"Por circunstâncias do destino, em apenas 15 dias estive no estádio do Notts County, da 4.ª divisão inglesa, e no S. Luis de Faro, onde se disputa a nossa 1.ª. Enquanto português, o contraste de condições foi embaraçoso. Amanhã, o Benfica jogará num estádio ainda pior, contra uma equipa de uma cidade ainda mais pequena, com ainda menos adeptos.
Qualquer clube inglês é capaz de encher o Wembley. Na liga espanhola vamos representações de grandes cidades e regiões, com população e massa crítica própria. Mesmo nos Países Baixos ou na Bélgica, os estádios estão cheios. É melhor nem falar da Alemanha, e da sua fantástica Bundesliga 2.
Cerca de 95% dos portugueses são do Benfica, Sporting ou FC Porto. São eles que pagam o circo (palavras de CR7). São também estes clubes (aos quais podemos juntar o SC Braga) que pontuam nos rankings, prestigiam o país, geram riqueza, e formam quase todos os jogadores nacionais de alto, médio e baixo nível.
Desviar as receitas televisivas será retirar competitividade internacional ao nosso futebol, e roubar os verdadeiros e únicos adeptos em benefício de plataformas de circulação de dinheiro estrangeiro, muitas vezes de origem duvidosa.
Não se trata de solidariedade entre ricos e pobres. Não estamos a falar de pessoas, mas, sim, de entidades anódinas, sem massa crítica, sem história, por vezes até sem estádio. Nem sequer servem de palco a jovens jogadores portugueses - obrigados a emigrar.
Se se pretende equilíbrio e competividade, o caminho é óbvio: colocar toda essa gente na 2.ª divisão. Como o futebol é autorregulado, e os perus não votam a favor do Natal, o problema é bicudo.
A haver intervenção do poder político, obrigar a reduzir o número de clubes seria, essa, sim, uma decisão de governantes que soubessem o que é, e o que devia ser, o futebol português."
Luís Fialho, in O Benfica
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