quinta-feira, 6 de abril de 2017

INCERTEZA ATÉ AO FIM


1 O Benfica apresentou-se com várias mudanças na equipa (8), com destaque para o reaparecimento de Grimaldo e a opção por uma estrutura móvel no ataque a alterar o perfil ofensivo da equipa, mais talhada para os movimentos de transição e menos para o ataque continuado. O Estoril no seu figurino habitual com o duplo pivôt no meio-campo, e no eixo central do ataque o inspirado Bruno Gomes. Com Diogo Amado a comandar todos os ritmos da equipa, o conjunto da linha apareceu destemido, confiante e desempoeirado, aproveitando o abaixamento dos níveis de vigilância do anfitrião, perigosamente descansado sobre o 2-1 da primeira mão. O Estoril organizado e com excelentes unidades, foi o primeiro a marcar, trazendo interesse extra ao jogo e prometendo uma noite agitada. Aproveitando um raro deslize do imenso Luís Ribeiro, o Benfica, pelo intermitente Carrillo, empatou a partida e logo se acentuou o sentimento de que o contexto era propício para um jogo cheio e empolgante. O espírito descontraído com que os da Luz encaravam a partida ia concorrendo para repetidos erros dos seus jogadores na tentativa de dominar através da posse de bola, situação que ia empurrando o Estoril para altos níveis de competência e motivação para beleza do empolgante jogo. Passes falhados, interceções mal avaliadas e correrias estéreis descaracterizavam o jogo encarnado e expunham-no às ameaças de Bruno Gomes, Licá e companhia.
Carlinhos a todo o gás
2 A segunda parte começou com o golo do recém entrado Carlinhos, conferindo acerto a opção de Pedro Emanuel e criando mais incerteza e emoção ao jogo. O encontro ia prendendo as atenções pelas repetidas oportunidades de golo criadas pelos dois conjuntos (mais o da casa) e pelos níveis de confiança e crença que os visitantes demonstravam trazer para a Luz, criando imensas dificuldades ao atabalhoado jogo encarnado, assente essencialmente em esticões individuais protagonizados pelos seus executantes, apetrechados de elevado valor técnico.
Rui Vitória tinha de agitar
3 Rui Vitória sentia que os riscos corriam, percebia que o opositor era competente e que era necessário trazer algo de novo  à partida (entrou Jonas), agitar a letargia coletiva. Naturalmente, o valor individual do Benfica permitiu que este voltasse a estar por cima, mas o teimoso Bruno Gomes incendiou de novo a Luz, alimentando o sonho canarinho. E os nervos disparavam. A um golo do Jamor, os da linha procuravam desesperadamente o 4-3 mas um corte providencial de Grimaldo tirou o golo a Kléber, já o jogo escorria para o fim, carregado de emoções. A felicidade de uns contrastava com a tristeza de outros, vencidos pela eficácia e melhor qualidade individual dos adversários.
Excelente propaganda
4 Mérito para um Estoril finalmente organizado, com clara ideia de jogo (assente nas características dos jogadores) e simples de processos, o que dificultou muito um aburguesado Benfica, demasiado fixado no resultado da primeira mão e na qualidade individual dos seus elementos. Partida recheada de golos, empolgante e pejada de emoções - uma excelente propaganda ao futebol.

Daúto Faquirá, in a bola

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