"Parece que há quem queira trazer uma novidade ao jogo: o cartão azul. Para quê?
O International Board parece querer introduzir um novo cartão no futebol: o cartão azul, contra as faltas antidesportivas, as simulações e as faltas de respeito com os árbitros. O jogador que vir um cartão azul terá de sair do terreno de jogo durante 10 minutos, voltando depois para evitar outro destes ou um amarelo, porque ambos os casos resultariam na sua expulsão.
O objetivo, depreende-se, seria desincentivar as faltas que têm como único objetivo travar um adversário (e não chegar à bola), as tentativas de ‘sacar’ faltas e os excessos contra os árbitros em campo. Ora, se não estou enganada, já há maneira de o fazer: com cartões amarelos e vermelhos.
Os testes ao cartão azul têm resultado bem nas camadas jovens em Inglaterra, dizem. Não seria, por acaso, o país que escolheria para testar esta inovação. Quando penso em faltas antidesportivas, simulações e faltas de respeito contra os árbitros, vem-me à cabeça, assim de repente, pelo menos uma Liga que seria um real teste à eficácia desta nova ideia. Mas acreditemos nessa premissa.
Desde 1970 que o futebol tem sobrevivido com os dois cartões inspirados no semáforo: amarelo como penalização mais leve, mas que não pode ser repetida, vermelho para os casos mais graves. Do que tenho visto, tem corrido bem. Não no sentido de terem acabado todas as faltas deste género, simulações e excessos, claro, mas porque continuamos todos a gostar muito deste jogo. Para quê mexer?
Sim, há sempre alguma resistência quando se muda algo tão sagrado como o futebol. Continuamos a vê-lo com o VAR, por muito que a tecnologia queira ajudar a tornar o jogo mais justo. Também em Inglaterra, esta semana, admitiu-se que as partidas estão a parar demasiado tempo e que isso proporciona uma má experiência aos adeptos no estádio. Que era, recorde-se, o principal receio dos tais ‘resistentes’ à mudança. Algo terá agora de mudar, dizem.
Mas voltemos ao cartão azul. Compreende-se alguma preocupação por quem tem de ‘cuidar’ do futebol. As novas gerações não gostam de 90 minutos a olhar para um ecrã. Ou melhor, só gostam se tiverem outro ecrã no meio. Mas tenho grandes dúvidas que a solução esteja num jogador ir 10 minutos para o banco, a não ser que estejamos a assumir que tudo fica mais interessante quando uma equipa está com menos um em campo e a outra tem assim mais hipóteses de tornar o jogo mais mexido.
Ora, da última vez que vi, os programas com maior audiência do ano na televisão portuguesa eram todos ou quase todos jogos de futebol. A malta queixa-se, está tudo muito mal, ai aquele simula, o outro insultou alguém e é feio e tal, mas deem-lhes mais bola em sinal aberto e é vê-los a todos em frente ao ecrã.
Mesmo com os seus desafios e defeitos, este jogo ainda é o mais bonito do mundo. E, às vezes, o polícia no cruzamento só atrapalha o trânsito, quando o semáforo até bastava.
P.S. Entretanto, a FIFA já veio colocar água na fervura, garantindo que estes relatos são «incorretos e prematuros»."
Sem comentários:
Enviar um comentário