"Rafa é sempre o melhor em campo para os adeptos. Não há volta a dar. É um avançado, está sempre envolvido em oportunidades de golo e, nos intervalos de um ou outro momento verdeiramente inolvidável, e tem-nos pelo menos um por época, a sua velocidade deixa rasto difícil de esquecer por parte de quem assiste.
Também os treinadores se rendem às evidências: preferem ter em campo até ao limite dos limites alguém que pode decidir em qualquer jogada, mesmo que o momento não seja favorável ou a exibição não aponte para aí. Um dia vai acontecer, valerá a pena e tudo fará sentido. Não o fará é na maior parte das vezes.
Com 82 golos e 59 assistências em 301 jogos pelos encarnados, Rafa tem uma ação decisiva a cada 2,13 encontros. Não é mau, porém está longe de ser brilhante. Sobretudo, se olharmos para o que falha. E não só golos. São as assistências, o penúltimo passe e até a simples tabela. Coisas fáceis, inexplicáveis para alguém com tanta influência.
Rafa é, no futebol, um pouco o que é na vida. Um rebelde sem causa. Ninguém percebe porque decide daquela maneira ou qual a causa do seu protesto. Os colegas entendem-no e isso parece bastar-lhe no mundo em que vive. Se lhe chegará no pós-Benfica é outra questão para a qual, para já, não há resposta. Isto se, no último momento, não colocar em xeque toda a lógica e assinar um novo contrato. Porque é o Rafa e é tudo possível. Mesmo que nada o faça prever e, na realidade, seja de todo inesperado.
Rafa não estaria por cá se fizesse melhores passes, tomasse melhores decisões ou marcasse mais golos, todavia os grandes portugueses também deveriam privilegiar jogadores com um QI futebolístico diferente, que os aproxime dos maiores da Europa. Porque é aí que está a diferença: os melhores são os que falham menos. Não os que correm mais."
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