurides) e chegada das segundas linhas.
Golo foi exceção
2 Apesar desta entrada agressiva do Benfica e do seu futebol envolvente e variado, criando gritantes dificuldades à organização defensiva do adversário (com Jonas, Zivkovi e Salvio a aparecerem a jogar no interior do bloco adversário)) as oportunidades de golo não abundavam e o golo de André Almeida foi uma exceção à falta de inspiração dos avançados da casa. Naturalmente, seria impossível manter este ritmo alucinante todo o tempo e a partir dos 25 minutos foi possível assistir a outro jogo, fruto da alternância dos ritmos a defender promovido pelos encarnados, com o Belenenses a começar a sair do colete de forças a que estava submetido. Baixando a velocidade das suas ações, o Benfica convidou a equipa de Belém a estender-se no relvado e a chegar à baliza de Ederson. Os últimos 15 minutos da primeira parte mostravam um Belenenses menos assustado, mais confiante e defendendo de outra forma a sua trajetória imaculada dos seis jogos. A bola rondava as duas balizas e perspetivava-se uma segunda parte com outros motivos de interesse, mais equilibrada, mesmo sabendo que o Benfica com os executantes que possui sente-se confortável a jogar em ataque rápido ou contra ataque. O início da segunda parte mostrou o porquê dos conjuntos dotados de melhores unidades, regra geral, ganharem os jogos e mesmo quando a imprevisibilidade parece tomar conta do desígnio das partidas, o valor individual de jogadores como Mitroglou e principalmente de Jonas desata o nó. O equilíbrio aparente desvanece-se, trazendo sucesso ao conjunto mais bem apetrechado, fazendo prevalecer o talento individual.


Placa giratória
3 O Belenenses mais atrevido ameaçava a baliza de Ederson mas não fazia golo e na outra baliza a bola ia entrando, com aproveitamento máximo do ataque do Benfica, dos espaços concedidos por este afoitamento azul. Sob a batuta de um esclarecido Jonas, que baixando no terreno servia como placa giratória de todo o movimento ofensivo encarnado, o Benfica ia avolumando o marcador e mostrava que os fantasmas do pesadelo alemão estava exorcizados e a equipa mostrava saúde e motivação para agarrar com unhas e dentes o primeiro lugar. Os de Belém lutaram e revelaram ambição, atrevimento e fidelidade ao seu modelo de jogo e aos seus princípios mas foram vítimas das suas naturais insuficiências, perante um adversário com outros argumentos e talhado para outros voos. O jogo de ontem parecia o da noite europeia com o Benfica a fazer de Dortmund e os de Belém de Benfica, apenas com aparente equilíbrio. Tudo normal é natural.

Daúto Faquirá, in a bola

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