sábado, 28 de dezembro de 2019

2019, UM ANO MAU PARA A ARBITRAGEM



"O ano de 2019 não foi bom para a arbitragem portuguesa e os dirigentes do sector devem ser os primeiros e reconhecê-lo. Não obstante a ajuda significativa da introdução das linhas de fora de jogo, a eficácia do VAR continua muito longe do que devia ser, com as culpas a caírem por inteiro em quem manuseia a tecnologia: neste caso, dá Deus nozes a quem não tem dentes...
Há casos (e não vou referir nenhum em particular para não introduzir as lentes desfocadas da clubite na questão...) em que não havendo nenhuma boa explicação para a conduta do VAR, a única solução passará por afastar quem se mostra tão incapaz de desempenhar a função. E essa coragem, ainda não deu à costa no Conselho de Arbitragem. Poder-se-á pensar que uma sanção tão radical não será justa nem adequada, mas quando se constata que, em muitos jogos da Liga portuguesa, o profissional mais bem pago dentro das quatro linhas é o árbitro, a exigência tem de estar presente.
Enquanto as discussões sobre arbitragem estiverem focadas em cada árvore (erro) e não na floresta (causa), dificilmente se progredirá. O debate, por fazer no espaço público, deverá abordar temas como a carreira específica de VAR, e quem a ela deverá poder candidatar-se; a forma de recrutamento, para evitar a quantidade exorbitante de árbitros de aviário, sem nenhum sensibilidade para o jogo, que não percebem; e a transparência, que está em falta, nomeadamente quanto às classificações dos árbitros.
Há, pois, muito por fazer por um sector que às vezes dá a ideia de que, à boa maneira dos lusitanos, não se ajuda nem se deixa ajudar..."

José Manuel Delgado, in A Bola

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