segunda-feira, 2 de outubro de 2017

QUANDO MARCAR CEDO NÃO CHEGA


"O Benfica entrou bem, mas após o empate do Marítimo pedia-se mais. Faltou plano B.

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1. Com a responsabilidade do seu lado, mas só pelo mau momento que atravessa, mas também pelo facto de poder recuperar pontos a FC Porto e Sporting, face ao empate no clássico, o Benfica entrou no jogo da Madeira pressionante e muito agressivo, ganhando duelos, encostando desde cedo o Marítimo à sua área e conseguindo um golo madrugador e de belo efeito por Jonas. O jogo tornou-se então viril, com uma intensidade bastante elevada nos duelos, o que cedo acabaria por limitar as acções de Pablo, do lado do Marítimo, e Fejsa, do lado das águias, face aos cartões amarelos vistos na sequência de entradas além dos limites.

Uma questão de dinâmicas
2. O Benfica insistia numa constante construção a três, mas o meio-campo não funcionava, em grande parte devido à superioridade numérica do Marítimo neste sector. Acresce que os encarnados insistiam em jogar nos homens da frente, com movimentos de profundidade que se tornavam previsíveis. Desta forma, o Marítimo anulava as primeiras bolas e conquistava as segundas. A equipa da casa jogava de forma mais apoiada e conseguia desenhar jogadas com melhor critério até ao último terço, onde aí, através de muitos cruzamentos efectuados, o Benfica ganhava nas alturas os duelos individuais e raramente deixava criar perigo para as redes de Júlio César. Até ao golo.

O minuto 66 depois do aviso
3. O Marítimo avisou primeiro, por Rodrigo Pinho, numa jogada fora do normaldo jogo maritimista (minuto 57), mas a insistência mantinha-se nos cruzamentos, o que viria a dar os seus frutos ao minuto 66, golo da autoria de Ricardo Valente. A partir daí, quando se pedia um Benfica dominador e com uma resposta do banco, face a um resultado penalizador para os objectivos da equipa e para a necessidade de redenção por tudo o que tem acontecido, a verdade é que nada mudou. Nem no sistema, nem nas dinâmicas... Faltou o plano B.

Identidade baralhada
4. O colectivo do Benfica teve dificuldades em ligar os seus sectores. O jogo de corredores viveu das individualidades, onde os laterais não criaram desequilíbrios, e o seu meio-campo foi facilmente anulado. O jogo encarnado torna-se previsível, uma vez que Pizzi fica sozinho nas mestria da organização ofensiva, com a única solução a passar pelo jogo directo para os corredores, neste particular com muitos passes falhados dos centrais. O meio-campo do Benfica simplesmente não existiu."

Ricardo Chéu, in A Bola

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