quarta-feira, 5 de maio de 2021

CADOMBLÉ DO VATA

 


"Desde que me lembro, a final da Taça de Portugal é disputada no Estádio do Jamor à tarde. Mesmo quando Carlos Manuel calou a birra do Pinto da Costa com uma chupeta a longa distância no Estádio das Antas, o sol brilhava forte no céu. Até há 1 ano, as únicas coisas que impediam a prata da Taça Rainha de reluzir brilhante debaixo dos raios solares eram uma incomodas nuvens primaveris que pudessem ter o desplante de comparecer à festa.
Na temporada passada, no meio de medidas sanitárias extraordinárias que deixaram o Estádio Nacional fora do epílogo da temporada, atirou-se com o Clássico para Coimbra a umas tardias 20h45. Na presente temporada, sem restrições que impeçam a utilização do histórico palco-mor da refrega que fecha a época futebolistica nacional, agendou-se novamente a partida para o Municipal Conimbricense e acrescentaram-se mais 15 minutos à hora do pontapé inicial.
Os caciques da bola portuguesa não nutrem qualquer grama de paixão pela modalidade. Olham para a final da Taça de Portugal como se fosse mais um episódio de uma novela com chancela Globo, que se vê entre duas colheradas de sopa ao jantar e uns olhares de esguelha para a sequência de emails onde discutem mais um negócio com avultadas comissões. Vibram tão pouco com o fenômeno que lhes mete a sopa na mesa, que dão prioridade horária à Floribela no Domingão da SIC, sobre o jogo que milhões aguardam com desmedida expectativa.
Por serem meros profissionais da indústria, desconhecem as caracteristicas sensações de estômago farto de borboletas e garganta exclusivamente aberta a líquidos alcoólicos, que fazem os 90 minutos de "rola-a-bola" de um adepto. Por não viverem o clubismo, olvidam as dificuldades inerentes a manter activas toda uma panóplia de superstições pré jogo que a meio da tarde já encontram sérios obstáculos à sua sobrevivência. Em Inglaterra os adeptos acabaram com a Superliga. Em Portugal os adeptos apoiam estes canalhas."

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