Aquilo, sim, 'aquilo', a que se convencionou chamar 'comunicação', nomeadamente nos grandes portentos do nosso futebol, parece estar entregue a gente tarada. A tara, singular, manifesta-se numa compulsão para a calúnia clínica. Poderia dar-lhes para a calúnia cirúrgica, sempre pensada, ainda que lastimável, e tem um objetivo preciso. Mas não, dá-lhes para a calúnia clínica que leva de roldão ânimos, reputações e princípios não só de árbitros mas também dos próprios jogadores de futebol de cuja profissão dependem estes assalariados da comunicação para poderem ter, também eles, uma profissão.
Tomemos o exemplo esclarecedor de Francisco José Marques, o antigo jornalista que hoje exerce funções na comunicação do FC Porto, e de Nuno Saraiva, o antigo jornalista que hoje exerce funções na comunicação do Sporting, ambos metódicos difamadores da honrada profissão dos jogadores da bola de que se alimentam. Se para Saraiva, como estarão recordados, os jogadores do Braga que foram empatar a Alvalade se apresentaram em campo com uma energia muitíssimo suspeita, para Francisco José a explicação da goleada que o Benfica aplicou em Tondela reside não no facto de a equipa do Benfica se ter, por uma vez, enganado mas no facto de os jogadores do Tondela se terem apresentado com uma energia também muitíssimo suspeita e apelidada de "hospitaleira". Tarados, enfim, mas não tanto.
Um dia, presume-se, se pretenderem ou mesmo necessitarem de voltar a exercer a profissão de jornalista num qualquer reputado órgão de comunicação que os acolha, estes dois terão certamente o cuidado de se apresentar nos seus regressos à isenção exibindo aos novos patrões os respetivos boletins médicos que atestarão clinicamente que estão 100% curados da tara que os vem afligindo nos presentes transes.
A meio da semana, a expulsão de Danilo no jogo com o Rio Ave desencadeou mais um episódio no homem da comunicação do FC Porto. Danilo foi muito bem expulso como o próprio jogador reconheceu em termos públicos. "Peço desculpa pela minha atitude irresponsável e desnecessária no lance do segundo cartão amarelo. São atitudes que não se podem repetir!", escreveu o internacional português na sua conta de uma qualquer rede social enquanto, ao mesmo tempo, Francisco José Marques publicava uma fotografia de um Ferrari vermelho – não o de Alan Ruiz, obviamente – atirando-se diretamente ao malandro do árbitro que, vindo do "extremo Sul" do país, expulsou Danilo como mandam as regras. É o que temos.
Na primeira quarta-feira de 2018 vamos todos ficar a saber se o problema deste lamentável Benfica é apenas um peculiar "quiproquó" com as quartas-feiras ou se, como parece mais razoável do ponto de vista científico, será mesmo um problema de uma outra dimensão. É também para estas coisas que servem os dérbis.
dia da semana.
Leonor Pinhão, in a Record
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