sábado, 8 de agosto de 2020

UMA VEZ DE CADA VEZ. DEZ JOGOS. CEM TAÇAS.MIL JORNADAS


 "1. A solenizada sessão de apresentação do técnico Jorge Jesus no início da semana constituiu um imprescindível sinal de proactividade e de energia de que o Benfica estava absolutamente necessitado para, sem mais demoras, poder reconstruir e a reafirmar todo o seu poder próprio, primeiro, no contexto desportivo nacional.
2. O acto realizava-se oportunamente no 'day after' do inacreditável descalabro de uma época demasiado triste; para não a considerar, até, como uma extensa temporada repleta de incidências e contornos inesperados, incompreensíveis e obscuros, no fim da qual havíamos acabado por conceder outra aberrante dose (dupla) de precioso 'oxigénio' aos nossos competidores e - e por que não escrevê-lo com todas as letras - nossos inimigos letais, aos quais, mais uma vez por culpas próprias, generosamente acabávamos de salvar da morte certa.
3. Luís Filipe Vieira, também ele certamente perplexo com tudo o que tinha acontecido mas com a determinação que o caracteriza, voltara de novo, só ele, a ter de assumir inequivocamente o que tinha de ser feito. Como os Benfiquistas sempre exigem ao Presidente do Benfica.
4. E assim (mesmo desprezando alguns epifenómenos que, dadas as imprevistas circunstâncias do final de época, talvez já não tivesse sido possível evitar por razões técnicas - refiro-me, por exemplo, à teimosia interpretação monocromática do emblema, numa altura destas...), o Presidente soube tomar nas suas mãos as medidas verdadeiramente essenciais que se impunham, no sentido de encarrilhar a locomotiva e a formidável composição que dirige, para encetarmos de vez a grande Viagem que todos os Benfiquistas querem cumprir a breve prazo.
5. Foi o melhor que Luís Filipe Vieira podia e devia fazer. E, como na ocasião sinalizou o nosso treinador, cortar imediatamente com o passado imediato, só olhando agora muito fixamente para objectivos de um futuro próximo, adquiria o significado complementar de nos permitir imaginar o que há de vir a ser, consistentemente, o futuro de longo prazo para o Benfica.
6. Gostei da assertividade com que, deixando de parte descomedidas jactâncias de outrora, Jesus correspondeu aos reptos lançados pelo Presidente e por Rui Costa: para ter afirmado o que (e como) afirmou, é porque, acerca de recursos e disponibilidades que lhe terão sido garantidas, ele não só já saberia muito mais do que nós sabemos e que tem sido escrito e dito na praça pública durante as últimas semanas, como se sentiria completamente envolvido no projecto que lhe foi proposto e, ainda mais do que isso, se considerar bem seguro da sua capacidade em o liderar e de o cumprir com o seu staff, no plano competitivo.
7. Mas, sobretudo, gostei de ver o nosso treinador - agora em plena posse das suas acrescidas faculdades e sem ter de provar a alguém seja o que for - acentuar que nada se ganha sem a conjugação de todos os Benfiquistas em torno da equipa.
8. Fica aqui dito que, pela nossa parte, os Benfiquistas saberão cumprir esse desígnio. A própria circunstância da pré-campanha e das Eleições gerais do final de Outubro virá provar esse preponderante sentimento comum, que afinal nos caracteriza há mais de 116 anos.
9. Portanto, para já, fica a faltar o resto. Falta recomeçar a jogar e a ganhar. Depressa e muito: uma vez de cada vez; dez jogos; cem taças; mil jornadas, para resgatar a dignidade atlética e a justa imagem universal do Grande Benfica Campeão dos campeões e reduzir a nada impostores e falsas virgens.
10. Mas, por outro lado, agora mais do que nunca, não deixará de nos faltar também saber conciliar com muita perícia as novas exigências dessa renovada atitude competitiva, com a experiência infraestrutural, negocial e de gestão que nos fez chegar aonde estamos. Numa fase previsivelmente tão desafiante do país, da Europa e do mundo, diante de tantas dificuldades sociais e económicas que se desenham, precisamos de ser capazes de continuar a sustentar o mesmo registo imparável do poderoso desenvolvimento do Benfica.
11. Sem derivas, nem sobranceria. Com prudência. Com firmeza e muita competência. Sem nunca perder sentido dos inevitáveis ataques soezes dos nossos inimigos. E sempre a acumular mais títulos do que os nossos adversários. Todos juntos."
José Nuno Martins, in O Benfica

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