quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

GERIR COM INTELIGÊNCIA


A confiança que é preciso ter para se poder jogar quanto baste
O mais difícil já o Benfica tinha feito há uma semana: ganhar em Istambul, em casa do Galatasaray. Na Luz, de novo com uma equipa muito jovem, a equipa de Bruno Lage soube calmamente controlar os acontecimentos com bola e sem ela, numa gestão perfeita que deu um nulo que não foi bonito, mas foi inteligente
Rolaram as bolinhas e das bolinhas saiu o Galatasaray. Estávamos em dezembro, o Benfica de Rui Vitória em crise. O sorteio pareceu tudo menos simpático.
Mas em dois meses muita coisa mudou no Estádio da Luz. Vitória saiu, entrou Bruno Lage e desde aí que o Benfica só não ganhou nas meias-finais da Taça da Liga, frente ao FC Porto da maneira polémica como aconteceu.De resto, só vitórias e a liderança da liga a 1 pontos.
O Benfica de Lage, já percebemos todos, é outra equipa. Rápida no raciocínio, venenosa nas transições, lesta no aproveitamento do grande talento que pulula pelo plantel dos encarnados. E, de repente, o sorteio em que da bolinha saiu o Galatasaray pareceu um pouco mais simpático.
Que o Benfica tenha eliminado o Galatasaray e assim garantido a continuidade na Liga Europa, não parece surpresa por aí além. Quando os turcos jogaram frente ao FC Porto na Liga dos Campeões ficou a ideia de uma equipa com as suas limitações, Mas ainda assim, talvez ninguém esperasse que fosse desta maneira.
Que fosse assim limpinho. E com dois jogos com muitos não titulares em campo.
Depois da proeza que foi ganhar a Istambul por 2-1, Bruno Lage sabia que bastava evitar uma entrada forte do Galatasaray para segurar a eliminatória. A revolução no onze foi mais comedida, mas o treinador encarnado voltou a apostar em Florentino e Gedson a meio-campo e o Benfica nunca deixou de controlar, fosse com bola ou sem ela. Calmamente optou pela coesão e menos pelo fulgor, por aquilo que nos treinos se chama de “descanso ativo”, porque era preciso jogar estes 90 minutos, era preciso passar à ronda seguinte, mas também era necessário pensar no que vem por aí e o que vem por aí é duro para um Benfica a lutar pelo título.
E só uma equipa com muita confiança pode enfrentar uma 2.ª mão ainda não absolutamente definida assim, desta forma, sabendo precisamente o grau de quanto baste para ser feliz.
O jogo acabou com um nulo e ninguém gosta de nulos, mas o futebol também é feito de inteligência e Bruno Lage, ainda que adore ganhar, e ganhar por muitos, como já vimos, sabe que nem todos os jogos são para catrapilar - o que importava era dominar.
E por isso o jogo desta quinta-feira teve poucas oportunidades, porque o Benfica nem sempre esteve para isso, embora no arranque da 2.ª parte tenha tido caudal e oportunidades para avolumar ainda mais a vantagem que já trazia de Istambul. Aos 61’, João Félix terá tido nos pés o remate mais perigoso do Benfica, mas o pontapé saiu-lhe com muita força, após um desvio de Ferro num canto. A outra aconteceu logo aos 7 minutos, num lance rápido do Benfica, com Cervi a rematar ligeiramente ao lado depois de um passe de Pizzi.
Aliás, ao longo de boa parte do jogo ficou a sensação que sempre que imprimia um pouco mais de velocidade, o Benfica deixava o Galatasaray em apuros. E que só não houve golos ou mais lances de perigo por simples gestão de esforço.
Quanto ao Galatasaray, teve bola, mas nunca foi uma equipa objetiva ou com grande criatividade, em mais uma noite com a dupla Rúben Dias/Ferro a nível superior.
Sexta-feira há sorteio e há muito tubarão a nadar nas águas da Liga Europa. Mas este Benfica parece pronto para tempestades mais fortes.

1 comentário:

  1. catrapilar, mais os três pontos, que seja contra o chaves :) Aí é que temos de ganhar. Hoje, era gerir. Bela análise.

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