domingo, 20 de fevereiro de 2022

O PISA E A LITERACIA FÍSICA



 "Os estudos internacionais desenvolvidos a partir de questionários são cada vez mais numerosos e abrangem diferentes domínios. Os da educação dizem respeito a diversos níveis de ensino (da educação básica à universidade) e também aos adultos não escolarizados. Várias revistas e obras especializadas fazem eco destes estudos, insistindo sobre os seus objetivos, os métodos utilizados e os seus resultados.

O Programme for International Student Assessment (PISA), conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e que incide tradicionalmente sobre a leitura, as ciências e a matemática, e mais recentemente inclui a resolução colaborativa de problemas e a literacia financeira, o Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), que abrange a matemática e a física, e o Progress in International Reading Literacy Study (PIRLS), que incide sobre a leitura, ambos realizados pela International Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA), são, certamente, os mais conhecidos e tornaram-se uma referência para a governação nos campos da educação e da formação. Dado que todos estes estudos se centram essencialmente na avaliação dos alunos, foram designados pelo acrónimo ILSAs, que significa International Large-Scale Assessments.
Vários documentos e bases de dados, de acesso livre, podem ser encontrados(as) na Internet e, ao longo dos anos, todos eles se dotaram de recursos humanos, metodológicos e tecnológicos importantes.
Nas perguntas realizadas aos alunos participantes no PISA, com 15 anos de idade, existe algumas sobre a atividade física (escolar e extra-escolar). Damos um exemplo: em média, quantos dias, por semana, frequenta as aulas de educação física? Comparando 2015 e 2018, dois ciclos do PISA, o gráfico seguinte revela que a média dos países da OCDE é, maioritariamente, de dois dias. Em 2015, os países da OCDE apresentavam uma percentagem de 40%, descendo para 18%, em 2018. No caso português, a percentagem foi de 81%, em 2015, não havendo valores percentuais para 2018.
Várias críticas são feitas ao PISA (Teodoro, 2022). Lemos (2014), por exemplo, agrupou-as em nove: diferenças culturais, tradução dos itens, processo de amostragem, indiferença pelos currículos nacionais, distorção das políticas educativas, design transversal, funcionamento diferencial dos itens e a modelação de escalas, efeitos dos rankings nos sistemas educativos, influência e dominação da OCDE. Eu acrescentaria uma outra crítica, que é o privilegiar-se demasiado os três domínios principais (leitura, matemática e ciências), em detrimento de outras, não menos relevantes, como a literacia física."

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