quinta-feira, 21 de outubro de 2021

AOS 70 MINUTOS TUDO DESMORONOU



 Quem vê resultado não vê exibição

Ombro a ombro, o Benfica discutiu ferreamente o jogo com o Bayern no Estádio da Luz, até que os bávaros inauguraram o marcador aos 70'. A ponta final gerou um ingrato e amargo 0-4 na 3.ª jornada do grupo E da Liga dos Campeões.
Com forte atitude competitiva, estratégia e inteligência tática, o Benfica fez frente ao possante Bayern, discutiu ferreamente o jogo (com oportunidades de golo) na 3.ª jornada do grupo E da Liga dos Campeões. De livre direto, os bávaros ganharam vantagem aos 70' e marcariam mais três golos nos últimos 10 minutos. Um desfecho (0-4) que acaba por ser pesado e ingrato para as águias, pela resposta dada até ao 0-1. O esforço dos atletas e a qualidade exibicional foram reconhecidos pelos adeptos no final.
Envolvida por uma atmosfera efervescente, de apoio, no Estádio da Luz (55 201 espectadores), a equipa do Benfica entrou na partida com o fato tático mais utilizado nesta temporada, o 3x4x3, moldável ao que o jogo pedia nos momentos defensivos (5x3x2). Da baliza para o ataque, Jorge Jesus compôs o onze com Odysseas, Lucas Veríssimo, Otamendi, Vertonghen, André Almeida, Weigl, João Mário, Grimaldo, Rafa, Darwin e Yaremchuk. Tal como anunciara na véspera do encontro, o treinador das águias armou uma equipa "para a frente", onde encaixou o rapidíssimo Rafa, já restabelecido de um problema físico que o importunara nas últimas semanas.
Nada cerimonioso, o Bayern depressa pôs à prova a concentração, a eficácia e a tenacidade da estratégia do Benfica, que passava assumidamente por uma competente organização defensiva. Enérgicos, os jogadores do conjunto bávaro acercaram-se da grande área encarnada pela primeira vez ao minuto 5, numa fuga de Sané pela esquerda, com remate cruzado para fora. Mais ameaçadora foi a jogada gizada por Coman na esquerda, ao minuto 9, para cabeceamento de Lewandowski, com Odysseas a sacudir para o lado.
O duelo estava intenso, vivo, dinâmico, tinha os condimentos especiais de um encontro de Liga dos Campeões. Do lado do Benfica também havia velocidade, e muita, para contrapor e soltar na direção da baliza protegida por Neuer. Rafa, ao minuto 13, rasgou pela faixa direita, centrou em busca de finalizador, Yaremchuk (que chocou com Darwin à entrada da pequena área) apenas conseguiu tocar de raspão no esférico. Volvidos dois minutos, o primeiro canto da partida, e para o Benfica. Era (mais) um indicador sobre a disposição do coletivo encarnado.
Dominador na posse de bola, o Bayern projetou-se no espaço ofensivo para infiltrar as suas unidades mais cortantes, como sucedeu ao minuto 29 com Coman, pela esquerda da área, de onde disparou para intervenção firme de Odysseas.
Os holofotes viraram-se para a baliza da equipa de Munique aos 33'. Um passe longo de Lucas Veríssimo foi o propulsor de uma ofensiva perigosíssima. Darwin acelerou, encarou Süle, puxou para dentro, criou uma linha de remate e chutou com potência. Voou Neuer, evitando o golo com uma defesa monumental. Que oportunidade de golo para o Benfica!
A cinco minutos do encerramento da etapa inicial, depois de Sané ter assustado num remate de pé esquerdo, André Almeida teve de ser substituído. Do banco de suplentes para o terreno de jogo saltou Diogo Gonçalves.
Compacto, valente, rijo nos duelos, o Benfica contrariava e dava troco ao poderoso Bayern, passando inevitavelmente por sobressaltos como aquele que, ao minuto 42, terminou com a bola no interior da baliza de Odysseas. O golo não contou, o último toque na bola foi dado pelo braço esquerdo de Lewandowski.
Os minutos iniciais da segunda parte mostraram um Bayern ainda mais agressivo nos últimos 20 metros. Num desses lances, Pavard, sobre a direita da área, ficou com a bola à mercê para a finalização. Com uma defesa de categoria, Odysseas desviou o esférico, que ainda embateu no poste direito (47'). A pressão da equipa alemã deu origem a novo golo anulado, a Müller, por fora de jogo de Coman, aos 52'.
Num período do desafio em que conseguiu ter mais tempo e qualidade com bola, a equipa benfiquista poderia ter marcado aos 55', mas Neuer voltou a ser superior na baliza, estirando-se e sustendo um tiro de Diogo Gonçalves.
Aos 57', potenciando uma jogada de laboratório, o Benfica gerou um cruzamento para cabeceamento de Lucas Veríssimo que fez estremecer o Bayern, que esteve perto de ser golpeado aos 68', quando Yaremchuk venceu o despique com Upamecano, embalou pela direita e, já na área, com ângulo para visar o golo, rematou cruzado, para fora. Mais uma soberana oportunidade de golo para o Benfica!
Não marcou, sofreu... Apontando outra vez o seu poder de fogo às redes encarnadas, o Bayern faturou. Sané, aos 70', foi imparável na execução de um livre direto à entrada da grande área (0-1).
A desvantagem tangencial não tirou ambição ao Benfica, que procurou reagir e teve Everton no lugar de Yaremchuk a partir dos 76'. Todavia, quem tirou frutos da partida foi o Bayern. Uma aceleração do recém-entrado Gnabry pela ala direita, seguida de cruzamento, culminou num autogolo de Everton (0-2 aos 80').
De uma assentada, Jorge Jesus promoveu três modificações aos 81': saíram João Mário, Darwin e Rafa, entraram Taarabt, Gonçalo Ramos e Pizzi. A ganhar por duas bolas de diferença, o Bayern não abrandou, repetiu combinações a alta velocidade e, aproveitando uma certa quebra anímica das águias, apontou mais dois golos, por Lewandowski (82') e Sané (84'), desenhando um resultado desnivelado (0-4) que não reflete a grandeza da réplica proporcionada pelo Benfica.
O Benfica mantém-se com quatro pontos ao cabo de três jornadas, na segunda posição do grupo E (com mais um ponto do que o Barcelona e menos cinco do que o Bayern).

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