segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

“BTV É UMA FORÇA DE TRANSMISSÃO DE BENFIQUISMO”


CLUBE
O administrador executivo da SAD do Benfica fez o balanço destes 10 anos de um canal no qual poucos acreditavam, mas que “superou expetativas”.
No dia em que a BTV comemora a primeira década de vida, o administrador executivo da SAD do Benfica, Domingos Soares de Oliveira, faz o balanço destes 10 anos de um projeto pioneiro no qual nem todos acreditavam, mas que “superou expetativas”. Para o futuro, admite, ainda há “muitos desafios”.
Uma contratação eterna
“Creio que sim. É uma contratação quase eterna, ou seja, a BTV vai durar na vida do Benfica enquanto o Benfica existir. Os jogadores são importantes do ponto de vista dos resultados imediatos no relvado, mas a BTV é muito importante na afirmação do benfiquismo, não apenas atual, mas para as gerações futuras. As crianças hoje reveem-se na BTV, gostam dos conteúdos e essas crianças dentro de algum tempo serão adultos e continuarão a acompanhar o seu canal de uma forma apaixonada. Portanto, claramente é uma contratação para o benfiquismo.”
Um projeto que superou expetativas
“Na altura existiram muitas dúvidas. Chegou a ponderar-se a possibilidade de fazer um canal que transmitisse durante apenas 6 horas por dia porque não existia essa experiência. Todos os outros casos que conhecíamos, a nível internacional, de canais de clubes, não tinham a amplitude e a grandeza da BTV. Quando falávamos com outras pessoas que tinham experiência neste setor, todas nos disseram: ‘É impossível. Vocês vão falhar. Já houve outras experiências e não o conseguiram fazer’. E, no entanto, à medida que fomos avançando e compreendendo aquilo que eram os anseios dos Benfiquistas, conseguimos perceber que seria um canal de sucesso. Entre 2005 e 2008 fomos vencendo um conjunto de barreiras, fomos escolhendo os parceiros certos, fomos recrutando as pessoas certas, e em 2008 avançámos para o projeto. Se hoje me perguntar se o projeto corresponde àquilo que sonhámos há 10 anos, eu acho que superou aquilo que eram as nossas expetativas. Hoje é claramente um canal de sucesso e temos orgulho nisso.”
Exemplos europeus
“Aquilo que vimos nesses canais – e eu recordo-me de ter ido a Inglaterra, Itália, e falei com vários responsáveis de canais de televisão de clubes – é que eles tinham uma orientação quase monolítica do ponto de vista do desporto e, por outro lado, apostavam muito em transmissões e retransmissões dos jogos das camadas jovens porque não tinham acesso ao conteúdo principal. Quando vimos o que esses canais faziam e o número de adesões que tinham, não me recordo de nenhum que tivesse chegado aos 100 mil subscritores. O que nós dissemos foi: temos a possibilidade de ir mais longe, de fazer entrar o Benfica na casa dos Benfiquistas. Apostámos num formato de conteúdos diferentes, apostámos nas Casas do Benfica – que era uma coisa que nos outros canais não se fazia – apostando em programas de debate, que era uma coisa que não se fazia nos outros canais, que viviam muito se retransmissões. Graças a isso, conseguimos ir ganhando um espaço do ponto de vista de espectadores que depois se veio a refletir quando passou a ser um canal pago a termos ultrapassado a barreira dos 300 mil subscritores quando os nossos concorrentes europeus não chegavam sequer a 100 mil.”
Os números
“Os números [de subscritores] deixaram de ser controlados por nós, são controlados pelas quatro operadoras que distribuem a BTV. Nós recebemos alguns dados, creio que já não estaremos na barreira dos 300 mil ou mais, mas estamos próximos dos 250 mil subscritores.”
As primeiras dificuldades
“Foi mais do pessimismo nacional. Do ponto de vista dos operadores, nós falámos nessa altura com dois, com a PT – que era o nosso principal patrocinador – e com a Cabovisão. No caso da PT foi muito importante porque aproveitámos um momento de crescimento da empresa e a PT praticamente não tinha subscritores da sua nova plataforma de televisão. Creio que quando arrancámos tinha 50 mil subscritores. Fizemos uma oferta inicial em exclusivo com a PT, na altura com o canal MEO, e os números foram impressionantes. Ao fim de pouco tempo, eles chegaram ao milhão de clientes e o que os responsáveis da PT me diziam na altura era que cada vez que faziam uma campanha com a BTV, o número de subscrições da MEO aumentava três vezes. Claramente, foi uma aposta ganha por nós, ganha pela PT que apostou em nós. Sem o apoio dos responsáveis da PT nessa altura, não teríamos tido o sucesso que tivemos.”
Benfica-Nápoles: o teste
“Esse foi um teste sugerido pela própria PT. Disseram-nos: ‘tentem fazer uma coisa completamente diferente com este jogo’, porque era um jogo que não estava abrangido pelos acordos que existem a nível da UEFA, portanto nós tínhamos a oportunidade de comercializar. Achámos a ideia um bocado louca, mas avançámos com as dúvidas naturais, e a verdade é que esse jogo foi um sucesso e esse sucesso deu-nos as garantias relativamente a tudo aquilo que viria a ser o futuro. Foi um momento único no panorama dos canais desportivos portugueses.”
10 de dezembro de 2008
“Esse foi um dia simbólico. Fizemos um almoço no nosso restaurante em que estavam os principais players do audiovisual, alguns deles ainda muito céticos. As mesmas pessoas que hoje demonstram muito respeito pelo Benfica e pelo crescimento que tivemos.”
Riqueza humana
“Não temos os meios financeiros de um canal rico, mas diria que temos os meios humanos do canal mais rico que existe neste País. O que eu sinto nas nossas pessoas, conhecendo a realidade de outros canais, é que há um compromisso fortíssimo das pessoas que trabalham na BTV relativamente àquilo que é a qualidade do canal. Os investimentos que fizemos na BTV sempre foram controlados, com transmissões de elevadíssima qualidade, mas a grande riqueza é claramente das pessoas.”
Mais de 1 milhão de lares em Portugal
“A emissão da BTV, no seu todo, esteve disponível em 12 países em simultâneo. Ultrapassámos largamente um milhão de lares que conseguíamos atingir em Portugal se considerássemos todos estes países onde chegámos. Os nossos jogos chegaram a mais de 130 países. Portanto, entre as emissões da BTV e os jogos do Benfica, tivemos uma expansão internacional que nem a Sport TV – que sempre foi um canal de referência do ponto de vista desportivo – teve. A força da nossa equipa comercial fez com que o nosso canal conseguisse chegar a locais onde a Liga Portuguesa não chegava.”
De Benfica TV para BTV
“Equacionámos fazer esta transformação porque, à medida que os conteúdos internacionais iam entrando na nossa grelha, sentimos que por parte dos espectadores que não eram benfiquistas, o nome Benfica fazia-lhes alguma confusão. Entendemos que do ponto de vista de progressão e de marca, uma marca mais simplificada teria maior aceitação no mercado até em termos internacionais. Decidimos fazer essa alteração e os resultados são bons.”
O futuro
“Vivemos muito daquilo que são os nossos ídolos: os jogadores, atuais e antigos. Tenho visto tendências internacionais em que hoje há canais que vivem apenas de trabalhar a componente de bastidores de jogadores e ex-jogadores. Ou seja, a vida que vai para além do futebol, as vivências, as memórias. Deveremos trabalhar mais no sentido da maior exposição dos nossos atletas e ex-atletas que permite que as suas memórias fiquem registadas dentro da BTV.”
Venham mais 10
“O Benfica tem todas as condições para progredir muito como clube, mas esse desenvolvimento também dependerá do sucesso da BTV. A BTV é a nossa principal força do ponto de vista de transmissão do benfiquismo. A BTV é um projeto que não toca apenas a gerações atuais, mas também a futuras. Temos um projeto das Casas do Benfica que vai trabalhar esta evangelização do benfiquismo nos locais mais distantes de Lisboa. Nós hoje conseguimos ter uma cobertura tal do ponto de vista de transmissões que não é apenas das equipas seniores das principais modalidades, mas também das equipas femininas e dos escalões mais jovens. Esse é também um projeto vencedor dentro da BTV.”
Novidades
“Temos um desafio em 2019 que é assegurar, diante da NOS, que vamos continuar a transmitir os nossos jogos. O número de subscrições da BTV são importantes e acho que há uma coisa que é importante transmitir aos Benfiquistas: é verdade que o Benfica não beneficia diretamente da quantidade de subscritores que tem hoje e do aumento deles, mas quantos mais subscritores a BTV tiver, maior disponibilidade existe por parte dos operadores para que continuem a suportar a BTV no seu modelo atual. Existem desafios que vão ser colocados à BTV relativamente a esta centralização da venda de direitos, não acredito que comprometa as transmissões dentro da BTV, mas poderá ser um desafio na distribuição de verbas, podendo beneficiar o próprio Benfica. Há muitos desafios, a própria tecnologia vai evoluir, a forma como transmitimos hoje provavelmente será diferente no futuro.”
Um dos sonhos de Luís Filipe Vieira
“Ele é o nosso sonhador-mor. Muitas das coisas que hoje vemos realizadas foi ele que as pensou. No caso da BTV, ele teve o grande mérito de sempre acreditar no projeto. É o grande dinamizador do Benfica nestes últimos 15 anos e a BTV também lhe deve uma palavra de reconhecimento porque sem ele não seria possível hoje estarmos aqui.”

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