Em três penadas mudou-se um paradigma. Até há pouco, tudo se cingia ao árbitro, o homem que tinha de decidir no momento, debaixo da pressão de jogadores e do público.
Agora não há lance, por mais corriqueiro, que não se apele – com uma natural falta de conhecimento sobre o seu papel – à intervenção do vídeo-árbitro, essa figura surgida das brumas como D. Sebastião para resolver todos os problemas mas que é esgrimida pela comunicação dos clubes a seu bel-prazer e consoante as necessidades do momento.
É hilariante observar como se podem ter opiniões tão distintas em função dos interesses. No sábado o VAR é a última maravilha do século, no domingo não resolve nada porque quem mexe os cordelinhos são pessoas a soldo de determinado clube, por defeito aquele que tem colecionado títulos nos últimos anos.
E, vai daí, lá vem o desgastado discurso da limpeza no futebol, acompanhado com propostas de aulas de ética capazes de fazer rir o mais sisudo.
E quanto mais se apela à serenidade e ao bom senso para proteger um negócio do qual todos vivem - uns estão mais dependentes do que outros -, quais meninos birrentos em reacção à promessa de uma palmada, correm a pegar nos telemóveis e a destilar mais veneno.
Um dia, quando os adeptos se fartarem, vão acabar por lamentar a sua pequenez."
Sem comentários:
Enviar um comentário