domingo, 18 de fevereiro de 2024

SEGUNDAS LINHAS EM ALTA ROTAÇÃO




Quando se conheceram as escolhas de Roger Schmidt para o onze titular frente ao Vizela, o universo benfiquista ficou supreendido e dividido. Uma parte entendeu como boa a decisão de gerir o plantel e de dar folga a jogadores já com muitos quilómetros nas pernas, mas outra achou que era correr riscos demasiados, sobretudo por não ter Kokçu e Florentino por estarem a cumprir castigo e ainda lhes juntar António Silva, Aursnes, Di María e Arthur Cabral.
Mais de meia equipa habitual ficava de fora e, na primeiro quarto de hora do jogo, quando o Vizela mantinha firme a sua organização defensiva, com linhas muito fechadas e o Benfica sentia sérias dificuldades em penetrar, pairou, na Luz, a ideia de que as coisas poderiam mesmo correr mal. Bastaria, porém, um quarto de hora de vendaval atacante e de total aproveitamento da desorientação vizelense para o Benfica fazer três golos fulminantes e resolver, assim, o problema do resultado, acabando, desde logo, com a inquietação dos céticos e confirmando a razão da escolha do treinador alemão.
Quando o Benfica, já nos descontos para o intervalo, chegou aos 5-0, percebia-se que estava escrita a história do jogo. Ninguém haveria de exigir mais da equipa e todos aceitariam com uma compreensiva tolerância que o Benfica fizesse, como, realmente, fez, uma segunda parte em velocidade de cruzeiro, economizando energia e poupando, pelo caminho, outros jogadores, como Rafa ou João Neves, que têm sido nucleares na equipa.
DAVID NERES - UM CASO BICUDO
Ao intervalo, as mais de cinquenta e seis mil pessoas que vestiam as bancadas do estádio da Luz, rejubilavam. Raramente a equipa os premiara com tal avalanche de golos e com um futebol festivo, eficaz, até glamoroso. Procurava-se, obviamente, a razão de tal dádiva e muitos chegariam à conclusão de que, finalmente, o Benfica tinha encontrado velocidade nas alas, com Neres na direita e com Tiago Gouveia na esquerda. Neres tornar-se-ia aliás num caso bicudo. Marcou dois golos, ofereceu outros dois e construiu, assim, a convicção generalizada de que é um crime ter tão poucos minutos e não ser mais utilizado por Roger Schmidt.
Claro que é mais fácil chegar a essa conclusão do que decidir quem sairia para Neres entrar, mas não deixa de ser uma questão que vai estar na ordem do dia. Mas Neres não foi o único que aproveitou a sua oportunidade e a verdade é que o Benfica beneficiou, e muito, de ter tido em campo tantos jogadores com fome de bola e que marcaram o jogo de um ritmo invulgarmente intenso para o habitual futebol que se vê na Luz. o ganho das poupanças
Roger Schmidt teve indiscutível sucesso na sua opção de risco. Pôs a render, e com elevado lucro, as suas poupanças e tirou muitas vantagens. Poupou esforço a muitos dos seus jogadores mais utilizados, deu ritmo e confiança aos substitutos que estiveram à altura da responsabilidade, tornou evidente que tem muitas soluções para poder gerir melhor esta fase de grande densidade de jogos e fez diminuir sobre si a ideia que muitos têm de que é um treinador pouco ousado e demasiado conservador na opção da diferença. Toda a história do jogo se conta, como é notório, pela primeira parte avassaladora do Benfica. Depois disso, houve um Vizela em jogo, beneficiando do adormecimento do adversário. Um Vizela que ainda lutou pelo impossível.

1 comentário:

  1. Convirá também não esquecer (porque não vejo uma alusão a isso no texto) que Neres esteve ausente por lesão prolongada, vários meses. Voltou a treinar há cerca de 6 semanas.

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