"Felizmente existe, hoje em dia, a possibilidade de recurso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que, lá em Estrasburgo, ignoram a importância de Pintos e de Costas e fazem cumprir as regras básicas do direito à opinião.
Durante três ou quatro anos, caminhei pacientemente para os tribunais de Gaia e do Bolhão porque o presidente do FC Porto não gostava que eu escrevesse sobre ele que usava uma linguagem chocarreira (segundo ele, chocarreiro vem de chocalho e faz lembrar cabras) e muito menos que o considerasse o campeão dos arguidos do futebol português. Eram tempos em que os seus sequazes em vez de deitarem as mãos aos fagotes de um câmara da CMTV, preferiam tentar atropelar fotógrafos, como aconteceu com José do Carmo, do Jornal de Notícias, ou telefonar-me a meio da noite com ameaças tão terríveis que eram mais para fazer rir do que para levar a sério. O homem era inimputável, como ainda hoje é.
O juiz do tribunal de Gaia, um fedelho sem qualificação sequer para juiz de linha, quando mais de Direito, dava azo à sua subserviência, lambuzando o homem de cima abaixo, tratando-o obsequiosamente por Senhor Presidente, como se o mamífero sentado no lugar de assistente estivesse apenas dois centímetros abaixo de Deus. Foi sem surpresa e sem choque que me vi condenado em todos esses processos, tanto na primeira instância como na Relação.
O tal rei da ironia, que se repete em larachas deprimentes e teve o descaramento de mentir em tribunal com os poucos dentes que ainda lhe sobram, mete medo, muito medo, a estes magistrados de trazer por casa, geralmente amarrados pela trela do poder, seja ele político ou até, popularmente, do pontapé na xinxa.
Felizmente existe, hoje em dia, a possibilidade de recurso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que, lá em Estrasburgo, ignoram a importância de Pintos e de Costas e fazem cumprir as regras básicas do direito à opinião. O campeão dos arguidos foi derrotado em toda a linha, mais pilhéria menos pilhéria, e ficou a saber que há mundo para lá do Bolhão e da Madalena. Pena que por cá não haja quem o ponha no seu lugar: de cócoras."
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