"Nas horas que as televisões enchem como chouriços antes de começar um jogo importante de futebol, um pé de microfone ouviu uma “adepta” exemplar proclamar a sua motivação para a Supertaça: “vamos ganhar, somos o terror dos benfiquistas”.
Ao fim de 40 anos de alienação através de uma política secessionista de obscurantismo desportivo, o ganhar “contra tudo e contra todos” que não passava de motivação para crescer acima do corpo perante adversários gigantescos, evoluiu para um estado inaceitável de arrogância e abuso, que, na dimensão da ordem desportiva, se assemelha ao terrorismo de Estado, sustentado pelo assédio, pela ameaça e pela impunidade de uma “rassa” que se declara superior.
Sérgio Conceição sublimou todos os “heróis” que o antecederam, uns mais explícitos, outros mais platónicos, para empunhar a bandeira da revolta, da diferença, da região, da “nação”, construindo a sua história de justiceiro implacável em sucessivas batalhas trágico-cómicas que poderiam perpetuá-lo como o maior rezingão do reino da bola.
Ele é o Achmed dos estádios, o homem-bomba aterrorizante, de olhos arregalados a fulminar árbitros, adversários e jornalistas com um “I’ll kill you” que nos faria fugir a sete pés se, primeiro, não nos fizesse desfalecer de riso.
A 24.ª expulsão e os momentos hilariantes que o descontrolado líder proporcionou ao país e ao mundo, enquanto o chão lhe fugia debaixo dos pés no meio de um “grupo de trabalho” sem referências de desportivismo, oferece, no entanto, uma soberana oportunidade de arejar este ambiente de violência e podridão. A solução é simples.
Basta aplicar a Sérgio Conceição e ao FC Porto os critérios disciplinares da UEFA, em cujas competições o terror dos bancos se comporta habitualmente como angélico menino de coro, porque a sua bipolaridade é facilmente controlável por uma tabela rigorosa de multas e suspensões, sem recurso a fármacos, mas também sem direito a aldrabices legais.
Com o seu último episódio de demonstração de carácter, Conceição deu ao futebol português uma soberana oportunidade de repor, para sempre, uma velha lei da convivência social portuguesa que devia constar à entrada de cada estádio: “reservado o direito de admissão”.
Não estará previsto nos regulamentos que um treinador seja reincidente 24 vezes em comportamento indecoroso nem, muito menos, a agravante de ser necessário chamar gorilas para lhe fazer respeitar uma ordem da autoridade. Pelo que, para problemas excepcionais, soluções excepcionais: os órgãos federativos de justiça têm agora a oportunidade única de enfrentar o problema do “bullying” desportivo que tem minado a convivência e dividido o país.
Tenho a certeza de que as pessoas normais aplaudirão um castigo exemplar e definitivo - que ele merece como resposta profissional a estes frequentes pedidos de ajuda psicológica que parecem estar, afinal, por trás das suas cenas canalhas."
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