O Benfica venceu nesta terça-feira, 12 de dezembro, o Salzburgo por 1-3 e alcançou a vitória pela margem de dois golos de que necessitava para rumar ao play-off de Liga Europa. Nos descontos, Arthur Cabral, de calcanhar, sentenciou o resultado que a equipa de Roger Schmidt nunca desistiu de procurar e fez por merecer.
Desde o apito inicial, o Benfica circulou a bola com rapidez e de forma segura para fugir à pressão do Salzburgo, conseguindo colocar os homens da frente em posição de criarem desequilíbrios. E o primeiro aviso foi dado aos 13'. Na insistência, João Neves ganhou a bola no meio-campo dos austríacos e colocou-a em Tengstedt, que isolou Rafa. Este acelerou e, só com Schlager pela frente, rematou por cima.
A oportunidade desperdiçada pelo camisola 27 deu ainda mais alento às águias, que cercaram a área contrária recorrendo à receita que o adversário deixou de conseguir aplicar: pressão alta e agressividade nos duelos. Aos 19', uma excelente combinação ao primeiro toque entre Di María e Tengstedt culminou com o dinamarquês em carreira de tiro, valendo ao Salzburgo um corte in extremis de Pavlovic, em carrinho.
Três minutos volvidos, Nene acorreu a um passe de Gloukh por cima da muralha defensiva das águias, mas, em boa posição, não acertou bem na bola, que seguiu devagar até às mãos de Trubin.
Ligado à corrente no lado direito, Di María continuou a abrir o livro e, aos 31', esteve perto do golo. Numa jogada bem trabalhada por João Neves e Rafa, a bola ficou com o argentino, cujo cruzamento em arco passou muito perto do poste.
No entanto, o camisola 11 não demorou muito a afinar a mira. Na sequência de um pontapé de canto ganho por Tengstedt, Di María assinou um momento mágico e inaugurou o marcador, aos 32', colocando a bola diretamente na baliza de Schlager. Foi, assim, de canto direto que o campeão do mundo marcou o seu primeiro golo pelo Benfica na Liga dos Campeões.
Galvanizado pelo 0-1, o Benfica continuou à procura do golo que o lançava para a Liga Europa e os anfitriões encontraram duas raras brechas na defesa encarnada para criarem perigo. Na primeira, aos 40', Otamendi, primeiro, e Trubin, depois, travaram remates de Ratkov, e, aos 44', foi o guarda-redes ucraniano a opor-se de forma segura a um remate de Nene.
O bom futebol e a audácia da equipa comandada por Roger Schmidt acabaram recompensados aos 45'+1'. Num dos inúmeros duelos que ganhou no meio-campo do Salzburgo, João Neves foi ao chão, mas, ainda assim, conseguiu fazer o endosso e desmarcar Di María no lado direito. Este fez um passe a solicitar a velocidade de Rafa, que se antecipou aos centrais do Salzburgo e rematou cruzado e colocado para o 0-2. Uma vantagem justa face ao caudal ofensivo apresentado pelas águias.
Logo no regresso dos balneários, Roger Schmidt refrescou o ataque, lançando Musa para o lugar de Tengstedt. Mantendo a toada dominadora da primeira parte, o Benfica reentrou bem no jogo e, aos 48', criou uma boa oportunidade para o 0-3. Di María encontrou João Mário solto na área, e o cruzamento do médio, que tinha Musa como destinatário, acabou intercetado por Baidoo.
Aos 49' e 52', Kökcü e Di María tentaram a sua sorte com remates de longe que saíram por cima do alvo, lances que precederam um momento que poderia ter marcado a história do encontro. Segundos após ter tentado o golo, Di María voltou às funções de assistente e cruzou da direita para Rafa, que, na pequena área e com Schlager pela frente, rematou contra o guardião do Salzburgo.
E cinco minutos foram suficientes para o Benfica passar de uma posição em que podia ter arrumado as contas para a momentânea eliminação, com Sucic, aos 57', a reduzir para 1-2, num remate de longe que ainda sofreu um ligeiro desvio em Tomás Araújo antes de entrar na baliza.
O golo contra a corrente do jogo não abalou a confiança dos encarnados, cuja resposta foi avassaladora. Logo aos 62', Di María voltou a marcar um pontapé de canto bem chegado à baliza, e um desvio subtil de Otamendi levou a bola a embater na parte exterior do poste.
Aos 69', um minuto após Guedes ter rendido Kökcü, os ferros voltaram a atravessar-se no caminho das águias. Imparável, Di María partiu os rins a Sucic e rematou em arco ao poste esquerdo da baliza.
Autor de uma exibição de grande categoria na sua estreia a titular em 2023/24 e na Liga dos Campeões, Tomás Araújo ganhou a bola em antecipação a Koita, aos 75', e encontrou Morato no lado esquerdo. Este cruzou com conta, peso e medida para o coração da área, onde Rafa, em boa posição, rematou por cima.
Na jogada seguinte, o campeão austríaco ainda festejou o 2-2, mas o árbitro auxiliar invalidou o golo após o remate de Sucic ter sido desviado por Koita, que estava plantado em posição irregular. Sem acusar a aproximação do adversário, o Benfica voltou a criar perigo, aos 77', pelos suspeitos do costume: com um grande passe, Di María isolou Rafa, este rodou sobre Pavlovic, mas não conseguiu superiorizar-se no um contra um frente a Schlager.
Sempre a carregar, num jogo cujo sentido único se acentuou, o Benfica voltou a ficar perto do 1-3 aos 81', quando Musa desviou para fora um cruzamento de Di María. Dois minutos volvidos, João Neves irrompeu em slalom pelo lado direito, entrou na área e caiu no duelo com Gourna-Douath, com o árbitro a não vislumbrar motivos para grande penalidade. Na sequência da jogada, a bola voltou aos pés do jovem médio, que disparou forte ligeiramente por cima.
Na reposta a um contra-ataque do Salzburgo, culminado com um remate de Fernando ao lado, aos 89' o campeão nacional desenhou uma bela jogada coletiva: a bola passou por Rafa, Guedes e Di María até chegar a Aursnes, cujo cruzamento rasteiro foi sacudido por Schlager para fora da área.
Determinado a reforçar a presença na área para o assalto final, Roger Schmidt trocou João Mário por Arthur Cabral, e o reforço para 2023/24 teve um impacto imediato. Mostrando toda a sua visão de jogo, João Neves fez um passe fabuloso a solicitar a desmarcação de Aursnes. Este, vindo do lado direito, recebeu a bola na área e cruzou de primeira para Arthur Cabral, que, num belíssimo remate de calcanhar, fez o 1-3. Um grande momento de futebol que deu justiça ao marcador e fixou o Benfica no 3.º lugar do Grupo D à boleia do terceiro critério de desempate: os golos marcados.
Antes do apito final, Florentino entrou para o lugar de Rafa (90'+4') e ainda existiram duas boas oportunidades em ambas as balizas. Aos 90'+5', Koita aproveitou um ressalto e rematou ao lado da baliza de Trubin, e, um minuto volvido, foi Di María a rematar em arco para defesa apertada de Schlager. O último acorde de uma orquestra afinada que reinou na terra natal de Mozart.
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