"Foi um FC Porto vs. SL Benfica emocionalmente morno, mas estrategicamente interessante. Jesus surpreendeu, mas Conceição conseguiu ajustar-se.
- Porto a apertar o Benfica nos corredores laterais à sua saída, colocando muita gente no lado da bola e tapando possíveis saídas com marcações individuais. Contudo, o Benfica conseguia rodar, sobretudo pelos centrais, e explorar o corredor contrário com combinações rápidas, principalmente a asa esquerda.
- Ao contrário do que tem acontecido com o Benfica dos últimos tempos, desta vez foram mais eficazes no seu jogo exterior. Para tal, foi estrategicamente importante a introdução de Nuno Tavares no onze: podia subir até ao último terço, para tirar partido da sua qualidade de cruzamento, sem grandes preocupações, pois Grimaldo estava na cobertura para uma eventual perda. De realçar que foi precisamente a partir dum cruzamento de Nuno Tavares que o Benfica chega ao golo.
- Outra das opções de saída do Benfica foi o jogo longo para Darwin e Seferovic, sendo que estes se sentem bem melhor no ataque à profundidade. Nestes lances, é de destacar a qualidade do passe de Vertonghen. Será que Jesus contava que Darwin ganhasse mais vezes no ar, quando foi solicitado? – fica a questão.
- Com bola, o Porto sentiu bastantes dificuldades para ligar jogo. Muitas situações com Marchesín obrigado a bater longo, à procura de Marega. Aqui, mais um ponto estratégico a destacar: a forma como Vertonghen conseguiu anular o maliano, pese embora Nuno Tavares também tenha ido lá cima disputar algumas bolas com o avançado portista (à passagem da meia hora de jogo, é possível ver Vertonghen a falar com Nuno Tavares e, rapidamente, o português deixa Marega para Vertonghen e cola-se a Corona). Nestas situações, o Benfica levou o encontro para um jogo de pares – Seferovic e Darwin com Mbemba e Pepe, Pizzi com Sérgio Oliveira, Vertonghen com Marega e Nuno Tavares com Corona são alguns dos exemplos. Também Weigl foi importante a encaixar na linha defensiva, dando superioridade numérica às águias.
- A jogar com menos um elemento, Sérgio Conceição optou por controlar a largura do Benfica e tentar sair em transição, ao encaixar Corona na sua linha recuada em organização defensiva, alterando o sistema para 5-3-1.
- Nesta fase do jogo, Benfica alargou o bloco do Porto e encontrou mais espaço por dentro, fazendo sentido a introdução de Cebolinha por parte de Jesus. Com o brasileiro a vir para dentro e a procurar ruturas entre na linha defensiva do Porto de Darwin e Seferovic, o Benfica arranjou outra forma de poder agredir os dragões.
Destaques individuais
Corona – num Porto com menos posse de bola (mesmo quando estava com 11), Corona nunca deixou de dar trabalho aos adversários. Menos exuberante que o normal, conseguiu entregar bem na maioria das vezes e ainda teve tempo para fazer uma assistência. No final, lembrou Galeno – foi-lhe pedido que fechasse o corredor esquerdo e ainda saísse bem para o contra-ataque.
Vertonghen – tal como referido anteriormente, foi sempre superior a Marega no ar. Além de anular o maliano, também foi importante na colocação de bolas longas para os avançados do Benfica, evitando que o jogo da sua equipa passasse pelo “campo de guerra” do corredor central, batido por Uribe e Sérgio Oliveira.
Weigl – tantas vezes Taarabt tenta o passe para a frente, e tantas vezes Weigl tenta o passe para o lado. Hoje, a estratégia foi feita à medida alemão, pois não podia perder bolas na sua zona e tinha de fazer com que o esférico chegasse com qualidade e velocidade aos corredores (sobretudo o contrário). Ainda acrescentou no ar, quando baixava para defender para o meio dos centrais."
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